Quando a ficção se torna numa perigosa realidade
| 07 Nov, 2015

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Imaginem o quão fantástico seria navegar pelos mares da Europa juntamente com os piratas de Black Sails, ser um hacker revolucionário como Elliot em Mr. Robot… Imaginem o maravilhoso que seria ter um Synth para vos ajudar e fazer as vossas tarefas em casa como acontece em Humans… E quem nunca pensou num plano de sobrevivência em caso de apocalipse zombie?

É verdade, todos nós já nos imaginámos no universo das nossas séries preferidas, ser um hacker, um sobrevivente de um apocalipse, um agente federal… sonhar faz bem e, como sabemos que tudo isto é fictício, não há problemas em pensar como seria se fosse real.

No entanto, há pessoas que levam a ficção demasiado a sério, de tal modo que não conseguem distinguir a realidade da ficção, seja por realmente acreditarem que o que se passa nas séries é real ou devido ao consumo de substâncias que os façam perder a noção das diferenças entre a realidade e a ficção.

Ainda na passada semana foi noticiado um crime grotesco passado nos Estados Unidos. A notícia dava conta de que Damon Perry, de 23 anos, teria morto um amigo espancando-o com uma guitarra eléctrica e um microondas. Segundo este, após verem uma maratona de The Walking Dead e muito álcool à mistura, Damon alega que o seu amigo se teria transformado em zombie e que teria inclusive tentado mordê-lo. Após ter morto o amigo, Damon ainda ameaçou os restantes residentes do seu apartamento com uma faca.

Horrendo é também o próximo caso, um crime inspirado na série de sucesso da AMC, Breaking Bad. Ocorreu em França, onde três estudantes de idades compreendidas entre os 19 e 23 anos se deslocaram a casa de Eva Bourseau para buscarem dinheiro que esta lhes devia, cerca de seis mil euros derivados de negócios com drogas. Ao notarem que Eva não tinha a quantia que devia, os jovens acabaram por matar a rapariga e, na tentativa de ocultarem e se desfazerem do corpo, compraram um barril de plástico onde o colocar o corpo debaixo de ácido para o desfazer, tal como Walter e Jesse fizeram na série. Este crime teria tudo para ser ‘perfeito’, os jovens até colocaram ambientadores no apartamento da rapariga para disfarçarem o cheiro, no entanto foram apanhados, isto porque após o crime, nos dias seguintes, os jovens voltaram ao locar para verificarem que tudo corria como na série.

Também a série Dexter serviu de inspiração para um crime no ano passado em Oxted, Inglaterra. Steven Miles, um rapaz de 16 anos, diagnosticado com autismo, matou e esquartejou a sua namorada, Elizabeth Thomas, de 17 anos. Steven utilizou as ferramentas de jardinagem do seu pai para matar a namorada no seu quarto. O jovem confessou o crime, tendo dito no entanto que foi Ed, o seu alterego, que lhe ordenou tal crueldade. Em tribunal foi dito que Steven era fanático por filmes de terror e que não era a primeira vez que este imitava ações de Dexter.

Estes crimes são praticados na sua maioria por pessoas com problemas mentais ou sob o efeito de substâncias psicotrópicas que os levam a perder a noção da realidade e, graças ao mediatismo dos meios de comunicação e das redes sociais, estes casos acabam por passar uma imagem errada para o exterior. Muitas das vezes, as notícias sobre este tipo de crimes preferem dar um maior ênfase ao facto destes serem inspirados ou parecidos com crimes ocorridos nas séries de TV e não ao facto dos seus protagonistas estarem/serem desequilibrados, levando a que pareça que as séries são as responsáveis por estas ações.

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