Ausências demasiado notadas nas séries
| 10 Abr, 2021

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Já aqui fiz vários desabafos sobre séries, a maioria deles pela negativa, e hoje quero abordar mais uma questão que tanto me incomoda na ficção televisiva: aquelas ausências demasiado flagrantes de personagens. Estou ciente de que quando um elemento do elenco abandona uma série, o faz por algum motivo, seja ele pessoal ou profissional, e que por isso não seria fácil, na maioria das vezes, fazê-lo voltar. No entanto, quando determinado personagem é tão importante para outros, parece que não faz sentido que não esteja presente em determinadas alturas, como quando há casamentos, funerais e coisas do género. OK, eu percebo que não esteja presente, mas não é preguiçoso agir como se esse personagem nunca tivesse existido ou então arranjar desculpas completamente esfarrapadas para não aparecer? Outra coisa que acontece com frequência é um personagem morrer e nunca mais ninguém o mencionar. Acho que isto tira credibilidade a qualquer série.

Alguns dos exemplos mais flagrantes, para mim, são Grey’s Anatomy e One Tree Hill. São duas séries em que as relações entre personagens são muito importantes, há grandes histórias de amor, de amizade, muitas daquelas pessoas são como se fossem família. No entanto, Cristina Yang não esteve presente no funeral do marido da melhor amiga, nem veio visitá-la a Seattle quando foi brutalmente atacada por um paciente e também não marcou presença quando Meredith quase morreu com COVID-19. É certo que Cristina não foi completamente esquecida, é mencionada algumas vezes e sabemos que ela e Meredith mantêm o contacto, mas parece tão pouco para uma amizade daquelas! A Suíça não é propriamente em Marte e faz-me confusão que Cristina esteja a perder todo o crescimento dos ‘sobrinhos’. Sandra Oh deve andar demasiado ocupada com Killing Eve, mas a sério que às vezes penso que os argumentistas podiam limitar um pouco as tragédias e os grandes momentos felizes se depois não conseguem reunir as pessoas necessárias.

Ainda em Grey’s Anatomy, temos o caso de Addison Montgomery. A personagem teve direito ao seu próprio spin-off, mas durante uns tempos continuou a fazer uma participação ocasional em Grey’s Anatomy, mesmo que estas se devessem a crossovers com Private Practice. Esta ausência não se teria feito notar até à altura em que Amelia Shepherd se tornou parte do elenco principal da veterana série médica. No entanto, Amelia casou-se, lutou contra um tumor cerebral e teve um bebé e nem sinais de Addison. É que aqui nunca houve sequer uma menção a Addison, a pessoa que era como uma irmã mais velha para Amelia e que ela adorava como nunca gostou das próprias irmãs. Sem esquecer que foi também Addison quem a ajudou a livrar-se da dependência das drogas e que esteve ao lado dela durante o parto do bebé que todos sabiam que nunca teria mais do que horas de vida. E o mais ingrato nisto tudo é que a série já tinha lidado relativamente bem com situações destas no passado, quando Mark morreu. Nessa altura, tivemos direito a ver Addison, em Private Practice, receber um telefonema com a notícia e a cena até foi bastante emotiva. Vou então assumir que a partir daí se tratou de simples desleixo e a verdade é que a série acumulou muitos defeitos ao longo dos anos.

A ausência de Peyton Sawyer do casamento da melhor amiga, Brooke Davis, em One Tree Hill é outra que estou certa que todos os fãs têm dificuldade em engolir, mas aqui sempre houve o bom senso de não empurrar a questão para debaixo do tapete. Só que a criança de Peyton e Lucas estava doente e então… Bem, aposto que a avó não se teria importado de tomar conta da pequena Sawyer ou simplesmente podiam ter recorrido a uma baby-sitter, mas não. A situação só seria credível se a miúda estivesse gravemente doente, o que não parece nada ter sido o caso. No entanto, tenho que dizer que acho estas ausências mais perdoáveis quando se trata de eventos felizes, se bem que a desilusão de Brooke foi imensa.

Agora mais em jeito de brincadeira: que raio fizeram a Ben, que esteve desaparecido da maioria das temporadas de Friends? Não há até uma altura em que os pais de Ross e Monica se referem a Emma como a primeira neta ou qualquer coisa do género? Aqui não há mesmo desculpas, porque, tratando-se ainda de uma criança pequena, Ben poderia ter sido interpretado por qualquer ator da sua idade. Quer dizer, o pai e a tia do miúdo são dois dos personagens principais da série e o padrinho, Chandler, é outro. Seria de esperar que o víssemos ao menos num episódio passado no Dia de Ação de Graças ou no Natal. Também teria sido giro se o pudéssemos ter visto a interagir, ocasionalmente, com a irmã mais nova. Contudo, o ‘desaparecimento’ de crianças no mundo das séries é um fenómeno já bem conhecido, visto que estas parecem apenas servir de ‘acessório’ aos personagens principais.

Já numa situação bastante diferente, não posso deixar de mencionar Maddie Kenner de Colony. Sim, eu estou perfeitamente ciente que Maddie morreu e que era impossível ter sobrevivido, mas Katie sabia disso? Quer dizer, tratava-se da irmã dela, e do sobrinho também, e mesmo que tivesse tido alguma informação que confirmasse a morte de Maddie, poderia não ser credível. Maddie era esperta, já o tinha provado antes, poderia ter conseguido escapar de alguma forma e precisar que a irmã a ajudasse. Seja como for, a verdade é que Maddie e Hudson não foram mencionados uma única vez pela restante família. As pessoas não são completamente esquecidas só porque estão mortas!

Para terminar, tenho Tracy, a Mãe de How I Met Your Mother. A julgar pelo título, ela devia ser uma personagem-chave da série de comédia, mas acabou por servir apenas como veículo para contar uma história. O mistério à volta da sua pessoa fazia sentido, para prender a audiência, mas acho que os fãs mereciam a oportunidade de a terem conhecido melhor. Quer dizer, tivemos uma última temporada que só empatou até ao momento em que a identidade de Tracy é desvendada e em vez de terem desperdiçado tempo de ecrã precioso podiam ter-lhe dado a atenção que merecia. Era mais do que justo que a última temporada fosse dedicada à Mãe e não a um casamento que todos sabíamos que não iria durar e que devia ter sido uma trama secundária. Este caso acaba por ser muito mais flagrante do que todos os outros, porque interferiu com aquilo que devia ter sido a essência da série.

Haveria certamente muitas outras ausências que mereciam destaque, mas estas, das séries que acompanho, são as que considero mais relevantes. Acredito que nas tuas séries também haja situações do género, de ausências que te causam alguma confusão, por isso sente-te à vontade para as partilhar!

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