Os piores pais das séries
| 11 Mai, 2019

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Na semana passada, foram as piores mães que estiveram em análise. Desta vez, são os piores pais das séries a terem o destaque. Tal como na vida, também na ficção há maus pais, muito maus. Os escolhidos foram dez, embora pudessem ser muitos mais, e os motivos para a sua inclusão nesta crónica são variados, mas todos têm em comum uma coisa: o terem causado sofrimento aos filhos, não tendo sido o porto de abrigo seguro que qualquer pai deveria ser.

Oscar Pereira [Good Behavior]: Não pudemos ver muito de Oscar porque a sua passagem por Good Behavior foi curta, mas mais do que suficiente para perceber que é um homem mau e um pai terrível. Serviu-se de uma reunião familiar, que devia ser um momento feliz, para maltratar o filho em frente a todos. Oscar sempre considerou que Javier foi o responsável pela morte do irmão mais novo, uma acusação que considero extremamente injusta. Desde muito jovem que Javier se viu sozinho no mundo, desprezado pelo pai que deixara de o ver como um filho e passara a encará-lo como um pária. A crueldade e a influência do pai no seio familiar também não possibilitaram que Javier mantivesse grande relação com os restantes e, nem com o passar dos anos, Oscar foi capaz de reconsiderar que o acontecera foi uma tragédia, mas que Javier não era responsável por ela. Este homem perdeu um filho, mas tinha outro e para Javier também não foi nada fácil lidar com a morte do irmão. Ele sentiu sempre a responsabilidade pelo que aconteceu e não precisava que a pessoa que o devia amar o tivesse renegado.

thatcher grey's anatomy

Thatcher Grey [Grey’s Anatomy]: Há muitas maneiras de ser um mau pai. Thatcher não é má pessoa e sabemos que foi um bom pai para Lexie e Molly, mas nunca esteve presente para Meredith. Ellis pode tê-lo afastado da filha, mas um bom pai teria lutado para continuar presente e Thatcher não o fez. Meredith tinha o quê, uns cinco anos? Viu-se com uma mãe emocionalmente fria e sem o pai. A filha cresceu e tornou-se capaz de tomar as suas próprias decisões, sem a mãe a interferir, e Thatcher podia ter tentado voltar a entrar em cena nessa altura, mas nunca o fez, manteve-se sempre à distância. Já quando Meredith era interna no hospital, depois da morte de Ellis, houve uma espécie de aproximação, proporcionada por Susan, mas Meredith e o pai nunca se sentiram confortáveis na presença do outro e depois Susan morreu e Thatcher culpou a filha pela morte da mulher. Sempre me deu a sensação de que este homem não estava verdadeiramente interessado em emendar as coisas. Posteriormente, numa altura em que Lexie e Meredith tinham estabelecido uma boa relação como irmãs, Thatcher ficou muito doente e precisava de um transplante de fígado para sobreviver. Meredith era a única filha compatível e acabou por ser ela a dadora do pai. Fê-lo mais pela irmã do que pelo pai que nunca fora um pai para ela, mas teria sido mais uma boa oportunidade para Thatcher estabelecer contacto com a filha. Ela fez algo de muito significativo por ele, que de certa forma foi um passo numa possível relação, mas o pai não aproveitou a deixa. Meredith teve filhos, Lexie morreu, Derek morreu e em nenhuma dessas alturas aquele homem apareceu. Não engulo nada aquela história de que ele esteve no funeral de Derek. É mesmo daquele tipo de coisas que são inventadas a posteriori para ficarem bem numa série. Apesar de o pai não ter estado presente na vida dela, Meredith esteve lá para ele no momento da morte.

