Todos temos uma mágoa por acharmos que um certo personagem não teve o destino que merecia… a morte. Ou porque foi uma maneira de despachar o personagem porque o ator queria sair ou porque houve um desentendimento de bastidores, porque queriam “chocar” os espectadores ou mesmo porque estava na sua hora. Mas não é no último ponto que me quero focar nesta crónica. Aposto que quando leste o título desta crónica vários personagens te vieram à memória. Eu cá tenho uma lista bastante extensa de mortes que me dão raiva, mas tive de diminuir para dez de modo a esta crónica não se tornar numa bíblia sobre personagens que não mereciam ter morrido.
Justin Foley (13 Reasons Why)
Esta dói ainda mais por ser tão recente. Justin Foley começou como bully e um fraco por ter feito mal a Hannah e ter deixado que Bryce entrasse no quarto de Jessica sabendo bem quais seriam as ações do amigo. No entanto, depois Justin mudou e a sua amizade com Clay tornou-o numa pessoa melhor. Ter uma família que se preocupava com ele mudou Justin para sempre. Ele passou a ser um dos meus personagens favoritos e até consegui gostar de o ver com Jessica de novo. No entanto, a sua morte por complicações do HIV partiu-me o coração em pedacinhos, especialmente porque foi tão desnecessária! Bolas, a série não tinha já tragédia suficiente? Não me conformo e não consigo perdoar a série por ter despachado “às três pancadas” o personagem que mais evoluiu em quatro temporadas e que merecia redenção e um final feliz.
Lidia, Carlota, Marga e Óscar (Las Chicas del Cable)
Acreditavas se dissesse que dei um pontapé numa cadeira quando vi os momentos finais desta série? Pois acredita! Eu vi logo a segunda metade da última temporada quando saiu. Uma hora depois de a Netflix disponibilizar os episódios na plataforma já estava eu a ver. Para se entender a razão de tal raiva, é preciso que diga que Las Chicas del Cable foi a minha série da quarentena. Vi a série toda nos tempos que passámos fechados em casa e apaixonei-me por tudo. Pelos personagens, pela história, pelos cenários, pelo guarda-roupa! Portanto imaginem a facada que foi ver as minhas meninas morrerem de maneira tão estúpida. Sim, eu sei que elas morreram por devoção à causa e morreram juntas, mas não consigo aceitar que não tenham conseguido entrar no comboio e juntar-se à família e viver um final feliz como tanto mereciam depois de tudo o que passaram! Marga e Lidia deixam as filhas órfãs, os maridos a chorar as suas perdas e a mim completamente desolada.
Tracy McConnell (How I Met Your Mother)
Depois de nove anos a apaixonarmo-nos pela mulher dos sonhos de Ted e a gostar dela verdadeiramente quando apareceu, por fim, na 9.ª temporada, foi criminoso terem despachado Tracy no último episódio. Irritou-me ainda mais porque apenas mataram Tracy para juntarem Ted com Robin. E pior ainda foi os produtores anunciarem que o final há anos que estava pensado, o que deve ser das coisas mais parvas que alguma vez ouvi. Uma série tem tantas voltas e reviravoltas… especialmente uma série tão popular e que sofreu tantas mudanças ao longo dos anos. O destino de Tracy estragou a série para mim. Ela era tão adorável, tão magnífica e tão perfeita para Ted que hoje em dia não consigo rever as últimas temporadas da série.
Marissa Cooper (The O.C.)
Não me entendam mal aqui. Marissa Cooper era capaz de ser a personagem mais insuportável de The O.C., mas Marissa era especial pelas pessoas que a amavam. Eu concordei que estava na hora de Mischa Barton sair da série. Marissa estava a ficar demasiado dramática para todos precisávamos de uma pausa da it girl de Orange County. Contudo, matá-la, na minha opinião, foi um erro tremendo. Apenas serviu para traumatizar Ryan ainda mais (não tinha já traumas suficientes?) e para ter tema para uma 4.ª temporada quando a série já começava a perder o seu encanto. Podiam ter mandado a rapariga para fora para viver com o pai e depois trazê-la de volta no final da série para ficar com Ryan de uma vez por todas.
Arthur Pendragon (Merlin)
Sim, eu sei, o Arthur da lenda também morre. Mas pronto, a Guinevere da lenda não era empregada no palácio dos Pendragon, não é? As adaptações fazem mesmo isso… adaptam-se. E matar Arthur não foi exatamente necessário, só serviu para passar uma tarde a chorar a morte dele. Merlin é uma versão leve, romântica e fantástica da lenda do rei Arthur. A série tomou rumos muito próprios e era tão especial para que o final me deixasse um sabor muito amargo na boca. Ainda por cima ele só soube dos poderes de Merlin no leito da morte. Fogo! Aqueles dois e Gwen teriam feito tantas coisas boas juntos… Mas vá, ao menos Gwen ficou no trono.
