A Apple TV+ não tem um dos catálogos mais extensos do mundo das plataformas de streaming, mas não é difícil lá encontrar séries boas para ver, seja de drama, mistério ou comédia. Algumas delas são mesmo excelentes surpresas. Fica a conhecer melhor sete apostas que acho que te colarão ao ecrã.
Five Days at Memorial (minissérie)
Esta série tem um dos melhores pilotos que me lembro de ter visto, com uma dose enorme de tensão do início ao fim do episódio. Five Days at Memorial é a adaptação do livro homónimo, da autoria de Sheri Fink, e parte de acontecimentos reais que remontam à passagem do furacão Katrina por Nova Orleães. Nessa altura, o Memorial Medical Center foi seriamente afetado pelo furacão e, durante cinco dias, o staff e os pacientes ficaram presos no hospital, assolado pelas cheias, por um calor intenso e falhas energéticas que puseram em causa a sobrevivência de todos. A sempre extraordinária Vera Farmiga é um dos principais rostos do elenco, na pele de uma médica que é posteriormente investigada devido à morte de um elevado número de pacientes durante os cinco dias. A série, no geral, não é extraordinária como o seu episódio piloto, mas consegue mexer com as emoções e faz um excelente trabalho, por um lado, a colocar o espectador naquele local e a imaginar-se naquela situação e, por outro, a julgar as decisões tomadas. Deixa-nos a pensar e a querer discutir os acontecimentos, mas sem que possamos ter certezas de coisa alguma.
Lessons in Chemistry (minissérie)
Para mim, uma das melhores pérolas da Apple TV+, sem qualquer espécie de dúvida, e uma das melhores coisas que vi nos últimos tempos. Neste caso, a globalidade da série é bem melhor do que o seu episódio piloto. Também Lessons in Chemistry se baseia num livro, da autoria de Bonnie Garmus (Lições de Química, na edição portuguesa). A trama centra-se numa jovem mulher altamente qualificada que não consegue um trabalho ao nível das suas capacidades, retratando a extremamente desigual época de 1950 nos Estados Unidos. Um elenco sólido, com boas personagens, faz a diferença, mas Lessons in Chemistry brilha verdadeiramente pelo seu argumento, ao mesmo tempo tocante, terno e também engraçado, algumas das vezes, e pela sua capacidade de inspirar, sem nunca parecer paternalista.
Swagger (duas temporadas)
Depois de One Tree Hill, eis que me apaixono por outra série em que um dos temas principais é o basquetebol. Swagger é levemente inspirada nas experiências de Kevin Durant, um jogador de basquetebol que é considerado um dos melhores da história da NBA. É precisamente a algo assim que Jace Carson, o nosso protagonista, aspira. Ele tem apenas 14 anos e ainda nem sequer está no liceu, mas o seu foco é total, rumo aos seus sonhos. Contudo, as histórias dos colegas de Jace não são menos interessantes e o sentido de união e de camaradagem que estes miúdos demonstram uns perante os outros é incrível. Inspirados por pessoas à volta deles (pais e treinadores) que vão fazer de tudo para os ajudar a alcançar os seus sonhos, mas tendo de lidar também com aqueles que os querem ver falhar, estes miúdos vão traçar o seu próprio caminho, numa jornada extraordinária de crescimento que muitas vezes me fez sentir como uma espécie de mãe orgulhosa. Swagger aborda também com mestria a questão do racismo e revela uma alma de beleza rara, tornando difícil (ou impossível) que uma pessoa não se emocione várias vezes ao longo dos episódios. Louvores também para a forma como a série incorporou no enredo a pandemia que todos vivemos, transmitindo para este lado do ecrã os medos associados a algo que nos era desconhecido e que não queremos ter de voltar a viver.
Ted Lasso (três temporadas)
Não é difícil encontrar séries de que gosto muito, mas são raras as vezes em que uma me marca como Ted Lasso. Posso aliás dizer que está no meu top 10 de favoritas. Foi amor à primeira vista com um primeiro episódio que me conquistou completamente e me deixou com enormes expectativas que foram rapidamente alcançadas. Ted Lasso é uma série feel good, de conforto, e isso não é dizer pouco. É daquelas que me deixa com uma enorme vontade de rever e de recomendar a toda a gente. A alma da série é gigante, com personagens muito boas (com destaque para a minha preferida, Rebecca Welton) interpretadas por um elenco muito bem escolhido e com uma química incrível. O tema mais óbvio de Ted Lasso pode ser o futebol, mas as ligações humanas são a verdadeira essência da trama, que equilibra o drama e a comédia de uma forma que poucas séries conseguem. A forma como todos os que estão ligados ao AFC Richmond se tornaram uma família, como as lições mais importantes eram aprendidas muitas vezes no balneário e não em campo e como há espaço para narrativas de women supporting women numa série com um elenco maioritariamente masculino foram essenciais para me fazer importar verdadeiramente com estas personagens. A 2.ª temporada apresenta ainda um dos meus episódios preferidos de sempre em televisão.
The Crowded Room (minissérie)
Tom Holland tem aqui aquele que me parece justo dizer que é, até agora, o papel da vida dele. Não é o tipo de série que costumo ver, mas a verdade é que quando comecei não fazia a mínima ideia do quanto seria capaz de me surpreender. The Crowded Room brilha sobretudo à conta do seu protagonista, que está verdadeiramente incrível, mas equilibra muito bem o mistério (porque houve um crime) e um lado mais humano, com a abordagem de temas delicados como a saúde mental. Os flashbacks são outro dos pontos fortes da série, acerca da qual não é possível revelar muito sem estragar a experiência de quem a queira ver.
The Last Thing He Told Me (renovada para 2.ª temporada)
Esta série, que tem como base um livro de Laura Dave (A última coisa que ele me disse, na edição portuguesa), apresenta-nos uma trama com uma teia de segredos em que o ritmo acelerado agarra ao ecrã, não nos dando tempo para nos aborrecermos que não se trata de um formato muito original. Neste caso não se trata de um defeito, mas sim uma prova do porquê de algumas fórmulas serem populares junto do público. Com uma dupla improvável, mas com uma dinâmica interessante, a série faz um bom aproveitamento das duas protagonistas. São elas a sempre competente Jennifer Garner e a jovem Angourie Rice, que já em Mare of Easttown tinha presenteado os espectadores com uma interpretação sólida. The Last Thing He Told Me é uma série boa para ver em modo maratona, porque cada episódio deixa com vontade de descobrir rapidamente o que acontece a seguir.
Trying (ainda em emissão, já com três temporadas disponíveis)
Terna é a primeira palavra que me ocorre para descrever esta série. No entanto, muito real é outra característica que assenta bem numa história que nos apresenta as dificuldades que um casal, Nikki e Jason, enfrenta ao tentar constituir família. Sem conseguirem conceber um bebé, decidem adotar. É muito fácil gostar destes dois personagens, que parecem mesmo o tipo de pessoas com quem nos poderíamos cruzar na vida real. As pessoas que os rodeiam também são bastante relatable e damos por nós a torcer seriamente por todas elas. Apesar de tocar num tema delicado para tantas famílias, a série encara-o com a combinação certa entre drama e uma certa leveza cómica. Trying é a série perfeita para quem gosta de histórias fofinhas sobre famílias e pessoas imperfeitas.
Dear Edward e Defending Jacob são outras duas séries da plataforma que se veem bastante bem, mas que, ao mesmo tempo, não achei que fossem verdadeiramente cativantes. Quais são as tuas séries preferidas da Apple TV+?