É frequente quando uma série atinge um número elevado de temporadas que os seus seguidores comecem a apresentar alguns sinais de cansaço. Mudanças de elenco, a falta de resposta a questões que aguardamos há tanto tempo e a perda da essência da série são alguns dos motivos para isso acontecer, mas é claro que existem mais. No entanto, há casos em que as séries até não estão em exibição há tanto tempo quanto isso, mas já não fazem sentido, porque se tornam verdadeiras novelas. Propomo-nos então a apresentar uma lista com dez séries que, para nós, tiveram (ou têm, pois algumas ainda duram) demasiadas temporadas. [Aproveita e lê a crónica passada de 10 séries que podiam ter sido perfeitas]
(Avisamos que pode conter spoilers sobre algumas séries, portanto avancem por vossa conta e risco!)
Bones
Bones não é daquelas séries que começa a prender logo no início. A série leva o seu tempo a conquistar, a garantir o seu lugar, mas consegue-o. Brennan é interessante com os seus traços de personalidade muito particulares e Booth contrabalança esta característica da parceira, sendo o tipo que se deixa levar pelas suas emoções e instintos. É inegável que a história da série gira à volta destes dois e dos casos que investigam, mas alguns membros do elenco como Hodgins, Cam, Sweets e alguns dos estagiários de Brennan não são, de todo, desinteressantes. Muito pelo contrário! A química entre Brennan e Booth é óbvia desde o início, a sua dinâmica é bastante engraçada e passei a série a desejar que finalmente chegasse a altura em que eles ficassem juntos. Demorou, mas aconteceu e durante duas temporadas a coisa teve piada: ver Brennan ser mãe e ‘amolecer’ um bocado, passar a ser menos ‘científica’ e assistir à nova dinâmica na relação dos personagens principais. No entanto, Bones era uma série que ‘vivia’ um pouco da expectativa de juntar os dois e, uma vez que isso foi alcançado, a série depressa perdeu o seu interesse. Dei por mim a acumular episódios, sem grande vontade de os ver, por isso acabei por abandonar a série já há mais de um ano.
Desperate Housewives
Enquanto muitas séries procuram focar-se em personagens no seu local de trabalho, Desperate Housewives trouxe algo diferente: donas de casa. Elas são muito diferentes umas das outras, mas todas com personalidades fortes. Em comum têm o facto de serem vizinhas e de parecer que levam uma vida perfeita, quando isso não é verdade. Em Wisteria Lane toda a gente tem segredos e todos o percebem com o suicídio de Mary Alice. É isso que no começo torna tudo interessante, mas é também esse um dos motivos para a série se ter tornado cansativa. Não podiam arranjar um único (só um para amostra) vizinho relativamente normal? Alguém que não tivesse um enorme segredo terrível a esconder? Eu sei que a ideia da série é essa mesma, mas escusamos de exagerar. Desperate Housewives também se perdeu ali um bocado quando decidiram matar Edie. Deixei de ver durante alguns tempos (na altura do salto no tempo em que as crianças da Lynette se tornaram crescidas) e só regressei para testemunhar a temporada final.
How I Met Your Mother
Dizer que How I Met Your Mother é uma cópia de Friends é um exagero, mas é certo que as duas séries têm muitos elementos em comum. O espírito de amizade está muito presente em ambas, mas HIMYM apresenta a diferença do factor surpresa, daquela curiosidade de saber quem é a Mãe. Ao início até aproveitamos a série apenas pelos motivos cómicos, pelos personagens que já conhecemos, mas a certa altura surge aquela ‘urgência’ de saber então quem é a mulher mistério com quem Ted teve os seus filhos. O principal problema é que a série, a partir da quinta ou sexta temporada, começa a perder muita da sua piada. Comecei a pensar “contem lá quem é a Mãe para despacharmos isto”, mas a série ainda duraria mais algum tempo. A própria temporada final foi um bocado penosa de acompanhar. Parecia que estávamos a caminhar em câmara lenta (muito, mas muito lenta) até ao desfecho da história. Em vez de 24 episódios podíamos ter tido cerca de um terço, que a história teria sido contada na mesma. No entanto, já se sabe que em televisão existe, muitas vezes, a ideia de se fazer render a história enquanto as pessoas continuam a acompanhá-la, mas é assim que se cria cansaço e que as pessoas se fartam das séries. Confesso que se não fosse a curiosidade, que por vezes fala mais alto, teria desistido bem antes do final.
