Os triângulos amorosos da ficção são, no geral, bastante maus. Trazem drama, isso é certo, mas um tipo de drama um pouco preguiçoso e muito pouco original. A tendência é que o elemento em disputa do triângulo tenha uma clara inclinação por um dos pretendentes e, portanto, normalmente podemos adivinhar quem vai acabar com quem desde muito cedo. No entanto, apesar de os triângulos amorosos não serem algo que gosto particularmente de ver numa série, a verdade é que houve alguns que considero terem sido bastante bem sucedidos. Estes cinco são, para mim, os melhores triângulos amorosos das séries:
Addison Shepherd, Derek Shepherd e Mark Sloan (Grey’s Anatomy): A série médica é pródiga em triângulos amorosos. Quer dizer, se trocássemos Mark por Meredith tínhamos outro ou então até se podia deixar ficar os quatro e dava-se origem a uma outra figura geométrica. Os outros triângulos amorosos de
Grey’s Anatomy são basicamente um desastre e por isso nem vale a pena falar-se deles, mas este merece louvores. Uma coisa ficou clara desde o início: Derek e Addison não faziam sentido juntos. Pelo que sabemos do seu passado, chegaram a ser um casal épico, mas muita coisa mudou com o passar do tempo. Addison traiu Derek com o melhor amigo deste, Mark. Cliché? Sim, não vou negar. Tanto quanto sabemos, Derek tinha-se afastado da mulher e ela encontrou consolo noutro lado. Cliché novamente. No entanto, de alguma forma, a coisa resultou na perfeição. Primeiro, porque Addison é uma personagem extraordinária e
Kate Walsh é fantástica a interpretá-la. Segundo, Sloan tem um charme irresistível que faz com que gostemos dele, mesmo sabendo que consegue ser um perfeito idiota. Derek é aborrecido, mas nunca achei o personagem tão interessante como nesta altura. A traição de Addison não está certa, mas Derek não pode ser ilibado dos problemas no casamento dos dois. Não creio sequer que ele se tenha importado com a traição em si. Quando Addison chega a Seattle, vinda de Nova Iorque, para tentar resolver as coisas, a verdade é que Derek só o faz por um qualquer sentimento de obrigação e não por amor ou pelo bem da relação. Não houve um minuto em que ele não quisesse estar com Meredith e mesmo que Meredith não existisse, não faria diferença. Parte de mim acredita que Addison queria verdadeiramente ter Derek de volta, mas também creio que ela sabia, nem que fosse lá no fundo, que o tinha perdido há muito tempo. O período em que os dois tentaram resolver os problemas do casamento trouxe excelente drama, mas custou-me ver que Derek nem se esforçava. Porque se quiséssemos acreditar que Derek amava Addison (e não acredito), não podíamos fingir que ele gostava dela. Havia alturas em que ele mal parecia tolerar a presença dela. Havia qualquer coisa de muito interessante na vulnerabilidade de Addison, uma personagem de quem nem seria suposto que gostássemos no início, porque veio meter-no no meio da relação de Derek com Meredith, mas eu adorei-a desde o primeiro segundo. E Mark? Bem, fica sempre a dúvida se ele foi para Seattle porque queria recuperar a amizade com o melhor amigo ou porque amava Addison. Inclino-me para uma junção dos dois fatores, mas confesso que gosto de pensar que se deveu a Addison. É certo que, naquela altura da vida, em termos emocionais, ela não estava preparada para ter algo com Sloan, mas eu acho que eles eram perfeitos juntos. Ou melhor, podiam ter sido. São dos poucos casais que tenho realmente pena que não tenham ficado juntos porque tinham uma química muito boa e engraçada. As circunstâncias nunca ajudaram, mas havia tanto potencial! Quer dizer, Sloan deixou de fazer sexo para lhe provar que queria estar com ela e quando percebeu que ela não tinha sido capaz de fazer o mesmo, mentiu e disse que dormira com outra pessoa para que ela não tivesse que sentir o peso da culpa. A única coisa aqui que se salvou foi a amizade de Derek e Sloan. No entanto, o trio completo proporcionou-nos também alguns momentos inesquecíveis pelos elevadores daquele hospital.