Grandes figuras paternas das séries
| 21 Mar, 2020

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Em homenagem ao Dia do Pai, que se celebrou esta semana, no dia 19, hoje vamos falar de figuras paternas das séries. Nem toda a gente tem a sorte de crescer com um pai presente e com as qualidades que se exigem de um bom progenitor. No entanto, a figura paterna de alguém não tem que ser a pessoa que a biologia determinou. Estes nove homens são figuras paternas importantes na vida de ‘filhos’ que não são os deles, provando que há coisas bem mais importantes do que os laços de sangue.

Fred Buckle [Call the Midwife]: Quando a mãe morreu, Reggie viu-se órfão e, incapaz de viver por sua conta, acabou por ser acolhido por Fred, um primo distante. Ficar com Fred e a mulher deste, Violet, nunca foi um plano a longo prazo. Com Síndrome de Down, era importante para Reggie estar num local onde as suas necessidades especiais pudessem ser acompanhadas e onde se sentisse integrado, junto de outros jovens como ele. No entanto, durante o tempo em que viveu com Fred, Reggie tornou-se um membro muito querido da família e também ele se afeiçoou muito ao homem que passou a ser a sua figura paterna. Apesar de já não se encontrar a viver com o casal que o acolheu, o jovem regressa com alguma regularidade para matar saudades e não são raras as vezes em que ele e Fred se metem em esquemas caricatos que muito consomem a paciência a Violet.

Eric Taylor [Friday Night Lights]: Enquanto treinador dos Dillon Panthers, o treinador Eric Taylor é uma figura de autoridade e referência para os rapazes da sua equipa, alguém que toda a cidade respeita. Como um homem de princípios e com um bom coração, Eric tenta transmitir aos seus atletas que ganhar não é tudo e que o espírito de equipa, bem como o trabalho árduo, são tão ou mais importantes do que uma vitória. No entanto, o treinador revela-se uma figura ainda mais importante para quatro jovens em particular, Matt Saracen, Smash Williams, Tim Riggins e Vince Howard, que cresceram sem a presença dos pais. Todos eles o respeitam e o ouvem e certamente veem naquele homem aquilo que gostavam que os seus pais tivessem sido. Não são raras as vezes em que Taylor lhes dá na cabeça quando é preciso, lhes dá ânimo quando estes o perdem ou os ajuda a resolverem algum problema em que se tenham metido, mas tenta sempre que daí tirem alguma lição que os ajudará a crescer. Taylor é a figura estável com quem os seus jogadores podem contar sempre.

Frank Novak [Gone]: Frank foi o agente do FBI que resgatou Kick dos raptores que a mantiveram cativa durante anos, quando ela era apenas uma criança. Quando Kick voltou a casa, Frank continuou a ser uma figura bastante presente na sua vida, nunca deixando de acompanhar o seu crescimento, e acabou por se revelar a verdadeira figura paterna da vida dela. Já em adulta, Kick é recrutada por Frank para trabalhar com ele e outros agentes na investigação de casos de raptos. A sua anterior experiência como vítima de rapto confere uma perspetiva única à equipa e esta é também uma forma de Frank ter Kick sob a sua alçada. É bem visível o quanto ele se preocupa com ela e a vê como uma filha e o quanto ela confia nele. 

Javier Pereira [Good Behavior]: Javier e Jacob não fizeram parte da vida um do outro durante assim muito tempo. Para começar, Jacob nem sequer vivia com a mãe, Letty, quando esta e Javier se envolveram. No entanto, Javier tem um certo jeito para miúdos e não foi difícil para ele estabelecer uma boa relação com o filho da namorada. Jacob tem pai, mas este também nunca esteve muito por perto, portanto Javier foi a primeira figura masculina e paterna a ser estável na sua vida. Javier viu-se afastado da maioria da família quando ainda era muito jovem, portanto foi também para ele muito importante construir laços, que não substituem os que perdeu, mas que podem ajudar a atenuar essas perdas.

Richard Webber [Grey’s Anatomy]: Richard nunca teve filhos com Adele, a mulher com quem escolheu partilhar a vida, mas revelou-se a figura masculina mais importante na vida de Meredith, a filha de outro grande amor da vida dele, Ellis Grey. Quando Meredith foi o Seattle Grace Hospital trabalhar enquanto interna de cirurgia, não demorou muito até que Richard a tomasse sob a sua alçada e sentisse uma necessidade de a proteger que o fez fechar os olhos a algumas ações que facilmente teriam feito com que outros internos fossem despedidos. Meredith nem sempre quis ter Richard por perto, mas a certa altura a relação dos dois evoluiu num sentido muito positivo e bonito que permitiu à médica sentir um pouco aquilo que é o amor de um pai. Meredith percebeu que tinha em Richard alguém com quem podia sempre contar e em troca deu-lhe aquilo de que tão bem é capaz: uma lealdade feroz que só reserva àqueles que mais ama. No entanto, há algo em Richard de especial que o faz ser uma espécie de voz da razão e alguém com quem todos os médicos, em especial os mais jovens e inexperientes, sabem que podem contar. Uma filha biológica que Richard não sabia que tinha surgiu na vida dele já bastante tarde, mas Maggie tinha um pai, o homem que a criou e que ela amou toda a vida, mas ainda assim houve lugar para a construção de uma relação.