New Girl
New Girl mostra-nos as peripécias do dia-a-dia de Jess e três rapazes com os quais ela decide partilhar um apartamento. No início, a série é uma comédia diferente e bastante divertida. Contudo, a história nunca foi muito consistente e vai piorando ao longo das temporadas, ao mesmo tempo que também vai proporcionando cada vez menos gargalhadas. Outra falha é não haver uma evolução nos personagens, o que faz com que pareça que a série estagnou no tempo. Inicialmente, comecei a ver New Girl por Jess e a sua personalidade fora do vulgar e foi ela que me manteve episódio após episódio, juntamente com Nick, que também é um personagem interessante. Neste momento penso que os dois levam New Girl aos ombros, mesmo sem o romance entre eles, que a série não soube aproveitar.
Pretty Little Liars
Baseada nos livros de Sara Shepard com o mesmo nome, Pretty Little Liars centra-se em quatro amigas adolescentes que começam a ser chantageadas por alguém que se intitula de ‘A’, que sabe todos os seus segredos e que parece ser a amiga delas que morreu. E não são segredos pequeninos, são segredos que levam uma pessoa a fazer de tudo para os guardar. A série é um bom guilty pleasure, mas temporada após temporada comecei a ficar frustrada por não saber quem era ‘A’. Já para não falar que de cada vez que parecia que ‘A’ ia ser divulgado, falso alarme! A série alongou-se de mais no mistério à volta de ‘A’ e a certa altura perdi o interesse em ver e até em saber quem ‘A’ era. Outra coisa que me cansou, para além disso, foi a série ser irrealista de mais. Penso que várias situações seriam mais credíveis caso, em vez de adolescentes no secundário, estivéssemos a ver jovens na faculdade.
Revenge
“Antes de embarcares numa jornada de vingança, cava duas sepulturas”. Sim, quando estamos dispostos a lutar devemos estar conscientes de que podemos perder. Só que Emily Thorne (ou Amanda Clarke, como queiram chamar-lhe) não é o tipo de mulher que está disposta a perder. O desejo de vingar a morte do pai guiou a sua vida durante muitos anos, culminando num plano para destruir os responsáveis. Começámos bem, com uma premissa interessante e uma trama perfeitamente capaz de aguçar a curiosidade. Emily é a heroína da história (é como as pessoas a vêem), mas rapidamente se percebe que ela vai fazer o que for preciso para atingir os seus objetivos, os meios justificam os fins. Na sua busca pela vingança, Emily encontra os Grayson como grande obstáculo, uma família poderosa, mas cheia de telhados de vidro. Todos têm coisas a esconder, ninguém é bem o que parece. Pessoas vão morrendo pelo caminho, verdades vão-se descobrindo, novos segredos surgem. Tcharan! Afinal o morto não está morto! A série perde todo o seu propósito, certo? Certo! Se algumas pessoas consideram que isso pode ser um twist interessante, eu cá sinto-me enganada! Até porque nunca achei Emily uma heroína. Aliás, ela odiava Victoria, mas a verdade é que as duas eram bem mais parecidas do que estariam dispostas a admitir, mas ao menos Victoria tinha a decência de não se considerar a boa da fita! E aquele final, a sério? Revenge devia ter terminado antes de se tornar uma novela. Porque um final tão mau… Emily e Victoria deveriam ter-se destruído mutuamente! Isto não devia ter terminado com um conto de fadas!
