Este mês de abril trazemos-te como sugestão 1899, a série dos criadores de Dark, que nos dá a volta à cabeça e nos apaixona. Os oito episódios estrearam na Netflix, em novembro de 2022, e consideramo-los imperdíveis, apesar de a série ter sido cancelada.
O que estas personagens vindas de todo o mundo não esperavam era perderem-se a um nível tão profundo, não apenas espacial, mas também mental. 1899 traz até nós a história de um grupo de viajantes que embarca rumo a Nova Iorque e atravessa o Oceano Atlântico na esperança de aí começar uma nova vida. Rapidamente, estranhos acontecimentos começam a abalar esta viagem, dificultando a chegada ao destino, o que é motivo de pânico geral. Tanto o comandante, Eyk Larsen (Andreas Pietschmann), como a tripulação e os passageiros tentam então desvendar o mistério por trás destes obstáculos. Cada um de nós, como espectador que inevitavelmente mergulhou a fundo neste universo, acaba por criar as suas próprias teorias. Será que vão conseguir desvendar o mistério e chegar ao destino a salvo?
Como já deves ter percebido, esta série faz-nos chegar diversidade a vários níveis. Além do já mencionado contraste cultural, com pessoas de vários países da Europa e Ásia, este também se verifica ao nível da classe social. Há uma divisão bastante drástica que só vem reforçar as suas diferenças: os passageiros mais pobres viajam no porão e trabalham no barco para que este possa continuar a locomover-se, já os ricos têm direito a todos os luxos, desde o tipo de comida ao conforto do quarto, e viajam na parte superior da embarcação. Maura Franklin (Emily Beecham) tem a sorte de estar neste último grupo, assumindo o papel de protagonista, juntamente com Eyk Larsen.
1899 está recheada de mistério, mas também de personagens muito diferentes entre si que deixam o telespectador a querer saber mais sobre elas. Maura Franklin é uma mulher independente, com uma mentalidade progressista para a época em que se encontra e é em torno dela que a história se desenvolve. No leque de personalidades que se fazem destacar está: o português José Pimentão com o seu Ramiro; o Ángel de Miguel Bernardeau; a Ling Yi interpretada por Isabella Wei; os irmãos Krester (Lucas Lynggaard Tønnesen) e Tove (Clara Rosager), como exemplos da classe mais baixa; e o misterioso Daniel Solance, de Aneurin Barnard, todas elas com histórias e personalidades muito interessantes, que não vamos aqui enumerar, para poderes ser tão surpreendido como nós fomos. Todas elas embarcaram no navio com um objetivo: fugir ao passado. Mas que passado é este? Será que vamos descobrir?
Visto que as personagens vêm de partes do mundo diferentes, indo desde Portugal, passando pela Alemanha e chegando ao continente asiático, e a rodagem ter tido lugar durante a pandemia, foi necessário criar uma tecnologia que permitisse substituir as deslocações por cenários interiores que conseguissem captar a autenticidade dos cenários reais e foi aí que surgiu o “Volume”, uma tecnologia de vanguarda que permite a projeção de imagens reais pré-gravadas em grandes ecrãs côncavos, dando a ilusão de se estar perante uma verdadeira paisagem. Podes descobrir mais sobre esta tecnologia nas nossas entrevistas aos criadores e a parte do elenco. Esta tecnologia permitiu um maior realismo que seria impossível de atingir com meros “ecrãs verdes”.