Odiar um personagem de uma série é um processo complexo. Há aqueles que odiamos e que na maior parte das vezes nem sequer queremos ver à nossa frente, mas há outros que, apesar de também não gostarmos nada deles, dá gosto odiar e adoramos vê-los no ecrã, já que são essenciais às séries em questão. Muitos personagens odiáveis são vilões, de alguma forma, e é sabido que estes são capazes de exercer sobre nós um grande magnetismo. Aqui fica então a nossa escolha de dez personagens que adoramos odiar:
Cersei Lannister (Game of Thrones)
Cersei Lannister é uma das pessoas mais detestáveis do universo de Game of Thrones. Despreza um dos irmãos, é amante do outro. Foi a responsável por ter morto cerca de metade dos personagens (nem tanto, mas quase) no final da temporada passada e a única coisa a que alguma vez teve amor foi aos filhos. Agora que os três estão mortos, a última ínfima parte de humanidade que Cersei tinha morrerá também. Esta mulher tem todos os defeitos e mais alguns, mas Game of Thrones é muito mais fascinante quando ela está no ecrã, quer seja a destilar ódio, tratando mal quem a rodeia, quer a beber o seu adorado vinho. Além disso, as cenas mais memoráveis da série para mim serão sempre a da walk of shame e a da violação de Jaime a Cersei, junto ao corpo de Joffrey.
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Fiona Goode (American Horror Story: Coven)
Jessica Lange sempre foi uma parte muito importante de American Horror Story. Na 2.ª temporada teve um papel extraordinário que até poderia figurar também nesta lista, não fosse a evolução positiva da personagem. Em Coven, ela dá vida a Fiona Goode, uma anterior ‘suprema’ dos descendentes de Salem. Obcecada com a necessidade de manter uma aparência jovem, ela procura o segredo para a imortalidade, não se importando com o caminho a seguir para atingir os seus objetivos. É uma manipuladora nata que usa os outros a seu favor, mas pelo menos tem a vantagem de não tolerar racistas. A sua relação complicada com a filha, Cordelia, também não ajuda a traçar um bom lado de Fiona, mas Jessica Lange é brilhante em tudo o que faz e, por muito detestável que uma personagem sua seja, será sempre impossível não a querer ver no ecrã.
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Jeri Hogarth (Jessica Jones)
Jeri não tem escrúpulos e não culpem a sua profissão como advogada por isso! A forma como lidou com o divórcio de Wendy serviu bem para traçar a sua personalidade, mas foi quando se tornou claro que estava disposta a ajudar Kilgrave para seu benefício que o pior de Hogarth veio ao de cima. Tem de haver algo de muito errado com alguém para estar disposta a arriscar a vida de muitas pessoas para resolver um problema pessoal. Não que tivesse sido uma surpresa, mas serviu para consagrar a personagem como vilã. Sim, porque vilões não são apenas aqueles que andam por aí a matar inocentes. Há algo de muito frio em Jeri e só Pam parecia ser capaz de exercer alguma espécie de influência nela, por isso é irónico que lhe tenha acabado virado as costas. Hogarth é o tipo de pessoa que merece estar sozinha! Espero que a personagem continue a ser uma importante parte da 2.ª temporada de Jessica Jones, porque todas as cenas em que entrou me mantiveram colada ao ecrã.
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Veda Pierce (Mildred Pierce)
Muito antes da internacionalmente famosa Westworld, há seis anos, em Mildred Pierce, já era evidente que Evan Rachel Wood era uma atriz promissora. A sua interpretação de Veda Pierce deu a conhecer uma personagem difícil de se gostar, mas muito fascinante. Talentosa, mas muito mimada e egoísta, Veda nunca soube dar valor aos sacrifícios que a mãe, Mildred, fez para a criar e à irmã e trata-a com um desprezo absoluto, que em nada se justifica. Inclusive, envolveu-se com um companheiro da mãe. Não há realmente nada de positivo a dizer sobre a personagem, mas Evan interpreta-a com uma força tal que é impossível tirar os olhos de Veda e não querer ver mais sobre ela. Isso é um elogio e tanto, principalmente quando se contracena com Kate Winslet.
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Victoria Grayson (Revenge)
Uma pessoa tem a noção de que tem que ter dois parafusos a menos para adorar Victoria. Essa fui eu durante mais de metade da série. Enquanto adorei Victoria, odiei Emily. Depois a balança começou a pender para o lado contrário, à medida que o passado à volta de David Clarke se ia revelando. Passei muito tempo a achar que Victoria tinha sido uma espécie de vítima dos acontecimentos e de Conrad, embora nunca tenha achado que ela era uma santa. Longe disso! No entanto, Victoria até fazia gala do seu lado bitchy e eu apreciava isso, bem como a língua afiada e aquela poker face que ela conseguia manter, mesmo quando as coisas lhe corriam mal. E depois tinha pena dela porque, por muito que amasse os filhos, eles afastaram-se dela. Na última temporada, até um pouco antes disso, já eu tinha aprendido a não gostar da personagem, mas para mim as melhores partes de Revenge continuaram a ser sempre aquelas em que ela entrava. Também há que admirar o facto de ela ter sido sempre a única a perceber que havia qualquer coisa de errado com Emily e a única capaz de ‘dar luta’ à heroína’ da série. Cada herói precisa de um vilão à altura, não é verdade?
