Momentos icónicos das séries

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Há séries que nos marcam, seja pela sua história, pelos seus personagens ou por momentos específicos. Hoje vamos falar precisamente sobre momentos que consideramos icónicos: seja pelas emoções que nos fazem sentir, por nos deixarem de queixo caído, pela polémica que possam ter causado ou até mesmo por serem momentos que nos deixam sem palavras! De entre muitos momentos, escolhemos estes oito que consideramos especialmente icónicos, para além de que representam muito bem a essência das suas séries.

Renata vinga-se nos brinquedos do marido – 02×07 – (Big Little Lies): Renata é uma personagem que já nos habituou a umas quantas explosões. Provavelmente tal nunca teria resultado se Laura Dern não fosse uma atriz de grande talento, mas ela é absolutamente genial. O imbecil do Gordon, o marido de Renata, fez com que perdessem todo o dinheiro. Ainda por cima, andava a trair a mulher. Talvez Renata pudesse ter aceite a traição só por si, mas a teia de mentiras, a perda do dinheiro e de tudo aquilo que eles têm? Não admira que ela tenha pegado num taco de beisebol para destruir os preciosos brinquedos de Gordon. Brinquedos que valem uma pipa de massa e dos quais ele nem sequer tem de abdicar, note-se! Gordon deu-lhes cabo da vida e tudo o que ela pode fazer é ter esta pequena vingança. É mais uma mentira, mais um segredo, a pesar nos ombros de Renata e a raiva e a indignação dela são pungentes. Não está aqui em discussão se esta violência é justificada ou se, pelo contrário, é desproporcional, até porque Renata atinge Gordon com o taco, mas a cena é, sem qualquer espécie de dúvida, icónica, para o bem ou para o mal. E, seja como for, parece adequada à personagem. Daqui deste lado gostamos de dizer, na brincadeira, que Renata passou esta 2.ª temporada aos berros.

Henry apanha Fleabag a masturbar-se – 01×01 – (Fleabag): Esta série tem facilmente umas cinquenta cenas icónicas, mas há qualquer coisa de memorável no facto de Fleabag estar a masturbar-se perante um discurso de Barack Obama. É estranho, embora a política possa ser algo excitante, claro, mas é o tipo de irreverência que tornou esta série numa verdadeira referência televisa. Não dá para resistirmos e dizer que ninguém faria uma coisa destas perante um discurso de Donald Trump, mas anyway… O pobre Henry, que sinceramente merecia uma namorada que o tratasse melhor, apanha Fleabag no ato, porque ele estava mesmo ali ao lado, na cama, a uns meros centímetros. Não há como negar as evidências e a protagonista não passa o teste. E a parte da bolacha: ela está a comê-la, depois deixa-a cair, resulta brilhantemente. E durante o tempo quase todo, a cara dela é de uma seriedade pouco comum quando tudo o que nos apetece é rir com a situação. O facto de Phoebe Waller-Bridge ter feito, durante uma das muitas vitórias da série numa cerimónia de entrega de prémios, um agradecimento a Obama faz com que esta cena seja, a posteriori, ainda mais épica. A sério, quem é que não adorou o ‘atrevimento’?

Tim faz um brinde ao futuro – 01×01 – (Friday Night Lights): Há algo de especial em Friday Night Lights que poucas séries de adolescentes conseguem captar. Há qualquer coisa de genuíno nas histórias, naquelas pessoas, nos seus problemas, nos seus sonhos. Tim não brinda a um futuro grandioso para ele, mas sim para o melhor amigo, que tem tudo para uma carreira de sucesso enquanto jogador de futebol americano, mas ele faz parte desses planos porque é suposto que uma verdadeira amizade, como a que eles têm, seja para sempre. Tim brinca, é ele mesmo, mas não há como dizer que não está a ser sincero. É muito triste rever esta cena depois do acidente que deixou Jason paralisado. Não só porque ele nunca vai ser um grande jogador da NFL, mas porque tudo o que era suposto acontecer naquele futuro idealizado por Tim – e naquele que o próprio Jason imaginava para ele – ficou condenado. A relação com Lyla ficou perdida, a amizade com Tim andou tremida durante muito tempo e nunca mais foi o que era… É justo dizer que é triste quando se chega à idade adulta e nenhum dos sonhos que tivemos acordados na adolescência se concretiza. No entanto, no final da série, no destino reservado a Tim, é impossível não nos relembrarmos deste mundo em que tudo estava a começar, o que faz com que tudo funcione como um ciclo perfeito.

