Séries em pausa, e agora?
| 19 Nov, 2016

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De entre as imensas frustrações que um seriólico pode enfrentar (por exemplo a morte do nosso personagem favorito, aquele casal que não faz sentido nenhum, aquele mistério que nunca mais se resolve), para mim a pior é mesmo quando a nossa série preferida é interrompida durante meses a fio até que retorne a próxima season ou o próximo episódio.

Falo por mim: eu não consigo passar alguns dias sem ver um episódio quanto mais seis meses, oito meses ou um ano? Posto isto, tenho que arranjar solução para este mal que me perturba, pois acontece que na altura do verão (finais de maio até meados de setembro) a maior parte, se não a totalidade, das séries que acompanho entram em pausa para gravações ou até mesmo para descanso de personagens, argumentistas, realizadores, entre outros. Assim sendo, tenho que me ocupar com alguma outra história, outro enredo que me mantenha “são” e me consiga satisfazer o vício já tão presente das séries.

Como para grandes males, grandes remédios, deixo-vos então uma pequena seleção de séries que já tive o prazer de ver (séries já completas) para que possam desfrutar e “devorar” enquanto as vossas favoritas estão em pausa:

Para começar: Terra Nova.
Estamos em 2149 e o planeta tal qual o conhecemos está prestes a entrar em colapso. Excessos de poluição provenientes da industrialização e o crescimento desenfreado da população mundial tornam necessária a salvação da humanidade. Utilizando-se dos melhores e mais avançados meios tecnológicos, os cientistas são capazes de criar um “buraco” no contínuo espaço-tempo, permitindo assim que um grupo de colonizadores viaje no tempo, nomeadamente para o período pré-histórico. A história centra-se na família de Jim Shannon (Jason O’Mara), que viaja para Terra Nova, começando uma nova vida, mas escondendo um segredo que poderá desestabilizar o novo conceito de sociedade. Além da trama principal, grandes perigos (característicos da pré-história) espreitam, mas é dentro da nova geração da humanidade que surgem as maiores ameaças, pois nem todos seguem a mesma linha de pensamento no que toca à eventual salvação do ser humano. Uma série produzida por Steven Spielberg, mas que infelizmente foi cancelada após a primeira temporada devido aos custos que acarretava a sua produção. Ainda assim, um must para quem se quer perder no mundo da fantasia e ficção científica e que gosta de ficar agarrado aos mistérios episódio após episódio.

De seguida, uma série já exibida em Portugal na SIC Radical, Oz.
Uma excelente série que gira em torno de uma prisão de segurança máxima, mais concretamente num bloco de reabilitação experimental chamado Emerald City, onde os presos têm mais liberdade, acreditando o diretor Tim McManus que todos os presos têm recuperação e lhes deve ser dada uma hipótese para se redimirem. Neste bloco encontram-se muitos dos criminosos mais perigosos do país e a tensão que se faz notar é imensa. A trama foca-se em vários prisioneiros e nas suas lutas para satisfazerem as suas necessidades pessoais e grupais. Uns procuram poder e controlo sobre o tráfico de drogas na prisão ou gangues rivais, outros lutam por dinheiro sujo vindo das apostas ilegais e de trocas dentro do estabelecimento prisional. No entanto, vai para além disso e aborda temas como a política, a religião e a tão polémica pena de morte. Uma série que consegue viciar logo após os primeiros episódios e que conta com um elenco de atores bem conhecidos do público em geral. De referir que a série é considerada Rated R, ou seja contém cenas de nudismo frontal, consumo de drogas, entre outros que podem chocar os mais sensíveis. Para os fãs de drama puro e duro têm aqui 6 temporadas e um enredo de cortar a respiração.

Imaginem o seguinte: sem qualquer aviso prévio, todos nós, habitantes do planeta Terra, desmaiamos e assim permanecemos durante cerca de 2 minutos e 16 segundos. Aviões caem, carros embatem, ou seja, o desastre é total e o número de mortes é incerto. Como se já não bastasse tamanho evento, aliado a isto ainda somos “presenteados” com uma visão do futuro nos próximos 6 meses; isto nos 2 minutos e 16 segundos que nos encontramos “desligados”. É esta a intriga daquela que é para mim uma das melhores séries de sempre e que possuía um enorme potencial, FlashForward. A história foca-se nos esforços de Mark Benford, um agente do FBI que tenta descobrir o que aconteceu em concreto, qual o motivo do sucedido e mais importante que tudo: irão as visões concretizar-se? Mas e aqueles que nada viram? Mistério, suspense e alguma ação à mistura marcam uma série que infelizmente foi cancelada por desavenças na produção, mas que, como já referi, tinha um dos maiores potenciais de sempre.

