De certeza que todos os seriólicos conseguem encontrar séries na sua lista que tiveram temporadas que se destacam pela negativa. Quer porque são declaradamente más ou até completamente desnecessárias, quer porque não estão ao nível de temporadas anteriores e/ou posteriores da série em questão. Foi a pensar precisamente em temporadas de séries que foram uma desilusão que decidi escrever esta crónica.
2.ª temporada de 13 Reasons Why: Ao contrário da maioria, eu não adorei a 1.ª temporada de 13 Reasons Why, mas achei que servia muito bem o propósito da história e que tinha levantado temas interessantes. Não estava a sentir-me muito inclinada a ver a 2.ª temporada porque achei que a história tinha sido contada, mas às vezes a curiosidade fala mais alto do que os nossos instintos. Quem me dera nunca ter perdido tempo, a sério! A 2.ª temporada de 13 Reasons Why nunca devia ter existido, é tão simples quanto isso. Torci desde o início o nariz à ideia daquele julgamento e, à medida que foi decorrendo, só foi piorando. Aquele julgamento foi um festival de slut-shaming quando, na verdade, raparigas como Hannah e Jessica foram vítimas do comportamento inapropriado e abusivo de vários rapazes à volta delas. A mensagem que a 1.ª temporada passou parece ter sido completamente destruída na segunda. Outro dos grandes defeitos da temporada prende-se com a falta de coerência na história. Houve coisas que parecem ter sido inventadas do nada, sem a preocupação de que fizessem sentido naquilo que já sabíamos sobre os personagens e as suas relações. Escusado será dizer que me fiquei por aqui e a julgar pelo que ouço e leio, foi o melhor que fiz.
3.ª temporada de American Horror Story: Eu tinha gostado da 1.ª temporada e adorado de paixão a segunda. Achei que a terceira também tinha começado bem, mas quando cheguei ao fim decidi cortar relações com American Horror Story, de certa forma. Bem, eu nunca fui grande fã de terror nem de histórias que envolvessem aquilo a que eu gosto de chamar coisas esquisitas. Por coisas esquisitas, entendam-se elementos sobrenaturais e/ou muito fantasiosos nas suas mais variadas vertentes. Bem, e coisas esquisitas é o que não falta em American Horror Story. As outras temporadas tiveram um pouco disso, mas esta talvez se tenha excedido um pouco para os meus gostos mais virados para o mundano. A parte da coven em si, de uma escola para jovens bruxas, até não foi má de todo, mas quando começou a envolver partes de vudu matou o meu interesse. Nunca senti o menor clique em toda a temporada e também não houve personagens, à exceção de Cordelia e talvez Myrtle, a cativarem-me. Até gostei da história à volta da queda de uma supreme para que outra surgisse, mas não foi suficiente para mim. A partir daí, comecei a encarar American Horror Story com alguma relutância: ver um (ou mais, se necessário) episódio de cada temporada nova para avaliar. Curiosamente, só veria mais duas temporadas do início ao fim: Cult (extraordinária) e Apocalypse, que achei bastante superior a Coven, mas da qual cheguei a pensar desistir antes de meio.
3.ª (e última) temporada de Colony: Vi as duas primeiras temporadas de Colony com uma rapidez indescritível, ainda para mais porque costumo detestar tudo o que é ficção científica. No entanto, quando comecei a 3.ª temporada dei por mim a perguntar a uma amiga: “é impressão minha ou esta temporada é fraca?” Resposta: “Porque é que achas que cancelaram a série?”. Faz sentido! A derradeira temporada da série tem um ritmo menos acelerado do que as anteriores, mas é muito pelo quanto os seus personagens principais, Katie (Sarah Wayne Callies) e Will (Josh Holloway), mudaram completamente que a série peca. Quando a essência de cada um deles e da sua relação se alterou, também a essência da série se perdeu. Colony nunca é uma daquelas séries que se torna má e consegue entreter sempre, mas não conseguiu manter os níveis de qualidade e terminou em aberto depois de ter sido cancelada.
