Já por duas vezes, a primeira há mais de quatro anos e a segunda há mais de um, demos a conhecer atores e atrizes das séries que fizeram participações em vídeo-clips. Contudo, há muitos mais para além daqueles que já aqui foram apresentados. Alguns não serão surpresa para ninguém, mas estamos certos de que outros poderão ser uma verdadeira surpresa. [Os vídeos podem ser vistos nas hiperligações]
Aaron Paul em Thoughtless, dos Korn: Esta música é saída do 5.º álbum da banda americana e mostra-nos o ator de Breaking Bad no papel de uma vítima de bullying no liceu. Thoughtless é acerca de “pessoas que são constantemente ridicularizadas e os danos colaterais que pode causar”, tal como dito pelo vocalista da banda, Jonathan Howsmon Davis. Antes da versão do vídeo que aqui se pode ver, o primeiro conceito foi pensado de forma diferente, mais violenta, com a vítima de bullying a entrar no baile de finalistas e a disparar sobre todos. Todos nós sabemos que este é um tema sensível e vimos algo do género acontecer recentemente em 13 Reasons Why, com Tyler a querer entrar na escola com uma arma para se vingar dos abusos sofridos às mãos dos atletas e de outros no liceu.
Aubrey Plaza em Hollywood Forever Cemetery Sings, de Father John Misty: O nascido Joshua Michael Tillman escolheu o nome artístico Father John Misty, sob o qual editou quatro álbuns, que junta a vários outros lançados como J. Tillman. É precisamente em Fear Fun, o primeiro desses quatros, que podemos encontrar Hollywood Forever Cemetery Sings, cujo vídeo é protagonizado por Aubrey, conhecida sobretudo por Parks and Recreation e Legion.
Carla Gugino e Keri Russell em Always, dos Bon Jovi: Esta música podia nunca ter visto a luz do dia, não fosse um acaso. Inicialmente, o plano era que fizesse parte da banda sonora de Romeo Is Bleeding (1993), mas diz-se que a banda não gostou do filme e que decidiu não disponibilizar a música aos produtores. Always acabou por ficar esquecida e só quando um amigo de Jon Bon Jovi a descobriu é que surgiu a ideia de regravar a música e de a incluir no álbum Cross Road. Lançada em 1994, esta balada conta com Carla Gugino (Wayward Pines) e Keri Russell (The Americans) no vídeo que lhe dá vida.
Coy Stewart, Don Cheadle, Luis Gúzman, Nolan Gould e Matthew Modine em 1-800-273-8255, de Logic, Alessia Cara e Khalid: Para quem conhece o vídeo, não é difícil encontrar o tema central, que nos conta a história de um rapaz que se sente sozinho no mundo e se debate com a aceitação da sua sexualidade. O título da música é precisamente o número de telefone da Linha de Prevenção do Suicídio nos Estados Unidos (NSPL). A letra pretende demonstrar o que sente alguém que está a ponderar retirar a própria vida. A ideia para este single surgiu quando Logic andava em tournée e conviveu com muitos fãs, sendo que alguns deles lhe confessaram que as músicas do artista lhes salvaram a vida. Logic nunca tinha feito música a pensar que poderia ter esse impacto na vida dos outros, mas aquilo alertou-o para o facto de que, como artista, tem uma voz que realmente é ouvida e que podia fazer algo nesse sentido, o que parece ter resultado. Nas três semanas que se seguiram ao lançamento da música, as chamadas para o NSPL aumentaram mais de 20% e as visitas no site de apoio aumentaram em cem mil. Quanto ao vídeo, para mim é impossível vê-lo sem ficar com os braços arrepiados. Nenhum miúdo devia sentir-se assim, sem ninguém, nunca. Houve um final feliz neste caso, mas há muitas vidas que se perdem e o suicídio adolescente é um tema que aqui teve a atenção que merecia.
