Não, não se trata de um mensagem do Presidente dos Estados Unidos, State of the Union é uma série britânica transmitida pelo canal americano SundanceTV (anteriormente Sundance Channel), com argumento de Nick Hornby, o autor do livro About a Boy, e realizada por Stephen Frears (A Very English Scandal).
State of the Union tem algumas características que a distinguem das demais séries: os episódios são curtos (entre 9 e 11 minutos); o elenco é pequeno, sendo basicamente constituído por dois elementos; e a ação passa-se quase exclusivamente dentro de um pub.
Nunca tinha visto uma série em formato de curta e não foi propriamente a sinopse o principal motivo para a querer ver, mas sim Rosamund Pike. Não vou começar aqui uma dissertação sobre o quanto a acho uma atriz maravilhosa, mas tornei-me uma enorme fã do seu trabalho desde que a vi em Gone Girl (Em Parte Incerta) e fazia figas para que viesse a integrar o elenco de uma série. Desejo concedido! State of the Union ficou na minha lista de espera e o verão é sempre uma boa altura para ver uma série nova, portanto lá comecei.
Os dez episódios devoram-se num instante. Não só porque na totalidade perfazem a duração de um filme pequeno, mas porque a série se revela viciante. No centro da trama temos um casal, Louise e Tom (interpretados por Pike e Chris O’Dowd), que está a passar por dificuldades no casamento. Assim sendo, decidiram fazer terapia conjugal e, antes de cada sessão, encontram-se num pub para beberem um copo de vinho branco e uma cerveja enquanto falam sobre o seu relacionamento e também sobre algumas questões como o Brexit.
Louise e Tom são credíveis como casal e os seus personagens são interessantes, cada um com as suas peculiaridades, e fazem rir. A série está vários níveis acima da maioria das comédias americanas que usam piadas forçadas e recorrem a situações ridículas para tentar criar gargalhadas, muitas vezes sem sucesso, e apoia-se então no carisma dos seus protagonistas para nos divertir. Posso dizer-vos que foram bem sucedidos. Não me ri como uma perdida, mas State of the Union é verdadeiramente engraçada de uma forma natural.
Achei especial piada a dois momentos em que Tom e Louise falam da troça que ele faz de duas coisas de que ela gosta muito: a série Call the Midwife e livros policiais de autores escandinavos. Bem, eu adoro Call the Midwife e também não resisto aos policiais de Camilla Läckberg, portanto senti-me especialmente visada. É muito bom quando nos conseguimos identificar com o que se está a passar na televisão e foi o que me aconteceu. Outro dos momentos altos foi uma conversa entre os dois que fazia uma comparação ao facto de eles terem feito sexo ao fim de muito tempo àquilo que deverá ser o sexo depois de alguém sair da prisão. Nunca tinha pensado nisso, mas já tenho feito divagações igualmente parvas relacionadas com a vida prisional à conta de Orange Is the New Black.
A série despede-se (não faço ideia se irá haver uma 2.ª temporada com um novo casal) com dois episódios especialmente bons que elevam a série a um patamar de grande qualidade. Tom e Louise nunca pareceram um casal condenado a não resultar. Havia questões com que tiveram de lidar, mas o amor estava lá e, depois de tantos episódios a vê-los chegar ao pub à vez, foi muito fofo que tenham entrado juntos. Houve direito a um “I love you” e a uma segunda rodada de bebidas. Nenhuma destas coisas tinha acontecido antes.
Nota muito positiva para esta série, que recomendo vivamente.