Jay Pritchett [Modern Family]: Jay tem já dois filhos adultos – que ele criou com a primeira mulher – quando se casa com Gloria, uma mulher mais nova do que ele e com um filho ainda pequeno, Manny. Apesar de Manny ter pai, este não é uma figura muito presente na sua vida nem alguém com quem ele possa de facto contar, visto que Javier é o tipo de homem que promete aparecer, mas que depois deixa o filho pendurado. Apesar de serem o completo oposto e de Jay nunca entender porque é que Manny faz sempre os possíveis por se destacar de formas que o tornam um alvo fácil de troça na escola, a verdade é que os dois desenvolvem uma boa relação e não dá para negar que Jay é a verdadeira figura paterna na vida de Manny. Manny é mais novo que alguns dos netos de Jay, mas este faz os possíveis por entender as pressões de se crescer nesta altura – um tempo muito diferente daquele em que Jay criou Claire e Mitchell – e, apesar de nem sempre lhe ser fácil, tenta compreender o enteado, que tem as suas peculiaridades. Os dois são também bastante cúmplices na medida em que Manny ajuda Jay a manter-se longe de sarilhos no que diz respeito à relação dele com Gloria. Sim, porque Gloria é uma mulher que espera que o seu marido se lembre de determinadas coisas, como certos marcos da relação, e Jay é um bocado distraído nessas coisas. No entanto, Manny tenta que Jay nunca fique mal. 

Mike Foster [The Fosters]: Mike é um bom homem e um bom pai para o filho que teve com a ex-mulher, Stef. Apesar do divórcio e de Stef ter construído uma relação e uma família com outra mulher, Mike nunca foi uma figura distante para os miúdos Adams Foster, muito pelo contrário. Mike é quase como se fosse parte da família e não é desajustado dizer que é também uma espécie de figura paterna para Mariana e Jesus. No entanto, é quando vemos AJ, um adolescente no sistema de acolhimento, entrar na sua vida que Mike entra verdadeiramente em ação enquanto figural paternal. A maioria das pessoas prefere adotar bebés ou crianças pequenas, mas Mike sabe que pode fazer a diferença na vida de AJ e dar-lhe a vida estável que ele não tem há muito tempo. Inclusive, a relação com AJ causa a Mike alguns problemas com o próprio filho, Brandon, que encara o outro jovem com alguma desconfiança e ciúmes à mistura.

Sydney [The Pretender]: Sydney é uma figura de referência tanto para Jarod como para Miss Parker, mas é a sua relação com a personagem de Andrea Parker que acaba por ter mais destaque na série. Miss Parker não teve uma infância típica. A mãe, a pessoa mais importante da vida dela, morreu quando Parker ainda era pequena e o pai nunca foi uma figura muito presente, apesar de sabermos que ela o ama. No entanto, não só ele não estava presente como não é, de todo, uma pessoa de confiança. Nunca vi a série do início ao fim, mas desconfio fortemente que ele é responsável pela morte da mulher e por outros acontecimentos sinistros à volta do Center e, ao longo dos anos, Miss Parker foi-se também apercebendo que o pai não é bem a pessoa que ela pensava – ou queria acreditar – que ele fosse. No entanto, Sydney foi a pessoa que esteve sempre presente para ajudar Miss Parker, desde a perda da mãe até à idade adulta. Para uma mulher que usa uma fachada de durona e de alguém que não se preocupada com nada nem ninguém, não é muito fácil admitir sentimentos por outro ser humano, mas é sabido que Parker tem a completa noção da importância de Sydney na sua vida e da dela na vida dele. Também ele o sabe, mas parece haver uma espécie de acordo tácito para nunca serem demasiado óbvios acerca disso. 

Tony Micelli [Who’s the Boss]: Quando Tony aceitou um trabalho como empregado doméstico na casa de Angela, estava certamente longe de imaginar que aquele trabalho se tornaria também o centro da sua vida familiar e que estabeleceria com aquelas pessoas uma relação para a vida toda. Angela é divorciada e tem um filho, Jonathan, uns anos mais novo do que Samantha, a filha de Tony. O pai de Jonathan nunca está por perto, mas Tony assume o papel de figura paterna na vida do miúdo, tal como Angela assume o de figura materna na de Sam. Tony é um homem virado para o desporto, mas Jonathan é um miúdo um bocado desajeitado e não são raras as vezes em que tem de recorrer aos conselhos e à ajuda de Tony para as mais diversas situações com que se vai deparando na infância e adolescência. Ao ir trabalhar para os Bower, Tony encontrou naquela casa um verdadeiro lar e uma nova família para ele e para a filha. É justo dizer que Tony e Angela acabaram a criar, com muita entreajuda, a filha de um e o filho de outra. 

Quais são as vossas figuras paternas favoritas das séries?

Diana Sampaio

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