rumple once upon a time

Rumpelstiltskin [Once Upon a Time]: Rumple tinha sido abandonado pelo próprio pai e esforçou-se por fazer bem as coisas com o seu filho, Baelfire. No entanto, para alguns homens, o poder é muito sedutor e fá-los esquecer aquilo que realmente importa. Rumple tinha-se tornado o Dark One há pouco tempo, matara uma série de pessoas, mas tinha-o feito para proteger o filho, para que este não fosse para a guerra. No entanto, ao experimentar o poder, este homem que era conhecido como um cobarde há muito tempo, não conseguiu abdicar daquilo que acabara de conquistar. Assim, quando Bae consegue uns feijões que abrirão um portal para uma terra sem magia, para onde os dois poderão fugir, Rumple muda de ideias e Bae é o único a passar para o outro lado do portal. Rumple arrependeu-se logo e passou boa parte da vida à procura do filho, mas a verdade é que, no momento decisivo, ele fez o impensável. Deixou que o filho passasse para segundo plano, quando devia ter sido a sua prioridade. Ainda para mais, Rumple sabia o que era ser abandonado. Ter feito o mesmo, apesar disso, é ainda pior.

dan scott one tree hill

Dan Scott [One Tree Hill]: Este homem nunca foi um pai para o filho mais velho e para o mais novo foi um verdadeiro tirano. Ele esteve sempre presente na vida de Nathan, mas é a prova de que para ser pai não basta uma proximidade geográfica. Dan é daqueles pais que projetam nos filhos a concretização dos feitos que eles próprios não alcançaram. Assim, ele foi sempre um bully para Nathan, preocupando-se muito mais com as conquistas no basquetebol do que com a felicidade do filho. A certa altura da série é revelado que Dan quis a custódia de Lucas quando este era pequeno, mas que Karen nunca o permitiu. No entanto, mesmo sem custódia, nada o impedia de ter sido um pai para o menino, ao invés do desprezo que parecia reservar-lhe sempre, inclusive alimentando disputas entre Nathan e o irmão. Ao longo dos anos, Dan procurou redimir-se dos erros dos passado, mas isso não restitui a Lucas uma vida sem pai e não apaga os anos de abuso emocional que Nathan sofreu às mãos dele. O sortudo acabou por ser Lucas, que teve Keith, um homem bom, como figura paterna.

david patrick melrose

David Melrose [Patrick Melrose]: Há seres humanos absolutamente desprezíveis e David é um deles. Ele destruiu a infância do filho, Patrick, com todo o tipo de abusos. Não teve carinho para oferecer ao menino, a sua presença era antes uma fonte inesgotável de terror. Já seria suficientemente mau se ele fosse emocionalmente abusivo, mas este homem nojento violava repetidamente o filho pequeno. Além disso, aterrorizava também a mãe de Patrick, exercendo sobre ela um domínio tão grande que a fazia negligenciar o filho. David nunca se preocupou com o filho, nem permitia que os outros o fizessem. O menino abusado transformou-se num homem agarrado às memórias de um passado horrível que nunca conseguiu esquecer, nem ultrapassar. Homens tão vis deviam ser biologicamente incapazes de fazer filhos.

terry shameless

Terry Milkovich [Shameless US]: Frank Gallagher pode ser um péssimo pai, mas Terry é muito pior, verdadeira escumalha que viola a filha e a engravidou. Esta linha e meia seria suficiente para mostrar que ele era um justo incluído nesta lista, mas há mais. É claro que tudo o que se espera deste homem é mau e ele vai sempre de encontro às expectativas. Quando apanha o filho Mickey a ter sexo com Ian, ataca o jovem Gallagher. Mickey interfere, o pai bate-lhe e depois ainda lhe dá uma cacetada com a arma. Ignorante e homofóbico como é, arranja uma prostituta para ter relações sexuais com o filho, como se a homossexualidade fosse algo que precisa de ser curado. Terry obriga mesmo Mickey a fazê-lo com a rapariga, enquanto Ian tem que ver. E é preciso mencionar a hipocrisia de tudo isto! Sexo entre dois rapazes está errado, enquanto ele próprio viola a filha? Ah, e não se pode esquecer que Terry fez sexo com colegas de cadeia, portanto… Terry é a prova de que a estupidez e a crueldade humanas não têm fim.