“We were on a break” – 04×01 – (Friends): Esqueçam lá isso, “How you doin’?” não é a frase mais icónica de Friends. Essa honra cabe a “We were on a break”. Uma pessoa quase que desejava passar por uma coisa na vida real em que pudesse repetir esta citação épica. As coisas passam de uma espécie de fase de lua de mel a fase de divórcio em dois minutos. Ross goza com o tamanho exagerado da carta e dos problemas ortográficos, Rachel troça com a forma como Ross pronuncia “asleep” e atira-lhe à cara a falta que vai sentir dela e mais algumas coisas. Já nem sequer estão sozinhos, têm os amigos a assistir, mas isso pouco lhes importa. É, provavelmente, a discussão mais engraçada da história da televisão e é algo que não se esquece ao longo da série. No entanto, na realidade, they were on a break. Não queremos com isso dizer que o que Ross fez está certo, até porque já ninguém se lembra exatamente do que aconteceu e do contexto, mas a verdade é que essa é a nossa posição, sorry!

Reencontro de Anne e Ann – 01×08 – (Gentleman Jack): Gentleman Jack é uma série de época que nos conta a história e aventuras de Anne Lister em 1800, uma mulher empoderada que desafia os papeis sexistas e homofóbicos da sociedade de então. O momento icónico que trazemos é o reencontro entre Anne Lister e Ann Walker. Estas duas personagens, apesar de serem o completo oposto uma da outra, uma vez que Ann Walker, ao longo de toda a temporada, mostra-nos um lado mais sensível e afetuoso, enquanto Lister é decidida e pragmática, apaixonam-se. Durante esta temporada, a relação foi crescendo e, como em qualquer outro relacionamento, teve momento altos e baixos que culminaram no clímax desta cena icónica. Esta cena que referimos teve todos os ingredientes para ser simplesmente memorável: duas personagens brilhantemente construídas e representadas, um cenário lindo e um sentimento de urgência para que existisse o tão desejado final feliz. As duas personagens, que ficaram sem fôlego pela adrenalina de se reencontrarem, confidenciam uma à outra o que passaram nos meses em que estiveram afastadas. Por entre as peripécias contadas, Lister conta a Walker que não se passou uma hora em que não tenha pensado nela. Lister, que nos habituou ao seu jeito pragmático de tratar os sentimentos, mostrava-nos agora o seu lado mais emotivo, deixando-nos simplesmente derretidos. Em contrapartida, Walker, toda ela um ser emotivo, tomava agora um papel assertivo, dizendo a Lister que se ela a pedisse novamente em casamento, não recusaria. Como negar a ideia de que estas personagens despertam o melhor uma na outra? Uma sintonia e uma complementaridade que nos faz levar às lágrimas. Foi sem dúvida O momento de Gentleman Jack. E já agora: o beijo que Walker e Lister dão no final não estava no script, uma vez que a criadora da série, Sally Wainwright, tinha consciência de que há 200 anos atrás aquilo não aconteceria, pois não existia demonstração de afetos em público entre casais homossexuais. Porém, as atrizes Sophie Rundle e Suranne Jones, durante as gravações, sentiram que era o mais indicado a ser feito e a melhor forma de terminar a cena.

Discurso de Annalise no seu julgamento – 06×15 – (How To Get Away With Murder): How To Get Away With Murder teve, sem dúvida, alguns momentos inesquecíveis, seja por bons ou maus motivos. Annalise sempre tentou proteger os seus, mesmo quando isso tinha consequências negativas para ela, o que a levou também a este julgamento. Nós consideramos que todo ele foi tenso, mas sem dúvida que este discurso foi icónico! Foi um momento frágil para a advogada, que ‘retirou’ a máscara de durona que manteve ao longo de toda a série. Revelou algumas das suas fragilidades e não teve medo de assumir os seus erros e as suas falhas ao longo dos anos de advocacia. Como qualquer ser humano, assumiu que errou. Para além disto, foi também um momento de coragem, pois abriu-se e falou de momentos maus da sua vida e sobre assuntos que muitas pessoas ainda não têm a força suficiente para abordar: falou dos abusos que sofreu, às mãos do tio, assumiu a perda do amor da sua vida, pois tinha medo de se assumir a sua bissexualidade, a perda de um filho, a morte do marido, a depressão e os problemas de alcoolismo. E acabou o discurso com a frase “I’m ambitious, black, bisexual, angry, sad, strong, sensitive, scared, fierce, talented, exhausted”. Poderosa, certo?

