Momentos memoráveis de Sons of Anarchy (Parte 2)
| 10 Out, 2020

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Na semana passada lançámos a primeira parte desta crónica sobre os momentos memoráveis de Sons of Anarchy e hoje aqui estamos para recordar mais alguns. Numa série com tanta violência, principalmente nas temporadas finais, era inevitável que muitos desses momentos fossem mortes, mas a série é muito mais do que isso. Vamos então navegar pelas três últimas temporadas desta série que me deixou verdadeiramente colada ao ecrã.

[Os vídeos das cenas em questão podem ser vistos através das hiperligações e, atenção, que toda a crónica contém spoilers]

Opie sacrifica-se pelos Sons (05×03): Opie é um favorito dos fãs de Sons of Anarchy no geral, mas nunca foi um dos meus personagens de eleição, longe disso. No entanto, a morte dele é um momento marcante para o clube e, sobretudo, para Jax. A verdade é que Opie andou à deriva desde a morte de Donna. Casou-se com Lyla, mas isso foi um erro, porque estava apenas a tentar preencher um vazio que ficou com a morte da mulher. As coisas não resultaram porque Opie se manteve sempre bastante distante e Lyla não era especial para ele da mesma forma que ele era para ela. É perigoso quando alguém não tem por que viver. Opie tinha os filhos, é certo, mas nunca foi o suficiente. Aliás, ele nunca se manteve muito perto deles depois da morte de Donna. Então, numa altura em que quatro dos Sons, Jax, Opie, Tig e Chibs, estavam na cadeia, Pope, que tinha perdido a filha às mãos de Tig, decidiu que um deles tinha de morrer. A escolha era deles, mas não podia ser Tig. Os guardas prisionais eram homens de Pope e Opie agride um deles. A escolha estava feita, Opie sabia o que estava a fazer: sacrificou-se pelo clube. Ele viveu e morreu pelo clube, mas a certo ponto acho que ele já não queria, de todo, saber o que lhe acontecia. A morte foi uma espécie de saída que Opie parecia procurar há muito tempo. No entanto, ele não morreu sem dar luta! Aquele golpe final é de uma brutalidade inimaginável, mas o pior talvez seja mesmo a dor dos seus irmãos, Jax e Chibs. Tig nem sequer consegue olhar porque o peso da sua culpa é demasiado.

Tara finge ter sido agredida por Gemma (06×07): Sejamos sinceros: o melhor para Abel e Thomas, mas também para Tara, teria sido estar o mais longe possível de Charming e de todos os problemas do SAMCRO. Os quatro poderiam ter tido uma vida normal e sido uma família feliz se Jax tivesse sido capaz de cumprir a promessa que fez a Tara. Só que isso não aconteceu e Tara, lá no fundo, sabia que nunca aconteceria. Em certas alturas ela pareceu capaz de aceitar isso e noutras não. Além disso, em determinado momento, Gemma deixou de ser uma espécie de figura maternal, conselheira ou o que lhe queiram chamar, e tornou-se o grande inimigo. Wendy deixou de ser a drogada mãe biológica de Abel para ser a pessoa a quem Tara lhe confiaria os dois meninos. Isto fez-me um bocado de confusão porque foi tudo muito rápido, houve uma escalada muito grande de acontecimentos. Ok, Tara receava que lhe acontecesse alguma coisa e queria manter os filhos afastados do clube, mas parecia-me que Margaret teria sido uma melhor escolha que Wendy, naquela altura. Margaret já tinha ajudado Tara várias vezes, revelara-se uma pessoa de confiança, e Wendy… Bem, ela era apenas a mãe de Abel e isso tinha significado zero até aí. No entanto, Tara está determinada em fazer tudo (e aqui é mesmo tudo), para garantir que Gemma não se aproxima dela nem dos miúdos. As duas têm uma discussão feia, há uma pequena troca de agressões, mas Gemma não está disposta a continuar porque Tara está grávida (não estava). E então Tara arma um teatro, começa aos gritos, finge ter sido gravemente agredida e, em resultado disso, abortado. A sério, eu fiquei estúpida da minha vida! Os meios não justificam os fins! Talvez nalguns casos, mas isto foi retorcido de mais, em especial porque foi planeado. O mais estranho nisto tudo é que Tara foi vista por um médico depois. Não era normal perceberem que ela não tinha estado grávida?

Jax e Tara conversam depois de ele a ter encontrado (06×13): Tara nunca teria precisado de fugir se Jax fosse o homem que outrora quis ser. Ele ama a família, mas nem sempre se ama algo da forma certa. O clube acabou por estar sempre em primeiro lugar. Tara tentou fugir com as crianças, mas Jax acabou por encontrá-la. A chegada de Jax é tão hostil que até dói. Vem com cara de mau e acompanhado de mais três Sons. Quatro homens adultos para uma mulher com duas crianças pequenas? Porque nada me consegue convencer que, ao início, Jax não estivesse disposto a magoar Tara. A forma como ele lhe tira Thomas dos braços, como lhe diz para se sentar com o rosto e a voz cheios de ódio… É normal que Tara esteja aterrorizada, tem todos os motivos para isso. Jax não é um menino de coro, mata pessoas a toda a hora e Tara receia ser mais uma. Tudo o que ela não quer é que ele faça isso à frente dos meninos. A sério, é de destruir o coração de qualquer pessoa. Se não tinha intenções de lhe fazer mal, Jax devia ter começado por aí. No entanto, no decurso da conversa, alguma coisa muda. Não sei se é Tara a usar a palavra “monstro” para se referir a Jax, se é o facto de dizer que fez tudo para evitar que Abel e Thomas se tornassem aquilo que o pai é… Talvez Jax reconheça a maior das verdades nas palavras de Tara. Ele diz que nunca lhe impôs a vida dele, mas há que discordar disso. Quando um membro do SAMCRO estava ferido, lá chamavam Tara para o tratar, envolveram-na diretamente noutras coisas que os Sons fizeram. Ela não era apenas a namorada e depois a esposa de Jax que era mantida à parte de tudo o que eles faziam. Tara escolheu fazer parte da vida dele, sim, mas não escolheu o caos que resultou de uma série de decisões, primeiro por parte de Clay, depois por parte do próprio Jax. E não nos podemos esquecer que Jax prometeu que iria deixar aquela vida. A única coisa de que Tara pode ser acusada é de não ter ido mais cedo, quando ainda não estava demasiado envolvida. Parece haver alguma esperança para a alma de Jax quando este diz a Tara para fazer o que tem a fazer.

