Avatar: The Last Airbender é provavelmente uma das melhores séries de animação dos anos 2000, do mundo ocidental, que foi feita a pensar não só em crianças, mas também em adultos.
Decorria o ano de 2005, fenómenos como Spongebob Square Pants e Ben Ten tinham levantado voo, e os diretores criativos da Nickelodeon deram luz verde a um projeto do diretor e animador Michael Dante DiMartino que se acabaria por tornar num ícone para os miúdos dessa geração, mas não só.
Não sou de todo o miúdo que assistiu à animação Avatar: The Last Airbender a ver Nickelodeon pela TV por cabo, em horário após escola. Quando foi emitido em Portugal em 2006 já era bem maior de idade e nem sabia da existência dele. Acabou por ser a internet a dar-me conhecimento desta fabulosa série mais tarde e dar-lhe o devido reconhecimento. Sim, é animação. Sim, é com claras referências asiáticas. Sim, foi feito pela Nickelodeon para miúdos, mas mesmo assim…
Avatar: The Last Airbender é uma viagem mágica entre três povos, entre três civilizações, entre três religiões, entre três modos de ver a vida, mas é muito, muito mais. É uma viagem espiritual de um miúdo que foge com medo das suas responsabilidades e mergulha o mundo no caos. É uma história de amor, de equilíbrio mental e não só e, no entanto, é uma animação. Talvez seja esta a beleza da série. A leveza com que pega em alguns tópicos e os explica aos mais novos, explorando-os com pormenores de riqueza visual excecional para os adultos mais atentos.
Com inspirações épicas como cidades supostamente “invencíveis” quase rasgadas das páginas do Senhor dos Anéis, à manipulação de seres vivos por controlar os músculos, que se fosse com varinha teriam de ser um feitiço de Harry Potter, a série é uma fusão de culturas e tipos de animação. Claramente seguindo os estilos visuais do Studio Ghibli e usando os princípios dos quatro elementos representados em quase todas as maiores religiões mundiais, especialmente orientais, o universo criado para esta série criou um nicho que nem o próprio estúdio que o criou estava à espera.
A viagem de Aang, o miúdo que fugiu de ser o Avatar e ficou congelado por 100 anos e mergulhou o mundo em caos, para aprender a dominar os três elementos que lhe faltam, Água, Terra e Fogo (o nome de cada capítulo e, consecutivamente, de cada temporada), é das histórias mais bem conseguidas sobre um “salvador”, sem que tenha um efeito Deus Ex-Machina. O que ele e os seus amigos aprendem sobre os povos onde passam e os amigos (e inimigos) que arranjam e o que descobrem sobre os poderes de “bending” fazem desta série uma série fora do normal e embora já com mais de 20 anos de idade, continua atual e refrescante.
O desenvolvimento de personagens é extremamente bem feito, mesmo quando se fala dos inevitáveis momentos cómicos (afinal, miúdos, certo?). Todos os protagonistas crescem, alguns muito mais do que se espera, outros bem além do que se acharia.
Há momentos para todos os gostos, da comédia aos sustos (moderados), de momentos tensos de batalhas quase vitais para milhares a momentos ternos entre irmãos ou interesses amorosos. E… couves. Muitas Couves (é uma piada recorrente em todas as temporadas)!
Lendas, espiritualidades, um mundo novo, um plano aparte de todos os outros. É diferente de tudo o que se fazia na altura e ainda hoje é diferente de muito do que existe.
E no fim? Bem, digamos que depois de Aang, a proverbial tocha é passada, como foi ao longo por milhares de anos, e a nova Avatar chama-se Korra… e já tem uma Lenda e o seu próprio spin-off, The Legend of Korra, de 2012.
Agora que a Netflix anunciou um live-action da série, porque não ver o original e o seu spin-off, que estão disponíveis na totalidade no catálogo da Netflix e da SkyShowtime?