Confissões (e desabafos) de uma seriólica
| 05 Ago, 2017

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Alguns diriam que devia começar isto com um ‘Olá, o meu nome é Diana e sou seriólica!’ e completar um programa de 12 passos. Sim, eu admito que as séries são uma parte importante da minha vida, mas não faço maratonas loucas e o número de séries que vejo atualmente contam-se pelos dedos das mãos, por isso gosto de pensar que é mais uma paixão do que um vício (e não, não estou em negação!). Dou por mim muitas vezes a pensar que apesar de adorar as minhas séries, também há uma série de coisas nelas que me irritam e me fazem alguma confusão. Assim, decidi partilhar convosco uma série de confissões e desabafos com os quais espero que se possam identificar.

1. Até parece um bocado mal dizer isto, mas paciência: gosto mais das minhas personagens do que das pessoas do mundo real. Bem, não é como se eu gostasse mais da Brooke Davis, da Callie Torres e da Evil Queen do que da minha mãe ou das minhas melhores amigas; no entanto, mesmo sendo fictícias, tenho para com elas uma preocupação que não reservo para a maioria das pessoas do mundo real. Contudo, os personagens das séries também mostram os seus vários lados e as suas fragilidades de uma forma que facilmente cria empatia.

2. O oposto de empatia deve ser o que os diretores de casting, o pessoal da maquilhagem e afins sentem pelo ser humano comum, já que quase toda a gente nas séries é incrivelmente gira, de pele perfeita e magra! Então nas séries de adolescentes é uma coisa impressionante! É claro que há exceções e que séries como Orange Is the New Black mostram personagens de todos os tamanhos e feitios e que não andam cheias de maquilhagem (até já vi uma ou outra borbulhinha na cara da Piper), mas a história é passada numa prisão, por isso não é suposto que pareçam todas saídas de um salão de beleza. Eu não acompanhei Girls, mas acho que deviam existir mais séries com protagonistas como Lena Dunham, que sinceramente se assemelhará muito mais à maioria de nós do que beldades como Blake Lively, Kaley Cuoco ou Lyndsy Fonseca.

3. No entanto, a rainha das expectativas irrealistas é Grey’s Anatomy. Sempre que vou a uma consulta de dentista ao hospital concluo que os médicos incrivelmente atraentes são uma criação da mente fértil de Shonda Rhimes. Eu sei que este ponto entra em conflito com o anterior e que pode fazer-me parecer hipócrita, mas perdoem-me! Depois de Jackson Avery e Mark Sloan é inevitável não sentir uma certa atração por tipos de bata branca. Mas não é só nisso que o universo da série médica peca. É pouco credível que jovens médicos de 30 e muitos ou 40 e poucos anos sejam os chefes dos seus próprios departamentos. Amelia Shepherd, Callie Torres e Maggie Pierce são todas incrivelmente novas para os cargos que ocupam.

4. Também sinto uma certa indignação por, nas séries, basicamente todos os personagens que usam óculos serem nerds. Só me consigo lembrar de duas exceções: Alex Vause e Nomi Marks, que até são bem cool e badass. Ou então os personagens precisam de óculos para ler durante cinco minutos em toda a série só para parecerem sexy. Não há mal (nenhum mesmo) em ter ar de bibliotecária sexy, mas definitivamente uma pessoa usa óculos com o intuito de ver bem as coisas. Ok, Piper Chapman?

5. E que raio de fixação há em escolher atores muito mais velhos do que os personagens que interpretam, principalmente nas séries de adolescentes? Taylor Kitsch, Troian Bellisario e Matt Lanter tinham 25 anos quando Friday Night Lights, Pretty Little Liars e 90210 estrearam, respetivamente; Adam Brody tinha 24 quando The O.C. saiu; Chace Crawford tinha já 22 quando deu vida ao adolescente Nate Archibald em Gossip Girl e Kristen Bell contava já 24 quando interpretou Veronica Mars. Também Emilia Clarke, Kit Harington e Richard Madden têm uns bons anos a mais que os seus personagens de Game of Thrones. Eu sei que os menores não podem trabalhar o mesmo número de horas que os adultos e que algumas séries implicam cenas impróprias para miúdos, mas há mesmo a necessidade de colocar atores no meio da casa dos 20 para interpretar adolescentes de 15 e 16 anos?

6. Depois há também o oposto! Atores demasiado novos para interpretarem pais de adolescentes ou de jovens adultos! Elizabeth Rodriguez é apenas dois anos mais velha que Dascha Polanco e interpreta a mãe dela em Orange Is the New Black. É certo que Rodriguez parece um pouco mais velha do que realmente é e que Dascha é bastante mais velha do que a personagem que interpreta, mas mesmo assim… Foi uma opção estranha!

7. Outra coisa muito estranha é que nas séries os adolescentes parecem ser sempre completamente independentes e quase fazem uma vida aparte dos pais. Entram e saem às horas que querem para irem para todo o lado, fazem o que bem lhes apetece, nunca receiam as represálias de se meterem em sarilhos…

8. Também não entendo a falta de originalidade num mundo que devia ser repleto de diversidade! Sempre que é anunciado o calendário de novas séries é uma desilusão, com mais policiais e séries médicas no rol. Eu gosto bastante de ambos os géneros, mas já estão os dois tão explorados que acho que já não trazem nada de novo. É isso e as comédias centradas em famílias ou passadas em contexto laboral!

9. Ainda acerca dos policiais… Será que é só a mim que causa alguma confusão que o criminoso seja sempre apanhado e que as suas motivações sejam sempre entendidas na perfeição? Eu gosto que a justiça seja feita, mas é pouco credível. Quantos casos não existem por aí, no mundo real, que nunca foram desvendados e que continuam um mistério mesmo ao fim de muitos anos? Os casos não resolvidos nas séries basicamente não acontecem, mas seria interessante, uma vez por outra, ver a polícia ser suplantada pelo criminoso.

10. Acho muito frustrante quando o enredo de uma série é mudado por causa da saída de algum ator do elenco. Eu sei que os atores têm vida própria e que nem sempre querem continuar ‘agarrados’ aos projetos, mas não deixa de ser frustrante na mesma. Seria perfeito que as séries pudessem correr sempre o seu curso natural, como os livros!

11. A maioria das pessoas anseia os fins de semana ou as folgas por causa de saídas com os amigos, idas à praia ou ao cinema, mas eu só penso nas séries que vou poder ver e em quantos episódios. Não dá para imaginar a minha felicidade quando me faltavam apenas dois episódios para terminar esta 5.ª temporada de Orange Is the New Black e soube que ia ter folga no dia seguinte!

12. Para terminar, se eu um dia ganhar o Euromilhões prometo dedicar-me às séries (e aos livros) a tempo inteiro! Há todo um mundo de séries para descobrir, é preciso é tempo! Até podia produzir a minha própria série, provavelmente, ou fazer reproduções de fan-fics. Ok, isto parece-me uma ideia muito boa!

Diana Sampaio

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