Skyler White (Breaking Bad)
Skyler é a mulher do protagonista de Breaking Bad, Walter White, e é capaz de ser uma das personagens mais irritantes que alguma vez foi criada, constantemente a implicar e a criar problemas com o marido, que tem cancro, e entra no mundo das drogas devido ao seu amor pela família. Provavelmente o ódio em relação a Skyler parte da admiração pelo marido. A maneira como trata o marido e o filho (que tem uma deficiência) mostra em grande parte o porquê de ser irritante. Apesar disto, Skyler não deixa de ser a motivação de Walter para fazer o que faz, e por isso sem ela não era possível Breaking Bad ser a excelente série que é. Quando aparece no ecrã, normalmente acaba por irritar Walter, levando-o a uma decisão mais enraivecida em relação a qualquer coisa no mundo das drogas.
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Joffrey Lannister Baratheon (Game of Thrones)
Tal mãe, tal filho! Joffrey é o filho mais velho de Cersei e um dos personagens mais odiados no mundo das séries. Era um jovem mesquinho, sedento de poder e ciente da sua posição no mundo de Game of Thrones. Assim, exercia o seu controlo sobre todos os que podia, humilhando e maltratando quem se opunha a ele; sendo também responsável pela morte de uma das personagens mais adoradas da série. Demonstrava características de um psicopata e tinha prazer em torturar a sua jovem noiva, Sansa, inclusive obrigando-a a ver a cabeça decapitada do pai. Uma das cenas mais vistas de sempre foi quando o tio lhe deu uma chapada, sendo uma das poucas pessoas capazes de pô-lo no lugar. Embora muito odiado, as cenas em que Joffrey participa são das melhores que GoT tem, representando o que de mais cruel e vingativo existe.
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Lori Grimes (The Walking Dead)
Lori é a mulher de Rick, o protagonista da série, e começa cedo a semear o ódio à sua personagem quando se descobre que não perde muito tempo a envolver-se com o melhor amigo de Rick, ao pensar que este estava morto, além disto é manipuladora, procura estar sempre perto dos lideres para sobreviver. Apesar de claramente gostar de Carl não a considero uma boa mãe. Usa o filho como desculpa quando lhe dá jeito e tem um gosto especial por causar pequenos dramas e, vamos ser honestos, no meio de um apocalipse zombie devia haver um maior pragmatismo! Para terminar, foi a culpada pelo modo como terminou a relação de Rick e Shane, tanto por dividir os dois, como por nunca se saber quem é o pai de Judith. No entanto, por muito complicada que seja Lori, a paixão de Rick por ela não tinha igual.
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Travis Manawa (Fear the Walking Dead)
Travis é um dos protagonistas deste spin-off do mundo de The Walking Dead. Pai divorciado, vive com uma mulher que tem dois filhos de outro casamento e as duas famílias acabam por se misturar. A atitude de Travis – ou mais concretamente a falta dela – é um dos pontos que faz odiá-lo um pouco. Dividido entre o sangue e a sua família atual, acaba por não resolver os conflitos que surgem para não tomar um partido. Acima de tudo, passa a imagem de ser fraco, demasiado fraco, para ser protagonista de uma série de sobrevivência, não se conseguindo adaptar ao novo mundo em que vive. As cenas em que participa tornam-se previsíveis, longas e pouco interessantes. No entanto, Travis é um dos líderes do grupo e nenhuma das decisões importantes acontece sem passar por ele.
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James Doakes (Dexter)
James é sargento na esquadra onde o nosso psicopata preferido trabalha como cientista forense e é o primeiro a perceber aquilo que Dexter realmente é. Perspicaz a ler as outras pessoas, a sua atitude face a Dexter, que é adorado, é bastante irritante. Primeiro porque viemos a descobrir que ele também é em um psicopata e que as coisas que fez no passado não são melhores dos que a que Dexter fez. Segundo, porque começa a segui-lo para todo o lado, dificultando o avanço da série. Por último, quando se apercebe que não consegue apanhar Dexter em flagrante, em vez de desistir ou manter apenas um certo nível de atenção, começa a tentar lixá-lo, jogando sujo, e a tentar incriminá-lo à força toda. Apesar de odiável, muito por causa do atraso que causa na história de Dexter, não deixa de ser uma personagem com o seu efeito cómico, com aquele olhar típico que quem viu a série bem conhece ou o uso de expressões típicas que viraram um sucesso na internet.