18 dias perdido numa série chamada Lost
| 28 Nov, 2015

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22 de setembro de 2004, 18.65 milhões de telespectadores viram a estreia de uma das séries mais promissoras da história da televisão, Lost. Para mim, a aventura apenas começou no dia 2 de novembro deste ano e foram precisos apenas 18 dias para que, da mesma maneira que começou, terminasse.

Lost, criada por J.J. Abrams e Damon Lindelof, tinha uma premissa simples: um avião (815 da Oceanic Airlines) cai numa ilha deserta e os sobreviventes do acidente têm que fazer de tudo para se manter vivos. Lembro-me de na altura falarem da série em Portugal, afinal era o fenómeno televisivo do momento e como tal, mais tarde, a RTP acabou por transmitir a série, por cá conhecida como Perdidos.

Confesso que tive bastante curiosidade para ver a série, pois une vários elementos que me completam: viajar, ilhas, mistério e outros tantos ingredientes que só certas séries conseguem misturar, mas não vi, talvez por ainda ser novo, talvez por não ser um seriólico afinco ou talvez por achar que deveria esperar pelo momento certo para apreciar a série, mas fiz uma promessa a mim mesmo: não morrerei sem ver Lost. A promessa que de ano para ano continuava a marcar a minha vida, foi finalmente cumprida no passado mês de novembro, o dia em que me perdi em Lost (irónico, não?)

Conhecendo a história, mal podia imaginar que no fundo eu apenas conhecia o que queriam que eu conhecesse: um avião, uma ilha e seres humanos, desconhecia todos os outros mistérios que estariam para chegar durante as seis temporadas, totalizando uns 121 episódios, sem contar com os especiais, mistérios que envolvem os personagens, o famoso monstro, os famosos números, e o tão intrigante e falado final. Não esperava também que a série me conquistasse tanto como conquistou, construindo uma vontade extrema de ver um episódio a seguir ao outro ao ponto de querer consumir uma temporada por dia, mas todos nós temos uma vida e tive de aproveitar os bocados soltos da minha para ver a série que, diga-se por sinal, não foi fácil. Ver uma série com tantos episódios passados todos estes anos e estar a seguir outras tantas ao mesmo tempo é uma tarefa que só um seriólico sabe o que custa.

“Primeiro estranha-se, depois entranha-se já dizia Fernando Pessoa, mas neste caso não foi preciso estranhar para se entranhar, a história só por si já me tinha conquistado e, para colmatar, os vários personagens que tanto deram que falar, como Jack Shephard (Matthew Fox), John Locke (Terry O’Quinn), Hugo ‘Hurley’ Reyes (Jorge Garcia), Sayid Jarrah (Naveen Andrews), Kate Austen (Evangeline Lilly), James ‘Sawyer’ Ford (Josh Holloway), Charlie Pace (Dominic Monaghan), Boone Carlyle (Ian Somerhalder), Jin-Soo Kwon (Daniel Dae Kim), Sun-Hwa Kwon (Yunjin Kim), Claire Littleton (Emilie de Ravin) e outros tantos grandiosos e misteriosos nomes que surgiram durante toda a série, sem deixar de parte o misterioso e intrigante Vincent, um cão, mas não um cão qualquer.

Como fã de séries, criamos os nossos personagens favoritos e aqueles de que menos apreciamos e até nisso senti dificuldade nesta série, pois nada aparentava ser o que realmente era e de temporada para temporada, cada vez mais submergiam as dúvidas sobre cada um deles. Ainda assim não escondo que o Charlie foi dos meus personagens favoritos, da mesma maneira que Locke foi dos que menos gostei desde o começo, mas tinha a certeza de que algo grandioso iria sair do que menos gostava. É sempre assim, pelo menos comigo, e não estava errado, ele deu que falar, se deu!

Quem não se recorda daquele som e movimentos característicos e de repente, do meio do nada, surge um fumo preto, que acabou por ser batizado como monstro?

Dou por mim a reviver esses momentos, o mistério envolto foi tanto que nas primeiras temporadas não conseguia filtrar o que se passava ali, a explicação chega-nos mais para o fim da série e cada um é livre de interpretar como quiser, a sorte, o azar, o mal, o bem, depende de cada um de nós, não é verdade?

4 8 15 16 23 42. Quem diria que estes números iriam dar tanto que falar, colocando ainda mais intriga no colmatar da série. Mais intrigante ainda é que estes mesmos números, com os quais Hurley ganhou a lotaria na série, tornou-se também uma realidade para 2.243 pessoas que ganharam a lotaria, só que foi apenas cerca de 55 dólares a cada um. Ainda assim não deixa de ser curioso, não é verdade? Os números acompanham-nos durante vários episódios e quem espera que seja revelada alguma resposta sobre os mesmos, desengane-se, pois o seu segredo não é revelado, mas isso não invalida que a internet não faça o seu trabalho e o que não falta aí são sites com teorias, conspirações e provas do que realmente significam os números, basta procurar e acreditar, se assim o quiserem.

O que aconteceu, aconteceu, mas será mesmo assim? Tudo leva a querer que todos os personagens fizeram algo que faz com que mereçam ser punidos. A juntar a isso, precisam de aprender a viver com todos os outros sobreviventes e ainda com todos os habitantes daquela ilha, como os “outros”, a tão falada francesa e até os famosos ursos polares. Sim, porque raio foram ali parar ursos polares a uma ilha deserta em que todos estão sempre de manga curta? Este foi meu primeiro pensamento ao ver aquilo, mas calma, também existe resposta, mas será que a iniciativa Dharma será mesmo a resposta?  Claro que poderia mencionar aqui muitos mais momentos da série, mas se esta crónica já não está a ser pequena, não iria ter fim, iria parecer aqueles episódios que tão depressa estamos no presente, como voltamos ao passado e depois para o futuro. Sim, também há disto na série, mas o que raio é que não há?

Vivemos juntos, morremos sozinhos“. Não deixa de ser curioso como estas palavras pode, ser interpretada de tantas maneiras e feitios e, mais uma vez, depende de cada um. Lost não ficou apenas rotulada por ser a estrondosa série que foi, por todos os prémios que ganhou, por tudo o que a envolve durante todo o tempo, por inicialmente só ter sido pensada para metade das temporadas que teve ou ainda por conquistar milhões e milhões de seguidores. Lost ficou ainda com um rótulo que poucas conseguem até hoje: terá sido o melhor ou o pior final de todos os tempos?

Bem, já devem ter notado que eu profiro várias vezes “depende de cada um” e o que posso afirmar é que no dia em que vi o último episódio, quando vivi aquele final, não consegui conter a emoção. Afinal foram 18 dias a consumir 6 anos de uma série e por alguma razão senti que já fazia parte daquela família e que parte de mim ficou com ela. Se foi um sonho, se foi uma passagem ou uma punição, se morreram, se viveram, uma coisa é certa: teve um fim. Se foi bom ou mau? Vá, já sabem o que vou dizer!

Tudo o que aqui digo não é novo para ninguém. Aliás, a série também não é nova, mas foi a minha forma de dizer o que senti e vivi ao vê-la, deixando uma marca no refúgio dos seriólicos e esperando assim que todos os seguidores da série se revejam nalgum momento, seja ele positivo ou negativo. Se valeu a pena? Cada segundo. Se está na minha lista de melhores séries de sempre? Nem se questiona. Mas se a série é das melhores que já existiram? Depende. Depende de quem a vê e de como a vê.

E tu, como viveste Lost? O final foi o melhor ou pior de sempre? Fico à espera de opiniões! 🙂

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