Jax conta a Abel que Wendy é a mãe dele (07×10): É inegável que Jax ama os filhos, mas acho que não o vimos a ser verdadeiramente pai muitas vezes. Havia sempre sítios onde tinha de estar, assuntos do clube para resolver. Neste momento, ele foi um bom pai. Sentou o filho no colo, falou com ele e explicou-lhe de uma forma fantástica algo que não é fácil contar a uma criança tão pequena. Transformou a questão numa história bonita de que Abel tem duas mães e que agora que a mamã que ele sempre conheceu morreu, Wendy voltou porque ele precisa de uma mãe. Para uma criança desta idade isto não soa a qualquer rejeição, a qualquer abandono. Simplesmente ele tem muitas pessoas que o amam e que se preocupam com ele. Com o avançar das temporadas, não consegui gostar de Jax, mas gostei tanto que ele tivesse feito isto desta forma! Acho que o menino merecia saber que Wendy é mãe dele e acho que Wendy também mereceu que ele soubesse. A forma como ela se emociona neste momento é muito comovente. Ela não é perfeita, mas tem bom coração e provou que é de confiança e que se preocupa com os dois meninos.

Jax mata Gemma (07×12): Até este ponto já ficou claro que não sou uma grande fã de Jax. Bobby, Piney, Tara e Wendy foram alguns dos meus personagens favoritos em certas alturas, Unser e Nero também, um bocadinho, mas Gemma é a minha preferida de toda a série. Isso não significa que não lhe veja os defeitos, no entanto. São muitos, mas as qualidades também. É uma personagem complexa e a verdade é que sempre tive um fraquinho por vilãs. A forma como ela matou Tara foi horrível. Pensar que passaram da boa relação que construíram na 2.ª temporada para Tara acabar morta naquele festival sangrento é muito mau. No entanto, sabemos que a sua lealdade ao clube é cega e que o amor ao filho e aos netos não conhece limites. Ela pensou que Tara ia entregar Jax e, com ele, o clube à Polícia. As coisas tinham-se resolvido tão simplesmente se Jax tivesse dito à mãe que era ele quem se ia entregar para proteger Tara… Não há desculpas para a forma como Gemma matou Tara, mas houve uma sequência de eventos infelizes que proporcionaram o que aconteceu. A morte de Tara causou todo um banho de sangue posterior do qual Gemma é também culpada, mas como é que um filho é capaz de matar a mãe? Jax já estava completamente perdido, tinha morto Unser só porque este se meteu no caminho dele, mas matar a própria mãe? É outro nível de perturbador que está acima de tudo o que tínhamos visto em Sons of Anarchy. Digam o que disserem sobre isto acabar com o ciclo de violência, porque Gemma pertence a esse ciclo na vida de Abel e Thomas, acho que isso são tretas. A única coisa que teria acabado com o ciclo de violência era se Jax tivesse deixado Gemma ir e não a deixasse voltar a aproximar das crianças. Aliás, o ciclo de violência só acabou com a morte de Jax.

Jax encontra-se com o seu destino (07×13): E é claro que a série tinha de acabar com mais uma grande música e a crónica com a morte de Jax. Depois de ter morto Jury, o destino de Jax ficou traçado: Mr. Mayhem (para os leigos, a morte). Só que ele decidiu morrer à sua própria maneira. Tirou esse peso dos ombros dos amigos, despediu-se deles, despediu-se dos filhos, do pai falecido e, em cima de uma mota, deixou-se ir contra um camião. O camião do tipo que tinha dado boleia a Gemma poucos episódios antes! Jax cometeu muitos erros, mas, no final, conseguiu cumprir uma das promessas que fez a Tara: manter Abel e Thomas afastados da vida que o destruiu e que destruíra o pai antes dele. Esperemos que Nero e Wendy sejam capazes de honrar o melhor possível isso! Não queria ter que dizer isto, mas aquele instante antes de Jax se espetar contra o camião e depois os corvos… parecem efeitos saídos de um filme mau de baixo orçamento e não de uma série tão boa como Sons of Anarchy.

Não estava nada à espera de me ter deixado envolver tanto nesta série. Vi as temporadas nalgumas semanas e não descansei enquanto não consegui acabar. Já estou com saudades, e tu? Partilha connosco aqueles que consideras os momentos mais memoráveis de Sons of Anarchy!

Diana Sampaio

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