Dianna Agron e Chris Messina em I’m Not the Only One, de Sam Smith: Esta música e este vídeo são acerca da infidelidade. O vídeo fala por si, ao mostrar-nos um homem que tem uma amante enquanto a mulher lida com isso. Bem sabe que ele a trai, mas, ao final do dia, quando o tem em casa, age como se não tivesse qualquer conhecimento disso. A música faz parte do álbum In the Lonely Hour, de 2014, e conta com Dianna Agron (Glee) e Chris Messina (The Mindy Project) como casal protagonista.
Evan Rachel Wood e Jamie Bell em Wake Me Up When September Ends, dos Green Day: O tema principal desta música é a perda e foi escrito por Billie Joe Armstrong, o vocalista dos Green Day, em homenagem ao pai, que morrera de cancro em 1982, quando o cantor tinha apenas dez anos. O single foi lançado em junho de 2005 e tornou-se simbólico, tendo ficado associado ao Furacão Katrina, que ocorreu nesse mesmo verão, e funcionou também como uma espécie de dedicatória às vítimas do 11 de setembro. O vídeo foi realizado por Samuel Bayer, que queria fazer algo diferente e que fosse uma espécie de mini-filme. Nele conhecemos então um casal – interpretado pela estrela de Westworld e pelo ator de Turn – que faz juras de ficar junto para sempre, até que o rapaz decide alistar-se no exército, deixando a namorada para trás. Eu sei que muitas pessoas encaram a ida para a guerra como algo heroico, mas eu acho que a guerra é sobretudo uma forma de separar famílias e casais e de acabar precocemente com vidas que ainda tinham muito por viver. Alguns meios de comunicação conservadores consideraram este vídeo como uma “exploração da guerra para propósitos de entretenimento”, mas não é suposto que a música, bem como as outras formas de arte, explore a realidade?
Gaten Matarazzo em Swish Swish, de Katy Perry com Nicky Minaj: O jovem ator que dá vida a Dustin Henderson em Stranger Things aparece no vídeo da música Swish Swish, que faz parte do quinto álbum de Katy Perry, Witness. Usando metáforas relacionadas com basquetebol, pretende transmitir uma mensagem acerca de lutar contra bullies e ser capaz de prosperar apesar de às vezes parecer difícil. A crítica dividiu-se no que diz respeito a este vídeo, mas a verdade é que parece ter conquistado o público, tendo estado no top em vários países.
Jesse Williams em Tell Me You Love Me, de Demi Lovato: Não sou fã da cantora, mas gostei desta música assim que a ouvi e isso não está em nada relacionado com os belos olhos de Jesse Williams, que podemos ver no vídeo como o interesse amoroso de Demi. É a história de um casal que se ama, mas que está a lidar com ciúmes de parte a parte e cuja relação acaba por não funcionar. A artista confessou que a música, a sua favorita do álbum com o mesmo nome, é acerca “da vulnerabilidade de sair de uma relação muito séria” e da conceção errada de um dos versos de que “não se é ninguém até se ter alguém”, o que está também associado a “essa vulnerabilidade”.
Martin Henderson em Toxic, de Britney Spears: Longe de ser uma das minhas músicas preferidas dos meus tempos iniciais de adolescência, Toxic foi lançada num período em que Britney Spears ainda gozava de grande popularidade. O vídeo foi realizado por Joseph Kahn, que já tinha trabalhado com a artista em Stronger. A primeira abordagem sugerida por Britney para o clip envolvia uma agente secreta a tentar vingar-se de um ex-amante e a verdade é que o vídeo, nalguns aspetos, me dá uma certa vibe de Alias. Toxic fica para a história como o vídeo de Britney mais caro até à data, com o custo de um milhão de dólares.
Noah Centineo em Havana, de Camila Cabello e Young Thug: Depois de ter feito parte da banda Fifth Harmony, Camila Cabello lançou-se numa carreira a solo e lançou o seu primeiro álbum, do qual Havana é o single promocional. No vídeo, Noah Centineo, que assumiu o papel de Jesus na série The Fosters, depois da saída de Jake T. Austin, é o interesse amoroso da personagem interpretada pela artista. Havana é, sobretudo, uma homenagem às origens cubanas da cantora.
