Stranger Things chegou e conquistou ao ponto de em menos de um mês se tornar das séries mais bem cotadas do IMDB. Mas o que tem de estranhamente fabulosa a série? Uma mistura de ingredientes que facilmente conquistam toda a gente que se atrever a ver o primeiro episódio.
Ambientada nos anos 80, decorrendo em Montauk, Long Island, a série conta a história de um rapaz que desaparece misteriosamente. Enquanto a polícia, a família e os amigos procuram saber o que se passou, estes acabam por ser emergidos num enorme mistério, que envolve um laboratório secreto do governo, forças sobrenaturais e uma estranha rapariga de seu nome Eleven.
As referências aos anos 80 não passam despercebidas a ninguém, desde a fantástica banda sonora, passando pelas imagens características presentes nos episódios, às descaradas e coesas menções de momentos bem conhecidos do cinema, que incluem por exemplo, déjà vus do filme ET, Alien e outros tantos. Com uma realização eficiente e um argumento bem construído, e a juntar a estes elementos os cenários envolventes, quer pelo seu lado sombrio, quer pelo seu lado paisagístico, comprovam que tudo foi pensado para encaixar cada detalhe.
Desenganem-se aqueles que ficam de pé atrás ao ver que a série é maioritariamente protagonizada por crianças, pois crianças são apenas de idade, uma vez que se tornam verdadeiros adultos, interpretando de forma astuta o que lhes é proposto. Aliás, a jovem atriz Millie Bobby Brown, a misteriosa e poderosa Eleven, simplesmente conquista pelo seu talento, desde a dócil primeira impressão, até ao lado mais sombrio da sua personagem, desempenhando de forma sublime aqueles que são provavelmente os melhores momentos da série. A juntar a estas fantásticas crianças, não podia deixar de mencionar o estrondoso desempenho de Winona Ryder, que de alucinada tem pouco e de mãe tem muito, e quando se trata de um filho, não há nada nem ninguém que a possa impedir de lutar pela busca da verdade.
Há quem pondere mais do que uma vez render-se a esta série por alguma razão, uma delas poderá derivar-se à presença da ficção cientifica, mas o que importa é que resulta, e resulta muito bem, quer se goste muito ou pouco. Tal como em receitas, o sucesso desta é usar o q.b. para conquistar todo o tipo de seguidores, e Stranger Things consegue-o. Um ser misterioso do submundo que encontra entrada para o nosso e cuja presença no mundo real é sentida quando pela sua interferência com aparelhos elétricos, até uma dimensão oposta daquela em que vivemos, onde a comunicação quase não é possível, fazem parte desta estranha receita que funciona.
Se dúvidas restam para acompanhares esta série, além de ser composta por apenas oito episódios, que se completam na perfeição e podem ser devorados todos de uma vez, somos levados para um mundo onde o paranormal, a amizade, o amor, o bullying ou até mesmo a máxima de que o mal existe na escuridão, são uma realidade que apesar de serem retratadas, e bem, nos anos 80, em alguns casos, feliz ou infelizmente, continuam a ser bem reais no presente.
Confesso que Stranger Things ia passar-me ao lado, até questionar no grupo da equipa do Séries da TV se a série era assim tão fenomenal como todos mencionavam. Ainda bem que segui os conselhos e vi, pois tornou-se, sem margem para dúvida, um dos melhores exercícios televisivos com que já tive a oportunidade de me presentear este ano, confirmando assim que, às vezes, o estranho é bom e, neste caso, fabuloso! Não deixes passar ao lado, há certamente algo que te irá fazer render à série.
Em suma, Stranger Things comprova mais uma vez o elevado nível de qualidade da Netflix, não sendo apenas uma série com cenas deste e do outro mundo, horror e ficção científica, tornando-se envolvente a cada episódio, repleta de um profundo suspense que nos deixa sedentos por ver sempre mais. E sim, aquele final deixa tudo em aberto. Muitas questões ficam no ar, mas resposta só num futuro próximo ou invertido, quem sabe.
E tu, o que achaste desta série?