Acontecimentos da História e do mundo que dariam boas séries
| 22 Jul, 2017

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Quando ainda andava no ciclo, durante as aulas, dava por mim a percorrer as páginas dos livros de História e Ciências para ler mais sobre alguns temas que me despertavam interesse. Fazia isso em vez de prestar atenção à matéria que os professores debitavam, mas certamente nenhum deles vai ler isto, portanto não faz mal admiti-lo. Se o meu interesse pelos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial só cresceu, mais tarde foi o reinado Tudor em Inglaterra e as seis mulheres de Henrique VIII a fascinar-me. Há temas da História que já foram explorados até à exaustão na televisão, no cinema, na literatura, mas há vários que poderiam trazer algo de novo se explorados de diferentes prismas e outros que merecem o tempo de antena que nunca tiveram. Assim sendo, decidi escolher alguns acontecimentos/momentos da História mundial e nacional que penso que poderiam dar origem a boas séries. Eis a lista:

1. O romance de Pedro e Inês: Sempre tive mais interesse pelos acontecimentos da História mundial do que pelos do nosso país, mas confesso que há algo na relação entre D. Pedro e Inês de Castro que me fascina. Não é propriamente a componente amorosa, mas mais o facto de aquelas duas pessoas terem ido contra os convencionalismos da época e decidido que era mais importante serem felizes do que viver uma vida que não tinham escolhido para eles. Algumas das melhores histórias têm finais trágicos e, bem, já todos sabemos como esta acaba, mas penso que seria interessante acompanhar a jornada do amor mais memorável de Portugal. Seria era difícil para mim assistir a uma série produzida no nosso país, que eu considero sempre ficar bem aquém do que se faz noutros países, mas não poderíamos ‘entregar’ a produção de algo icónico da nossa história a mãos alheias.

2. Pós-Segunda Guerra Mundial: Os seis anos da mais sangrenta guerra a que o mundo já assistiu inspiraram uma infinidade de livros, filmes, documentários… Apesar de ser um tema que tanto me interessa, já tenho dado por mim a pensar que falta contar a história do que aconteceu depois. Não consigo imaginar o sofrimento das pessoas que estiveram nos campos de concentração. Não consigo imaginar como é possível começar de novo e seguir em frente depois de se passar por algo tão atroz. Como é possível ter forças para passar a ter uma ‘existência’ depois de se ser reduzido a nada, depois de se ser obrigado a viver como fantasma. Suponho que simplesmente se sobreviva, que quem escapou a algo assim consegue sobreviver a tudo. Que talvez até consiga voltar a viver, no verdadeiro sentido da palavra. Gostava de conhecer essas histórias e gostava de conhecer as outras partes. Nomeadamente sobre a vida de militantes nazis depois da queda do partido. Não membros importantes, homens com cargos inferiores, mas que, ainda assim, contribuíram para tudo o que aconteceu. E seria também interessante ver as famílias desses homens – especialmente os filhos – lidar com esse legado, quer fossem simpatizantes nazis ou vivessem envergonhados pelas ações dos pais. Por fim, penso que também era importante ver um pouco sobre a vida de alguns dos homens/mulheres que se opuseram ao regime. Com a ação passada na Alemanha, seria uma hipótese de ver o país lidar com a época mais infame de toda a sua história e se, terminada a guerra, cada um se manteria do mesmo lado em que esteve nos anos anteriores.

3. O culto de Jim Jones e o suicídio/assassinato em massa em Jonestown: Foi a ver The Oprah Winfrey Show que tive conhecimento do ocorrido em 1978. No entanto, para conhecer a história toda, há que recuar a 1955, quando um homem chamado Jim Jones fundou um novo movimento religioso ao qual chamou Templo do Povo dos Discípulos de Cristo, que combinava elementos do cristianismo com políticas socialistas. O movimento espalhou-se, angariou uns quantos milhares de seguidores e tinha ligações a figuras da ala esquerda da política. No entanto, na década de ’70, críticas em relação ao movimento levaram o Templo a deslocalizar-se para a antiga Guiana Inglesa, onde viriam a estabelecer uma comunidade, Jonestown, para onde houve uma imigração em massa. Todavia, apesar de supostamente tudo ser idílico, familiares de elementos da comunidade e antigos membros do culto – não consigo chamar-lhe outra coisa que não isso – começaram a levantar preocupações em relação ao que lá se passava e acabou por haver uma investigação. Tudo acaba com a perda de mais de 900 vidas, naquilo que é considerado um assassinato em massa, uma vez que estas pessoas teriam sido coagidas a envenenarem-se. No entanto, a dualidade suicídio/assassinato levanta uma série de questões sobre o perigo destes movimentos e dos cultos religiosos, a responsabilidade das nossas ações e a influência dos outros nelas.

4. O surgimento da SIDA: Não faltam por aí séries médicas, mas desde há muito tempo que nenhuma delas traz propriamente algo de novo, já que quase todas decidiram focar-se em grupos de cirurgiões ou elementos do serviço de urgência que salvam pacientes, sem esquecer os seus dramas pessoais. No entanto, penso que podia ser interessante ver uma série centrada no aparecimento da SIDA, em 1981, nos Estados Unidos; ver a forma como a comunidade médica de um hospital lidou com o aparecimento dos primeiros casos, o pânico que gerou, e os esforços para tratar uma doença sobre a qual nada se sabia quando surgiu; abordar o estigma da doença associado à homossexualidade e ao consumo de drogas e, finalmente, acompanhar o percurso de algum dos primeiros pacientes e a forma como as famílias lidaram com o diagnóstico. A história poderia ser contada da perspetiva de um(a) médico(a) a recuar no tempo e a recordar-se desses tempos da sua carreira e haver um paralelo em relação à atualidade, onde a SIDA já não é, necessariamente, sinónimo de morte.

5. As violações nos campus universitários americanos: Este não é um assunto que esteja presente nas notícias, pelo menos por cá, mas um documentário intitulado The Hunting Ground chamou-me a atenção para o assunto. Seria de pensar que as universidades são um local relativamente seguro (pelo menos na minha eu senti-me segura), mas a realidade americana é assustadora. Não apenas por haver um grande número de ocorrências, mas porque, numa grande maioria das vezes, esses abusos são abafados, quer porque as universidades não querem manchar a sua reputação tornando as violações públicas, quer porque nalguns casos os violadores são estrelas do desporto. Há claramente uma “cultura da violação” – e essa existe em todo o lado – que deixa os violadores impunes e as vítimas desprotegidas. The Hunting Ground foi nomeado ao Óscar de Melhor Canção, com uma música da autoria de Diane Warren e Lady Gaga, Til It Happens To You, e cujo vídeoclipe mostra precisamente essa realidade. Enquanto histórias como estas não forem conhecidas e expostas, estes crimes continuarão a acontecer.

Quanto a vocês, que acontecimentos acham que dariam boas séries?

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