9.ª (e última) temporada de How I Met Your Mother: How I Met Your Mother é um daqueles exemplos típicos de séries que se esticaram muito para lá do tempo que deviam. Isto não foi notório apenas na última temporada, mas a verdade é que nesta foi mais flagrante. Sejamos sinceros, tudo o que nós fãs queríamos era conhecer finalmente a mãe e ver um pouco da sua relação com Ted. Quando digo conhecer não me refiro apenas a podermos associar um nome e um rosto à Mãe, mas de forma mais aprofundada. Tivemos isso? Não. O que tivemos foi uma temporada inteira dedicada a um casamento que a maioria de nós achava que não tinha como funcionar porque passámos anos a ver Barney a ser completamente avesso a qualquer espécie de compromisso. Nem sequer estamos a falar de uma temporada curta, mas sim de 24 episódios! E a verdade é que o casamento acabou em divórcio ao fim de pouco tempo. A série chama-se How I Met Your Mother e não se focou nem no ‘I’ nem no ‘Mother’ do nome. Acho que está tudo dito!
7.ª (e última) temporada de Once Upon a Time: Once Upon a Time também já vinha a acusar cansaço há algum tempo, mas nunca esteve tão perdida como na temporada final. O que é que não resultou? Praticamente tudo. O que é resultou? Hum, provavelmente só a reação de Zelena a recordar-se de quem realmente é. É que nem Regina é a mesma coisa nesta temporada e isto dito por alguém (eu) que basicamente tem uma grande paixoneta por ela. A história torna-se uma reciclagem de material que já vimos em temporadas anteriores e trocamos Storybrooke, o meu cenário preferido da série, por Seattle. Temos um rol de personagens novos, sendo que cada um é pior do que o outro. O Henry adulto está longe de resultar e a sua ‘substituta’ como truest believer também não convence. A Cinderella/Jacinda de Dania Ramirez é aborrecida, a Victoria Belfrey/Lady Tremaine de Gabrielle Anwar é uma personagem abominável e a sua interpretação é péssima. Também não há muito de positivo que possa dizer acerca de Alice/Tilly ou da Mother Gothel/Eloise Gardener. A única novidade boa que esta temporada nos trouxe foi Adelaide Kane no papel de Drizella/Ivy. O final girl power que Regina merecia foi-lhe dado, mas abdicaria dele de boa vontade. Once Upon a Time não precisava desta 7.ª temporada, que foi praticamente uma tortura de se ver. A sério, só aguentei porque sabia que o fim estava próximo!
6.ª temporada de Orange Is the New Black: Eu tenho a plena noção de que Orange Is the New Black é uma série bem menos perfeita do que aquilo que já fiz dela, mas sou perfeitamente capaz de lhe apontar os defeitos. Depois de um final de temporada anterior de arromba, um dos meus preferidos de sempre numa série, as expectativas eram mais do que muitas para a 6.ª temporada e talvez o problema tenha começado aí. Expectativas elevadas acabam muitas vezes em desilusões, como foi o caso. Tivemos uma mudança de cenário e muitas das personagens que estávamos habituadas a ver juntas acabaram separadas, o que quebrou algumas dinâmicas interessantes. Um dos pontos mais negativos da temporada é a introdução de algumas personagens execráveis e insuportáveis, como Badison, a reclusa de quem é impossível não se sentir vergonha alheia; e Carol e Barb, uma dupla de irmãs que se odeiam e que são responsáveis pela formação de gangues rivais e respetivos conflitos na prisão. Ora, o rol de personagens de OITNB não é propriamente pequeno e perder tempo de ecrã com uma série de caras novas, na sua maioria completamente desinteressantes, não foi a melhor aposta. No entanto, acho que o maior erro desta temporada foi o ter desperdiçado a oportunidade de contar histórias que realmente fizessem a diferença e, com isso, perdeu-se, na essência, o bom drama em que a temporada anterior foi exímia. Não sei se a intenção era mesmo fazer uma temporada menos séria do que a anterior, mas para mim não resultou muito bem.
