Precisamos de Falar Sobre… a 2.ª temporada de Jessica Jones
| 21 Mar, 2018

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[Contém spoilers]

Quem quer ser um super-herói?

Nunca fui grande fã de heróis de banda desenhada, quer fossem da Marvel ou da DC. Gostei moderadamente dos dois primeiros filmes do Spider-Man e também do Dark Knight, do Batman, mas nunca me senti especialmente atraída pelo universo dos poderes. No entanto, havia qualquer coisa em Jessica Jones que me parecia diferente, isto ainda antes de começar a ver a série. Quando a vi, confirmei que para mim havia realmente algo que distinguia JJ, enquanto personagem e enquanto série, dos demais produtos do género.

No entanto, quando terminei a 1.ª temporada, perguntei-me se Jessica Jones não seria o tipo de série em relação à qual acusaria cansaço muito rapidamente, como me aconteceu com Sense8. Terminada a maratona da 2.ª temporada (em quatro dias, há que frisar!), sinto-me segura em dizer que a série vai continuar na minha lista, sem qualquer sombra de dúvida. Não é daquelas que me deixa doida de ansiedade entre temporadas, mas os episódios passam rápido, não dou por mim à espera que terminem, como me acontece com outras séries.

Posso dizer que gostei mais da temporada de estreia do que desta. A primeira foi acerca de Jessica a lidar com os seus próprios demónios e acho que nesta se pode dizer que se tratou de Jessica a lidar com os demónios dos outros. Mais ou menos. Se a personagem principal da série é acusada de inúmeros defeitos, a verdade é que ela tem o coração no sítio certo e, mais do que qualquer outra das pessoas que a rodeia, acaba sempre por fazer aquilo que deve ou aquilo que é mais humano. Estranho para alguém amargo e que tenta levar uma vida sem ligações aos outros tanto quanto possível, não? De qualquer das formas, pode-se censurar-lhe alguns dos defeitos depois do que passou? Quer dizer, ela sobreviveu a um acidente que lhe matou a família e passou anos a culpar-se por isso, depois foi entregue aos cuidados de uma mãe adotiva abusiva, perdeu o namorado e voltou a ver-se basicamente sem ninguém… Ah, e lembram-se do Kilgrave? Também há isso, aquela que é, provavelmente, uma das experiências mais traumáticas de sempre. Bem, e esses defeitos são apenas mais uma capa de defesa do que qualquer outra coisa, porque Jessica preocupa-se genuinamente.

É certo que Jessica tem poderes fixes, como a capacidade de poder dar uma coça a qualquer pessoa, mas eu não os queria, mesmo que dessem jeito nalgumas alturas. Nesta temporada, temos muito mais noção de que o mundo sabe da existência de super-heróis e, como acontece com tudo o que é ‘diferente’, eles são marginalizados por muitos, encarados como aberrações. No entanto, são também admirados por outros, claro. Uma parte importante da temporada está relacionada com Trish. Eu gosto muito da personagem, mas confesso que não gostei do caminho que seguiu. Passou o tempo todo a querer ser alguém que não é. Primeiro, invejou Griffin e desejou ser aquilo que ele era e depois andou obcecada em tornar-se uma heroína para poder ajudar as pessoas. Eu acho que são só desculpas, porque é possível ser-se herói sem poderes. A verdade é que Trish se sente inferior a Jessica porque não tem poderes e, ao mesmo tempo, se sente superior porque acha que poderia ser a heroína que talvez Jessica não seja. Não podia. Pelo menos, não neste momento. Não acho que Trish tenha o coração no sítio certo. Jessica pode não ser a heroína típica, mas eu não lhe mudava nada. A forma como ela lidou com toda a situação de a mãe estar viva… foi tão melhor pessoa e tão mais humana do que eu teria sido capaz!

E o que é que dava a Trish o direito de matar a mãe de Jessica? Trish desenvolveu um complexo de heroína, mas não age de acordo com as suas pretensões heroicas. Nesta temporada deu-me também a sensação de que ela precisou sempre de se agarrar a algo como antes se agarrava às drogas. Primeiro, ao inalador de Simpson, depois à sua própria obsessão, que quase lhe custou a vida. Trish não é má, mas também acho que está longe de ser verdadeiramente boa e as suas motivações não me convenceram. Malcolm é outro de quem também gosto, mas que me desiludiu bastante. Parece também sempre muito focado em fazer a coisa certa, mas no final a coisa muda de figura.

Quem continua a ser consistente é Jeri. Não gosto nada dela, mas é uma personagem interessante, intrigante e que gosto de ver no ecrã. É aquilo que é, alguém que faz o que é melhor para ela sem se preocupar com os outros, mas que não é totalmente destituída de um resquício de humanidade. Temos de procurar bem fundo para o encontrar, mas está lá. Ainda pensei, no início da temporada, que, face ao seu diagnóstico, ela ia procurar a IGH para a ‘curar’ e que isso resultaria na sua transformação em alguém com poderes, mas não fomos tão longe. Estou curiosa em relação ao que lhe vai acontecer!

Fico contente que a história da mãe de Jessica tenha terminado, pois não me agradou especialmente, embora também ache que não tenha sido nada mal conduzida. Não sei bem o que esperar da próxima temporada, que ainda está tão distante, só quero que continue a suscitar-me o mesmo interesse destas duas. Como desejos, tenho a pedir que Trish volte a atinar e a ser a pessoa que ‘guia’ Jessica. Foi estranho ver a inversão dos papéis na amizade delas, mas acho que as coisas não podem ficar assim entre estas ‘irmãs’. Elas foram demasiado importantes uma para a outra durante muito tempo para que seja o fim.

Krysten Ritter continuou genial a dar vida àquela que não só se tornou rapidamente a minha heroína preferida, mas também uma das minhas personagens favoritas do mundo das séries.

Diana Sampaio

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