Porque é que alguém havia de inventar algo perigoso capaz de alterar o passado de formas inacreditáveis? O conceito de Timeless é verdadeiramente fascinante, mas também assustador. Embora não seja a maior fã de ficção científica, o fenómeno das viagens no tempo não me é de todo estranho, mais que não seja à custa de Once Upon a Time e uns quantos filmes.
É sempre divertido assistir às infinitas possibilidades que se colocam quando se ‘brinca’ com o passado, mas não me apanhavam numa dessas! É claro que seria certamente fantástico viajar até 1945 e ver o mundo festejar o fim da mais sangrenta guerra da história, viajar à Inglaterra do século XVI e percorrer a corte dos Tudor ou até fazer uma visita aos anos 80, que o meu irmão insiste ser a melhor década de todas (mas não é, claramente a de ’90 é superior!). No entanto, por muito fascinante que viver esses momentos pudesse ser, eu passaria o tempo aterrorizada com a perspetiva de que isso viesse a mudar o presente. Por isso mesmo acho que Wyatt, Lucy e Rufus são malucos por terem concordado viajar no tempo. E admira-me sempre a tamanha facilidade com que as pessoas, nas séries, acreditam em coisas totalmente inacreditáveis tão rapidamente. Se me levassem a outra época eu iria pensar que estava num cenário muito bem representado, não iria acreditar que estava a visitar o passado. Chamem-me cética!
Timeless entra a matar, com grandes repercussões no presente, logo no primeiro episódio, para Lucy. Confesso que esta questão de a irmã dela nunca ter nascido (e a mãe estar viva neste novo presente) foi bem jogada e deixou-me curiosa, embora tenha alimentado ainda mais a minha convicção do quão má ideia é interferir com o passado.
Do ponto de vista dos momentos históricos visitados, a série podia ter sido bem melhor, mas sendo uma produção americana é claro que viajámos a épocas-chave do país e a acontecimentos que a nós europeus (principalmente jovens) não dizem muito. Mesmo o episódio sobre um evento da Segunda Guerra Mundial não foi chamativo o suficiente. O melhor daí foi mesmo quando Ian Fleming, o autor de James Bond, flirtou com Lucy. Aliás, Lucy fez sucesso com muitos homens e como muitos deles eram heróis pessoais da historiadora foram momentos ligeiramente à fan girl e que muito me divertiram. Como meus preferidos, destaco o episódio piloto, sobre o desastre do Hinderburg, e outro, mais a meio da temporada, sobre Bonnie e Clyde, sendo que este foi, de longe, aquele de que mais gostei.
Nada original foi o vilão que queria salvar a família morta às mãos de uma organização muito mais tirânica do que ele e intitulada Rittenhouse. Um dos nossos heróis também queria recuperar a mulher morta (tal como acontece em Ministério do Tempo) e outro tem uma ligação desconhecida a algo de muito mau. Tem que haver sempre um enredo deste género para captar a atenção, embora não tenha sido isso a captar a minha. Numa série que não é brilhante mas que entretém, o melhor é a ligação criada entre os personagens principais, as pequenas piadas feitas no passado e que só eles é que percebem e o facto de, a cada episódio, haver sempre a perspetiva de algo novo. É claro que a série segue sempre o mesmo modelo, mas cada episódio representa uma nova época e obriga a um guarda-roupa específico, é como um novo começo.
O final de temporada deixou-me curiosa e a pensar que poderia haver uma espécie de ligação ao futuro. Pelo menos, quando Jiya estava a ter aquele ‘colapso’ foi essa a sensação com que fiquei. Mas viajaram quatro pessoas naquela nave e só uma é que ficou afetada. Os protagonistas safam-se sempre! O que significará aquela ‘visão’ de Jiya? Que algo de terrível vai acontecer? Que algo de terrível já aconteceu? E quando é que o presente vai voltar a ser o que era antes de terem decidido começar todos a brincar às viagens no tempo? O mais certo é que a série seja cancelada e que fiquemos sem respostas, mas esta não é daquelas séries em que o que mais interessa é conhecer o fim, é daquelas em que se aprecia a viagem. Se houver um fim, ainda melhor, mas o mais provável é não haver.
Foi bom rever Abigail Spencer, que já conhecia de Rectify, e ver que Matt Lanter é capaz de agarrar papéis bem mais interessantes do que o seu de Liam em 90210. Ele não teria sido a minha primeira escolha para o papel de Wyatt, mas admito que não se saiu nada mal. Os convidados especiais que deram vida a personagens como Ernest Hemingway e Al Capone também trouxeram uma dinâmica engraçada à série. Que venha agora a confirmação do cancelamento ou uma surpreendente renovação!