Supernatural
Tal como o nome indica, Supernatural é uma série sobrenatural focada em dois irmãos que dedicam as suas vidas a combater eventos paranormais, como fantasmas, demónios e outros semelhantes. É difícil não nos apaixonarmos pela dinâmica dos irmãos Winchester e, para quem gosta da temática, rapidamente se vicia na série. Nas primeiras cinco temporadas, Supernatural é uma aventura interessante em todos os episódios, tendo sempre um grande vilão em cada temporada. Este era o número de temporadas planeado pelo criador Eric Kripke, que acabou por abandonar o seu cargo de showrunner quando a série foi renovada para uma sexta temporada e a sua saída é notória. A própria quinta temporada tem histórias interligadas com a primeira e até tem um bom final, que poderia muito bem ser o final da série. Ainda vi alguns episódios da sexta temporada e não é que não tivesse um ou outro episódio bom, mas já não tinha a magia das primeiras cinco temporadas.
Um bom policial tem de conseguir impor-se pelos seus casos de investigação. Sem isso, não faz muito sentido. The Mentalist é uma daquelas séries que ao início se acompanha bem, que até dá vontade de ver pelo carisma e perspicácia de Jane, mas que perde o interesse com facilidade. Nem mesmo saber quem é Red John é suficiente para prender, porque parece uma daquelas questões que nunca mais se resolvem! Mais uma vez temos dois parceiros (à semelhança do que acontece em Bones) com interesse um no outro e que demoram séculos para o admitir. Só que ao contrário de Brennan e Booth ou Castle e Beckett, acho que não há qualquer química entre Jane e Lisbon. É estranho vê-los juntos e cai no mau cliché destas séries em que os protagonistas ficam sempre juntos. É certo que numa altura em que há tanta variedade de escolha começa a ser difícil ser original, mas mesmo assim pede-se um pouco mais de esforço aos argumentistas. Assim acabamos por ver séries que não trazem nada de novo.
The Vampire Diaries
Numa altura em que a temática dos vampiros estava na moda, eis que aparece The Vampire Diaries. Gostei bastante da série inicialmente, apesar desta ser mais uma que tem atores adultos a passarem por adolescentes do secundário. Nunca fui muito fã de Elena, por ser uma personagem um pouco monótona, mas não tenho queixas dos restantes personagens, que ajudam a suportar Elena todos os episódios. A série foi mantendo o interesse com o triângulo amoroso entre os dois irmãos vampiros e Elena; Caroline a tornar-se vampira; os feitiços de Boonie; os lobisomens; a introdução dos vampiros originais e tantas outras histórias… Não é fácil continuar uma série depois da saída de um personagem principal e acredito que The Vampire Diaries tenha perdido muitos seguidores com a saída de Nina Dobrev e a sua Elena. No meu caso, perdi o interesse antes disso. A começar na transição de Elena para vampira, passando pela morte de Katherine, que era bem mais interessante que Elena, e principalmente quando os The Originals criaram a sua própria série.
Two and a Half Men é uma comédia onde Charlie, o eterno solteirão milionário e que vive sozinho numa mansão na praia, vê a sua vida alterada quando o irmão vai viver com ele, juntamente com o filho de 10 anos. Os dois irmãos não podiam ser mais diferentes e proporcionam situações bastante caricatas quando tentam educar Jake. É habitual vermos Charlie a fazer asneiras, que acabam por ser salvas por Alan, o irmão responsável. As primeiras temporadas têm bastante piada, mas a série perde a graça quando Jake deixa de ser uma criança fisicamente e é penoso continuar a vê-lo uma criança mentalmente. Desisti de ver a série definitivamente quando substituíram o Charlie Sheen por Ashton Kutcher. Não que Ashton não seja bom ator de comédias, mas para mim a alma de Two and a Half Men era Charlie Sheen.
E para vocês, quais são aquelas séries que consideram terem temporadas a mais?