Norman Reedus em Gypsy Woman, de Hilary Duff: Aqui, tal como no vídeo acima, Havana, também temos a protagonista sentada no cinema a assistir a um filme que depois parece entrelaçar-se com a sua própria vida, de alguma forma. Contudo, Gypsy Woman, saído do álbum Dignity, o quinto da antiga estrela da Disney, conta com a presença de Norman Reedus, que dispensa apresentações graças ao seu papel em The Walking Dead. Os fãs do ator gostarão de saber o que ele andava a fazer antes do apocalipse zombie, mas a sonoridade desta música não é lá muito agradável, se me perguntarem.
Ryan Lee em Titanium, de David Guetta e Sia: Tudo aquilo em que David Guetta ‘toca’ parece tornar-se um sucesso e, para mim, Sia é daquelas cantoras que não tem uma música má, portanto era de esperar que Titanium resultasse bem. A crítica ‘aplaudiu’ o single e o público também; prova disso é o facto de ter integrado o top 10 em vários países da Europa e do Canadá. Ora, o vídeo é protagonizado pelo jovem Ryan Lee – que conhecemos da série Trophy Wife – no papel de um miúdo com poderes sobrenaturais. Algumas estações de rádio americanas deixaram de passar a música depois do tiroteio numa escola primária no Connecticut, justificando essa decisão com o facto de a letra incluir referências a armas. É irónico que num país com uma lei das armas tão liberal se deixem de passar músicas na rádio ou séries na televisão porque falam sobre… armas. A arte não mata pessoas, as armas sim.
Sophia Bush em Carried Away, dos Passion Pit: A banda americana lançou esta música no início de 2013. Parte de Gossamer, o segundo álbum dos Passion Pit, Carried Away foi escrita pelo vocalista Michael Angelakos, que protagoniza o vídeo juntamente com Sophia Bush. O clip mostra um casal constantemente envolvido em discussões e cuja relação se vai deteriorando, mas que se vê também em momentos de reconciliação, em que resolve as diferenças. Não é por acaso que o vídeo foi lançado a 14 de fevereiro, o Dia dos Namorados. Angelakos confessou que esta é a sua música favorita do álbum.
Taylor Kinney em You and I, de Lady Gaga: Gaga é uma daquelas artistas controversas que ou se odeia ou se adora e eu incluo-me no grupo dos que a adoram, embora não adore necessariamente tudo o que faz em termos musicais. You and I não é das minhas músicas preferidas da cantora, nem tampouco este vídeo é um dos meus favoritos, mas também não fica no pólo oposto. “O vídeo é bastante complexo na forma como a história é contada […] o que é a forma como o amor é”, confessou a cantora. O seu alter-ego como sereia é uma metáfora de que nem sempre as coisas resultam numa relação e que se trata de descobrirmos que “há algo mágico” no nosso interior. Outro dos objetivos do vídeo era demonstrar que cada pessoa não é uma só coisa, mas sim várias diferentes. No entanto, o mais importante é a ideia de que “quando se está longe de alguém que se ama, é tortura”, por isso a cantora quis que o vídeo fosse acerca dela a percorrer milhares de quilómetros para ir atrás do amor, aqui interpretado por Taylor Kinney.
Zooey Deschanel em She’s Got Issues, dos The Offspring: Tal como o vídeo mostra, esta é a história de uma mulher que transforma as coisas e as pessoas do seu dia dia em desenhos animados, através da sua imaginação. No entanto, a mensagem por detrás é a de que “hoje [sendo que a música foi lançada em 1999] todos têm problemas e que ninguém assume a responsabilidade porque o pai ou a mãe bebiam demais ou isso”, como referiu um dos músicos da banda, Dexter Holland.
Diana Sampaio