26 de fevereiro de 2006 e 19 de maio de 2016. Duas datas… Uma representa o primeiro episódio em que vimos Callie Torres em Grey’s Anatomy, a outra marca a sua despedida da série. São dez anos e dez anos é muita coisa, principalmente no mundo das séries.
Callie foi apresentada como uma personagem secundária, assumindo o papel de interesse amoroso do doce George. Foi ‘rejeitada’ pelas amigas do namorado, mas rapidamente Callie acabou por ganhar ‘voz’ na série e tornou-se uma fan favorite. Proporcionou infinitos momentos cómicos ao dançar em lingerie, ao explorar a sua bissexualidade, na relação com Mark, nos seus acessos de mau humor…
No entanto, o mais certo é que ao pensar em Callie nos lembremos imediatamente dos momentos dramáticos por que passou: a traição de George, o acidente que quase lhe custou a vida e a da filha por nascer, a morte de Mark, a perda da perna de Arizona e consequente desgaste na relação das duas, a traição de Arizona… A personagem cresceu muito ao longo da série, tanto profissional como pessoalmente, e a própria atriz passou uma mensagem importante ao dedicar-se a apoiar a causa LGBT, nomeadamente através das redes sociais. Isto é louvável, porque as séries devem ser capazes de fazer mais do que entreter, devem ser capazes de nos abrir horizontes, dar a conhecer realidades diferentes das nossas e, assim, tornar-nos mais tolerantes.
Callie protagonizou com Arizona um dos casais mais queridos de toda a série! Passaram por muito, foram ao inferno e voltaram, mas no final não resultou. Não porque não se amassem, mas simplesmente porque não funcionou. Muitos fãs desejaram uma reconciliação desde o momento em que Callie terminou com Arizona no episódio 5 da 11.ª temporada, mas nunca se proporcionou. Nem tão pouco faria sentido. O que elas tiveram foi uma história (quase) de sonho, mas chegou a uma altura em que pareciam ser infelizes juntas, como se a relação exigisse demasiado esforço. Cada uma delas merecia melhor do que isso. Nunca torci tanto por um casal como torci por elas, nem julgo possível vir a shippar um casal mais do que as shippei, mas concordei com o ponto final posto por Callie na relação. Não as queria ver juntas até um ponto em que começassem a odiar-se. Tudo menos isso. Aliás, o que aconteceu mais para o fim desta temporada tornou-se um pesadelo! A disputa pela custódia da Sofia veio manchar o passado delas como nunca pensei que fosse possível. No entanto, esta season finale serviu para corrigir os erros cometidos.
Confesso que sempre me imaginei a chorar como um bebé quando Sara Ramirez saísse de Grey’s, mas não podia estar mais enganada. A atitude de Arizona deixou-me com um largo sorriso nos lábios. O facto de ser a pessoa que tanto amou Callie e que Callie tanto amou a ‘devolver-lhe’ a felicidade foi… Perfeito é a única palavra possível. Este momento trouxe o final que eu, como fã de Calzona (não gosto nada deste nome), podia pedir: uma reconciliação entre duas pessoas que afinal só querem que a outra seja feliz.
Vou sentir muitas saudades de Callie; já há muitos anos que é a minha personagem preferida do mundo das séries, nunca me preocupei tanto com nenhuma como com ela. Chorei e sofri com Callie, ri-me com as suas palermices, ‘chateei-me’ com ela como ninguém quando achei que estava a agir de forma errada… Sobretudo, deixei-me encantar pela sempre fabulosa interpretação de Sara Ramirez. Dez anos é o suficiente para que estas pessoas se tornem quase como família… Foram dez anos e dez anos é muito tempo, mas sabe sempre a pouco quando se trata de alguém de quem não nos queremos despedir. No entanto, nem todas as despedidas têm de ser tristes e esta não o foi, de todo.
https://youtu.be/MuhkqqgzIuE
Diana Sampaio