Cada vez mais ao longo dos anos, fui-me tornando uma verdadeira adepta das minisséries em detrimento das outras séries. A partir da altura em que comecei a trabalhar tive que reduzir drasticamente o número de séries que via e por isso passei a ser mais seletiva com as minhas escolhas. Continuo a respeitar essa regra que impus a mim mesma e que resulta bastante bem de forma a equilibrar as várias componentes da minha vida. E a verdade é que se tornaram raras as vezes em que os canais públicos americanos anunciam alguma série que me interessa. Há policiais e dramas médicos a mais, comédias familiares/laborais ou com grupos de amigos a mais e tudo parece uma variação de coisas já existentes, o que me ajudou a libertar-me de algumas séries que acompanhava e das quais já estava farta.
Os serviços de streaming tornaram-se mais atrativos como forma de entretenimento e, com eles, tenho a sensação que as séries passaram a ser mais curtas. Os episódios são mais longos, OK, mas o número de temporadas é menor, em muitos dos casos. Das nove séries que acompanho atualmente, a maior parte não é originária de serviços de streaming, mas vejo várias delas na HBO e na Netflix. Aliás, algumas vão despedir-se em breve do público: Mare of Easttown é uma minissérie, Pose e The Kominsky Method vão acabar na 3.ª temporada e Feel Good vai terminar na segunda. Vou ter saudades, mas raramente fico realmente triste com o anúncio do fim de uma série, porque acho que mais vale terminar demasiado cedo do que tarde demais. Pecado cometido na sua forma máxima por Grey’s Anatomy, que ao ser renovada para 18.ª temporada só me dá vontade de… chorar? Partir alguma coisa? Criar uma petição a pedir o cancelamento? Já muitas vezes achei que estava na altura de a série terminar (a primeira vez aconteceu na 10.ª temporada) e este ano a sensação está presente a cada episódio. Estou completamente farta, a série já não traz absolutamente nada de novo, perdeu muitas das suas melhores personagens e gasta imenso tempo com histórias recicladas e com personagens que não merecem o tempo de ecrã que lhes é reservado. Só que não consigo abandonar de ânimo leve uma série que já foi a minha favorita e que está na minha vida há mais de dez anos.
As outras séries que vejo e que começam a acusar um ligeiro cansaço (embora longe de estarem numa altura crítica) são: Call the Midwife, The Goldbergs e The Handmaid’s Tale. Ora, esta última é a minha série favorita dos últimos anos, mas a temporada mais recente está longe de conseguir conquistar-me da mesma forma que as anteriores. Call the Midwife está na 10.ª temporada, se bem que ainda só vi o especial de Natal, que é precisamente o causador das minhas queixas. Ficou muito aquém daquilo que é costume e deu-me o primeiro sinal de que a qualidade da série pode estar a diminuir. The Goldbergs, na sua 8.ª temporada, continua a ter piada, mas já não da mesma maneira. A comédia está a tornar-se mais do mesmo, embora consiga entreter perfeitamente bem. E sobra Firefly Lane, que ainda só conta com uma temporada e à qual estou absolutamente rendida.
Tudo isto para dizer que a minha experiência mais recente dá conta de que as séries que duram menos tempo têm uma vantagem grande sobre as mais longas em muitos aspetos, até porque não é preciso acompanhar-se uma história há muito tempo ou conhecer-se bem uma personagem para que mexa connosco. Olá, Tully Hart e Mare Sheehan!
Mesmo pensando em muitas das séries que vi desde a adolescência, posso fazer o balanço de que houve uma grande percentagem que duraram mais do que deviam, mesmo que muitas delas não tenham tido assim tantas temporadas quanto isso: Colony (3), Raising Hope (4), Prison Break (5) e The Fosters (5). A fazer companhia a Grey’s Anatomy no pódio de séries que abusaram da sua duração, ponho How I Met Your Mother a receber a medalha de prata e Bones a dividir o bronze com Castle.
13 Reasons Why e Once Upon a Time tiveram temporadas demasiados absurdas para merecerem sequer ser incluídas na discussão. Não se trata de má vontade da minha parte, mas uma grande longevidade nos ecrãs faz com que muitas apostas percam o foco inicial e a sua essência, bem como a magia. Inventam histórias mirabolantes para segurar o público ou então reciclam até à exaustão a fórmula que as fez ter sucesso e já não são capazes de acrescentar absolutamente nada à narrativa que estão a contar. O que é precisamente o lado bom das minisséries: têm uma história definida para contar num número específico de episódios e não têm que se preocupar em ir de encontro à expectativa dos fãs porque o material está terminado, é aquilo! Além de que as minisséries costumam vir de canais pagos e/ou de serviços de streaming, que são os que arriscam mais e têm a maior preocupação em trazer coisas diferentes até ao público, ao contrário da ABC, CBS, FOX e outros que tais, que a cada nova temporada parecem apresentar pequenas variações do que lançaram no ano anterior. Além de que, mesmo que não se adore uma série, algumas suscitam curiosidade suficiente para ver mais – ou até ao fim – se se tratar de poucos episódios. Agora nem pensar que me vou enterrar em 20 e tal episódios se os primeiros dois ou três não me convenceram em condições.
Eu sei que há muitos fãs (também eu já fui) das séries médicas, policiais e outras que geralmente alcançam um número elevado de temporadas, mas a mim já deixaram de atrair há muito tempo. Até porque há algo de tentador em começar a ver uma minissérie e saber à partida quanto tempo lhe vou dedicar. Não acho realista pensar que vou deixar de ver séries regulares e converter-me exclusivamente às mini, mas acho que cada vez mais vão ser estas a ocupar a minha lista de preferências. Até porque implicam um compromisso a muito curto prazo e são ideais para ver numa altura em que outras estejam paradas e/ou se tem pouca disponibilidade. É o que eu faço nas férias ou no verão e, sobretudo, em períodos longos de confinamento.
Agora que já mostrei a minha tendência para as minisséries, não posso deixar de recomendar algumas de que gostei imenso: A Teacher, Four Weddings and a Funeral, Gold Digger, Le Bazar de la Charité, Little Fires Everywhere, Little Women, Mrs. America, Patrick Melrose, Sharp Objects, Unbelievable, When They See Us. E, já agora, se procuras algo com mais alguns episódios, mas não muitos, podes descobrir aqui outras sugestões.
Preferes séries mais longas, minisséries ou não te faz diferença?