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Henry Rindell [The Good Fight]: Durante muito tempo, Henry foi um bom pai. Ele e a mulher criaram Maia no seio de uma família feliz, mas quando foi descoberto que Henry estava por detrás de um grande esquema financeiro que custou a muita gente as economias, a sua faceta de bom pai mudou. Tinha-lhe sido feito um acordo: se ele o aceitasse, a polícia deixaria Maia em paz. A filha não tinha qualquer envolvimento na fraude financeira, mas tinha mentido numa sessão, e era isso que estavam a usar para pressionar Henry. Ele tinha dito que aceitava o acordo, mas acabou por fugir à última hora. Que tipo de homem é que permite que a filha se trame quando é ele o culpado?

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Mr. Spencer [The Handmaid’s Tale]: Este homem deve ter aparecido em dois minutos ou menos de The Handmaid’s Tale, mas ainda assim tem um papel muito importante como fanático religioso. É sabido que Eden, a sua filha, se apaixona por Isaac e estabelece com ele uma relação, o que constitui crime de adultério em Gilead. Lá, a infidelidade é punível com a morte. Para ter sido apanhada, foi preciso que alguém denunciasse Eden. E quem foi o responsável por tal? O próprio pai! Não sou capaz de entender como é que alguém é capaz de colocar a religião acima dos próprios filhos. Já acho horrível quando um pai renega um filho porque é gay, por exemplo, mas um que causa a morte da filha é outro nível de parentalidade doentia.

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Melvin Porter [The L Word]: E por falar em pais que não são capazes de aceitar a orientação sexual dos filhos, aqui temos Melvin. Ele sabe muito bem que Bette é lésbica e que está numa relação séria com Tina há vários anos, mas parece não ser capaz de aceitar esses factos. Trata Tina como se esta fosse uma amiga da filha e dirige-se a ela como Miss Kennard, de forma a marcar uma distância. Um pai que não aceita a filha como é só se pode apelidar de algo: um péssimo pai. Quer dizer, se Bette não tivesse assumido uma relação com Tina e se tratasse de algo novo, eu podia entender que Melvin precisasse de algum tempo para lidar com o assunto. Na altura em que The L Word estreou, o tema da homossexualidade ainda era bastante tabu e Melvin é um homem de idade e antiquado, portanto seria de esperar que não houvesse a maior abertura. No entanto, qualquer pessoa que ame o filho ou a filha tem que o aceitar como é. Que diferença é que podia realmente fazer para a relação dele com Bette que o amor da vida da filha fosse uma mulher e não um homem?

Mr. Parker [The Pretender]: Este homem nunca me inspirou a menor confiança. Não sabemos muito acerca dele – não sabemos muito acerca de ninguém nesta série, aliás – e tudo o que se sabe é pouco reconfortante. A sua lealdade para com o The Centre é irrefutável, mas em relação aos filhos não é assim tão fiável. Quando a mulher morreu, a filha ainda era uma criança, mas ele não parece nunca ter estado muito presente na vida dela enquanto crescia. Agora que Miss Parker é adulta, uma mulher independente, é óbvio o quanto ela ama o pai, mas há algo off na rua relação. É como se ela soubesse que não pode verdadeiramente confiar no pai, mas ele sabe como usar a seu favor o carinho que a filha tem por ele. Parker é daqueles homens que nunca esteve presente nos momentos mais importantes, mas que ainda assim é amado pela filha. Embora isto seja meramente especulativo, sempre achei que ele poderia ser o responsável pela morte da mulher. E sempre achei também que era o tipo de pessoa que faria o que fosse preciso para se proteger se isso algum dia viesse à tona. Quem sabe, se a série tem continuado no ar por mais uns anos, se Miss Parker não teria descoberto o envolvimento do pai na morte da mãe. Não duvido que Mr. Parker fizesse mal à própria filha, se assim fosse.

Que pais do mundo das séries vos deixaram traumatizados? Partilhem connosco!

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