Coroação da Rainha Elizabeth II – 01×05 – (The Crown): Para os amantes de História, The Crown, só por si, já é uma série épica. Apesar de existirem muitas cenas que não correspondem à realidade, existem outras tantas em que quase conseguimos reviver o que aconteceu. Escolhemos a cena da coroação da Rainha Elizabeth II como icónica por diversos motivos. Para começar, a coroação da atual Rainha do Reino Unido foi a primeira a ser transmitida num canal aberto, a BBC, com a exceção da parte da unção (aplicação dos óleos sagrados e que se pode ver na série) e a parte da comunhão. Na altura, esta parte não foi transmitida por ser considerada “o momento mais santo, solene e sagrado de toda a cerimónia”, palavras do antigo Rei Edward. Outro ponto que gostaríamos de destacar é todo o trabalho de realização feito: o conjunto das várias cores, que transmitem riqueza, aliado à banda sonora fenomenal deixam qualquer espectador deslumbrado com o momento. Além disto, Elizabeth foi coroada bastante jovem: tinha apenas 25 anos, e ainda teve de esperar cerca de um ano desde a morte do seu pai, o Rei George VI. Por fim, outro momento marcante é quando Philip, o marido da Rainha, se ajoelha perante ela. Naquela altura um homem ajoelhar-se perante uma mulher era considerado sinal de submissão (algo que naquele tempo era impensável). Aliás, Philip ter-se-ia recusado a ajoelhar-se; no entanto, Elizabeth, enquanto Rainha, não aceitou a posição de Philip, ocorrendo assim uma mudança no papel da mulher.

the morning show

Bradley e Alex denunciam a cultura de cumplicidade – 01×10 – (The Morning Show): Esta era a cena que tinha de acontecer em The Morning Show, mas não era expectável que a denúncia fosse iniciada por Alex. Ela nunca foi propriamente a má da fita, mas sabia que havia coisas a passarem-se que não deviam. Alex era um pouco como a única mulher num clube de homens e isso dava-lhe, de certa forma, uma posição privilegiada, mas o que é que ela poderia fazer realmente para mudar alguma coisa? Quando uma mulher pertence a um ‘clube’ destes tem de jogar segundo as regras, se não corre o risco de ser corrida de lá. Alex é uma personagem complexa, de quem não é fácil gostar. Passou boa parte da temporada a enviar aos espectadores sinais confusos acerca de quem realmente é. Não cremos que esta sua iniciativa para denunciar a cultura de cumplicidade que permitiu que tantas mulheres fossem vítimas de abusos e comportamentos impróprios no local de trabalho seja algo que a Alex que conhecemos durante estes episódios faria. Não, esta personagem cresceu ao fazer isto. Ao contrário de Bradley, Alex nunca foi a pessoa que denuncia injustiças e que luta por aquilo que está certo. Talvez a própria Bradley, pela sua maneira aguerrida de encarar a vida, tenha transmitido um pouco desses valores a Alex. No entanto, estamos mais inclinadas para o facto de que também Alex chegou a um ponto em que tem de dizer que já chega (time’s up). A ousadia das duas de fazerem aquilo no ar, naquele que devia ser apenas mais um dia normal de programa, é qualquer coisa de extraordinária, de uma coragem tremenda. E aqueles que tinham poder para as impedir de fazer aquilo, mas quiseram que elas continuassem e contassem a verdade… Extraordinário também! Bradley conseguiu manter a postura de repórter, mas Alex emocionou-se e admitiu a sua própria culpa, alguma cumplicidade por nunca ter dito ou feito nada. Esta cultura de silenciamento está ainda tão presente na vida real, as pessoas com poder escapam tantas vezes impune à porcaria que fazem e por isso esta cena, em particular, nesta série, faz todo o sentido do mundo. As coisas mudaram um bocadinho nestes últimos anos, com o aparecimento de movimentos como o Time’s Up e o #MeToo, mas ainda é preciso fazerem-se ouvir muitas vozes. Bradley e Alex usaram as suas para fazer a diferença e certamente inspiraram outros a fazerem o mesmo, mesmo que tenham acabado por ser silenciadas, mas a verdade já tinha sido divulgada. A banda sonora… Bem, tudo nesta cena é perfeito.

Quais são, para ti, aqueles momentos mais icónicos das tuas séries?

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