Harper’s Island, uma série de suspense, terror e mistério. À primeira vista uma série cliché, uma data de indivíduos perseguidos por um assassino, mas Harper’s Island é muito mais que isso. Arrisco a dizer que foi a única série com algum terror que vi e dificilmente irei ver uma outra, apesar de ser grande fã do género. Isto simplesmente porque a qualidade desta parece-me, para já, ser insuperável. Mas bem, a série gira em volta do casamento de Henry, que se irá realizar em Harper’s Island, evento este que terá a duração de uma semana. Até aqui tudo bem, amigos e familiares convidados e felizes até que puff, as mortes começam. Começam, mas não se tratam apenas de mortes típicas deste tipo de séries. Há sete anos atrás houve um massacre na ilha pelas mãos de John Wakefield. Uma das pessoas assassinadas na altura foi a mãe de Abby Mills, melhor amiga do noivo que agora retorna à ilha. O que começa por ser uma festa depressa se torna num grande pesadelo muito à semelhança dos ataques passados de Wakefield. Não vou revelar mais porque esta é daquelas que vale mesmo a pena descobrir tudo ao assistir! Um elenco de luxo e profissional com um guião absolutamente fantástico. E não se deixem enganar pelo facto de esta série contar apenas com 13 episódios. São apenas 13 episódios, mas garanto que são os suficientes e é das poucas séries que satisfaz completamente o espectador com um final absolutamente genial.

Malcolm in the Middle, ou A Vida é Injusta (nome em português da série), retrata as aventuras de uma família da classe média americana composta por quatro irmãos reguilas e pelos seus pais que tentam – de um jeito trapalhão, mas preocupado – manter a família unida e transmitir os valores necessários para a boa educação dos seus filhos. A série é narrada por Malcolm (o segundo mais novo dos quatro irmãos) que vive uma vida perfeitamente normal até que passa a ser considerado um génio na escola devido ao seu QI elevado. A partir deste momento é o descalabro total e por mais que Malcolm queira evitar meter-se em confusões, os seus irmãos Francis, Reese e Dewey parecem não se preocupar muito e inicia-se uma série de peripécias recheadas de comédia. Em suma, a série mostra a evolução de toda a família ao longo das 7 temporadas, mas especialmente focada na transição de Malcolm de jovem para adulto. Quanto ao elenco nem é preciso falar, uma vez que são caras bem conhecidas da maioria, que mais não seja por Bryan Cranston que, apesar de ser conhecido do público já desde esta série, ficará para muitos para sempre marcado como o personagem Walter White da série Breaking Bad.

Parks and Recreation conta a história de Leslie Knope (Amy Poehler), vice-presidente do Departamento de Parques da cidade de Pawnee e de toda a sua equipa associada, que tentam fazer do respetivo departamento a coisa mais interessante do mundo. Um mockumentary para quem gosta de sarcasmo e ironia ao mais alto nível e que conta com personagens extremamente engraçadas. A par de Leslie, que é uma viciada em política e extremamente preocupada com assuntos sem jeito, temos Ron (Nick Offerman), o seu superior direto, carrancudo mas ao mesmo tempo tão divertido com o seu tom sério e despreocupado e que, apesar de ser um funcionário público, desacredita toda a ideia de que o governo pode ter influência positiva nos cidadãos; Tom Havenford (Aziz Ansari), uma espécie de assessor de Leslie, que em nada quer saber do seu trabalho, viciado em moda e nas suas ideias de negócio completamente ridículas que me fizeram chorar de tanto rir; Andy (interpretado pelo famosíssimo Chris Pratt), que faz o papel do “burrinho” engraçado, mas que consegue, temporada após temporada, tornar-se uma pessoa mais culta e ciente do seu próprio rumo. A série que – digo desde já foi uma das que mais me fez soltar gargalhadas até hoje, ao contrário de muitas outras do género – consegue melhorar o seu enredo e personagens ao longo das 7 temporadas e garanto que irá fazer-te rir sem parar.

E porque os últimos são sempre os primeiros: LOST !!!
Nem sei como descrever ou tentar resumir Lost. Simplesmente porque acho impossível relatar a tamanha genialidade que foi, é e será esta gigantesca série. A premiada série de drama e ficção científica segue a vida dos sobreviventes de um acidente de aviação que se despenham numa misteriosa ilha algures no Pacífico. 48 sobreviventes tentam unir esforços para se manterem vivos numa ilha que esconde vários perigos e mistérios. No entanto, não só a sobrevivência física precisa de ser assegurada. Os dilemas com o passado recôndito de cada personagem, os arrependimentos e a interligação entre cada um dos personagens principais são parte integrante e essencial nesta verdadeira obra de arte. Uma série que já vi e revi cerca de três vezes, sempre com grande gosto e apreço e mesmo assim ainda hoje me debato com o verdadeiro significado e mensagem que Lost tenta passar ao espectador. O que começa como mais uma série de televisão acaba por ser uma viagem ao nosso “eu” mais íntimo, uma reflexão sobre as nossas crenças e valores. Recomendo todas as outras acima, mas recomendo Lost com um carinho especial. Foi sem qualquer sombra de dúvida a melhor experiência televisiva que já tive o prazer de desfrutar. Se pretendem uma jornada de cogitação pessoal, se sentem que precisam de algo que vos possa ajudar a conectar com o mais íntimo do nosso ser, Lost é, sem dúvida, a melhor escolha.

Em suma: 7 opções fantásticas para os amantes de séries que, tal como eu, muitas vezes se veem afetados pelas pausas longuíssimas dos nossos tv shows favoritos. Poderia ter acrescentado à lista outras produções, mas decidi-me ficar por estas, pois foram aquelas que me marcaram mais a nível pessoal neste tipo de situação.

E vocês? Que séries recomendam ver enquanto as nossas prediletas estão em pausa?

João Alves

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