Viserion e Rhaegal (Game of Thrones)
Odeio tudo o que tenha a ver com a 8.ª temporada de Game of Thrones. Acho que nunca mais vou conseguir ver um episódio dessa temporada porque dá-me raiva tudo o que tenha a ver com ela. E sim, eu sei que os dragões foram apenas duas das mortes desnecessárias da série. Adoro dragões em geral e tendo a consumir todo o tipo de história que envolva as criaturas. Aliás, foram eles que me fizeram querer ver Game of Thrones. A morte dos dois dragões foi única e exclusivamente para que Daenerys ficasse louca assim a velocidade expresso. A morte de Viserion às mãos dos Caminhantes Brancos poderia ter tido algum significado se essa história da invasão tivesse tido o impacto que merecia, mas não. Viserion destrói a Muralha no último episódio da 7.ª temporada e três episódios depois toda essa construção de sete temporadas da morte de um dragão acaba numa batalha extremamente medíocre, mal executada e sem repercussões nenhumas a não ser tirar um dragão a Daenerys. Já a morte de Rhaegal ainda foi mais inacreditavelmente má. O imponente dragão cujo nome vem do lendário príncipe Rhaegar Targeryen e que tinha conhecido o seu parceiro (Jon Snow) há poucos episódios é morto numa cena hilariantemente horrível às mãos de um dos piores personagens (e digo isto no pior sentido possível) que a série alguma vez teve, Euron Greyjoy. Tudo para Daenerys soltar o parafuso de vez. Para além de ser insultuoso para a história criada por George R.R. Martin, matar dragões quase tão facilmente como se matam moscas… Estas mortes serviram apenas para chocar e para dar um rumo fácil à história.
Logan Echolls (Veronica Mars)
Se há bad boys nas séries pelos quais eu tinha mega paixoneta quando era mais nova, um deles era sem dúvida Logan Echolls. Era super fã de Veronica Mars e vejo basicamente tudo em que entra Kristen Bell porque a acho magnífica. Infelizmente, a série foi cancelada ao fim de três temporadas e depois veio aquele filme maravilhoso patrocinado pelos fãs! E então a Hulu anunciou uma 4.ª temporada da série. Até aí tudo bem, mas esperar não sei quantos anos por uma 4.ª temporada só para vermos Logan ser morto no último episódio? Matar o interesse amoroso do protagonista é sempre uma jogada fácil e que dá mais história e drama para futuros episódios, mas nunca pensei que Rob Thomas recorresse a esse tipo de plots. Veronica Mars nunca foi uma série sobre romance e Logan era um excelente personagem e a morte dele sentiu-se como uma chapada.
Nairobi (La Casa de Papel)
Obviamente que numa série que se foca em assaltos aos locais mais mediáticos e protegidos de Espanha, como a Casa da Moeda ou o Banco de Espanha, tem de haver mortes. Tudo bem que a série já tem coisas que nunca na vida resultariam, mas aquela morte “básica” tem de haver para o público chorar um bocado e a série ganhar outro fôlego. Mas Nairobi? Nairobi, que foi baleada na temporada passada, que passou por um inferno para fugir à morte… e depois morre às mãos do vilão mais fraquelas da série? Justiça para Nairobi, se fazem favor. Ela era, sem dúvida, a melhor personagem de todas, a par com o Professor. Lamento a frieza, mas bem que podiam ter morto Rio. Denver ou mesmo Tóquio. Faziam bem menos falta à história!
Walter Bishop (Fringe)
Quem diria que o louco mordomo d’O Senhor dos Anéis se tornaria dos meus favoritos de sempre nas séries? Acabei de ver Fringe há pouco tempo e fiquei para lá de triste com a morte de Walter. E depois de pensar no assunto achei que o final dele foi só mesmo para criar aquele efeito agridoce do fim da série. Walter disse que precisava de se sacrificar por todo o mal que fez na vida. Pois bem, eu não concordo. Acho que as pessoas se redimem com ações, com boas ações e a fazer o bem. E se não tivessem morto Donald/September nos suspiros finais, o final tinha sido bom na mesma e Walter podia ficar com a família e tornar o mundo um sítio melhor com o seu trabalho e o seu intelecto.
Lexie Grey (Grey’s Anatomy)
Uma das coisas que nunca respeitei em Shonda Rhimes enquanto argumentista foi a mania de matar personagens ao desbarato só para ter meia internet a falar das suas séries. Falo claro de Grey’s Anatomy. Não faz sentido uma série médica ter morto metade do seu elenco ao longo de mil temporadas (já lhes perdi a conta e nem me interessa). Se falarmos em séries de fantasia ou distópicas em que normalmente há lutas e/ou guerras e as mortes naturais tudo bem, agora num hospital em Seattle? Desculpem, não consigo entender. Mas não há dúvida que Grey’s cumpre o objetivo de qualquer série… entretém. E eu durante oito temporadas diverti-me bastante (mesmo quando mataram George porque Shonda não conseguiu criar um plot decente para um personagem fantástico como ele). No entanto, quando um avião cai (simplesmente cai) e mata Lexie foi demais para mim. Lexie é a melhor Grey que alguma vez pisou aquele hospital. Era a minha personagem favorita e morreu de maneira escandalosa. Shonda quis chocar, quis deixar a malta de boca aberta e matou a Grey errada. Lexie tinha ainda tanto para oferecer.
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Maria Sofia Santos