O revival de Prison Break: Sempre que penso nisto quase me dói pensar na forma como conseguiram destruir a identidade de Prison Break com este revival. Nunca fui muito favorável à ideia de trazer de volta séries que já terminaram e este revival só veio ajudar a cimentar essa opinião. O primeiro grande erro começa com a premissa de que Michael afinal não morreu. Como se este homem, que nós sabemos que é genial, não tivesse encontrado nestes anos em que supostamente esteve morto uma forma de comunicar com as pessoas que ama. Ninguém engoliu esta história, pois não? Seja como for, a fórmula que me prendeu completamente ao ecrã nas primeiras quatro temporadas esgotou-se. O péssimo vilão que Jacob/Poseidon é também não ajudou em nada e muito menos o facto de como tornaram fácil para Sara voltar para Michael, visto que o homem que fez parte da vida delas nos últimos anos se revelou o mau da fita. Teria sido interessante ver um conflito interior de Sara acerca de Michael e Jacob, mas escolheram o lado mais fácil, ou cliché, nem sei. Este revival foi um completo desperdício e nem sei como é que a FOX alguma vez pensou que poderia ser uma boa ideia. Eu sei que o dinheiro fala sempre mais alto, mas não podemos ter um bocadinho de respeito pela arte também?
4.ª (e última) temporada de Raising Hope: Se disser que Raising Hope chegou a ser aquilo que considero uma das comédias mais engraçadas dos últimos tempos não estou a mentir. Apesar de ser uma comédia familiar à semelhança de muitas outras, havia algo especial que a distinguia, com personagens extremamente divertidos e uma história que era mais do que um conjunto de acontecimentos soltos que se seguiam episódio atrás de episódio. Tanto é que achei uma vergonha que a FOX se tivesse decidido pelo cancelamento ao fim de quatro temporadas. Pois, só que eu ainda não tinha visto a 4.ª temporada e realmente o cancelamento é mais do que justo porque Raising Hope perdeu a sua magia. Provavelmente o cancelamento também se deveu aos números de espectadores, que desceram todas as temporadas, mas enquanto se compreende que uma série que já dura há muito acuse o desgaste, isso não faz sentido numa jornada relativamente curta como a que Raising Hope teve. Não sei bem explicar o que se perdeu nesta série, mas alguma coisa foi e estou certa de que quem acompanhou terá sentido o mesmo.
4.ª temporada de The Fosters: The Fosters estreou quando a Freeform ainda era a ABC Family e foi de facto apresentada como uma série familiar. Foi esta componente de família que me conquistou, com a dinâmica entre mães e filhos e entre os próprios miúdos enquanto irmãos. O drama era bom e cativante e todas as semanas aguardava ansiosamente por um novo episódio. Ora, coincidência ou não, a verdade é que quando o canal passou a Freeform, em 2016, The Fosters também passou por uma transformação. A série familiar transformou-se num drama adolescente e nem sequer um daqueles muito bons. O foco da história virou-se completamente para a vida dos adolescentes, que estavam sempre metidos em grandes problemas, alguns por sua própria culpa, outros nem tanto. Gravidez na adolescência, grandes segredos, drogas e mais uma série de coisas que até poderiam ter resultado bem sozinhas, mas que no meio de tanto drama parecem simplesmente demais. A essência de The Fosters perdeu-se, com a série a querer virar-se para um público claramente mais teen. Não vi a 5.ª temporada e nem sequer senti uma certa vontade de o fazer quando foi anunciado que esta seria a última.
2.ª (e última) temporada de Trinkets: De todas as temporadas que aqui figuram, a de Trinkets é, sem dúvida, uma das que menos defeitos tem. É uma daquelas séries levezinhas ideais para quando se quer consumir algo rápido. As duas temporadas são equiparadas, mas a verdade é que a primeira tem mais sumo e chega até a abordar algumas questões bastante interessantes. A segunda perde mais tempo com os típicos dramas de relações amorosas adolescentes e, apesar de continuar a ser uma simpática forma de entretenimento, está longe de cativar como a primeira. Mesmo em termos daquilo que faz a série, que é a amizade entre Elodie, Moe e Tabitha, a 1.ª temporada foi mais bem conseguida.
Lembras-te de temporadas de séries que te desiludiram? Partilha connosco quais são!