Séries: ver sozinha vs. com companhia
| 05 Set, 2015

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Para qualquer seriólico que se preze, o momento de ver séries é uma espécie de ritual sagrado que pode envolver alguma logística. Se há aqueles que não prescindem de pipocas, chocolates ou gelado para acompanhar, de lenços de papel para as séries mais dramáticas e uns calmantes para aquelas séries que dão cabo dos nervos, mas que, por algum motivo não se consegue evitar continuar a ver. Uns preferem ver séries pela madrugada fora, outros dão-se melhor com maratonas diurnas ou com apenas um ou dois episódios por dia, mas há uma questão que se impõe acima de todas: é preferível ver-se séries sozinho ou acompanhado?

As duas opções têm as suas vantagens e desvantagens, mas tenho uma clara preferência, principalmente no que diz respeito às minhas séries de eleição. Não há nada com ver Grey’s Anatomy ou The Fosters sozinha, em especial de manhã cedo, quando preciso de algo para me ajudar a ultrapassar os primeiros momentos de preguiça do dia. Estas e outras séries com uma certa componente emocional – e no caso de Grey’s, com uma certa tendência para o assassinato de personagens por parte de Shonda Rhimes – são vistas melhor em privacidade. Sim, porque uma pessoa deve poder chorar e emocionar-se à vontade, se assim quiser, e rir com vontade, sem ninguém a olhar para nós como se fôssemos ET’s.

Vejo de bom grado séries como The Walking Dead, The Big Bang Theory, Under the Dome, Modern Family e Trophy Wife com o meu irmão, Downton Abbey e Call the Midwife com a minha mãe ou até mesmo Deception com a minha melhor amiga, mas não vou muito para além disto. Também estou sempre disponível para umas repetições de Friends acompanhada ou para dar a conhecer a alguém uma série que acho que mereça ser vista, mas fico-me por aqui.

Já corri o risco de ver episódios importantes de séries com companhia, mas não correu bem! Eu prezo silêncio quando estou a ver algo pela primeira vez e dispenso totalmente comentários. É claro que eu devia ter sido perspicaz o suficiente para perceber que devia ver sozinha o episódio musical de Grey’s porque a minha impaciente amiga não iria gostar – e de certa forma é compreensível, porque é algo que se estranha, muito antes de se entranhar – e que até ameaçaria mandar o meu computador ao chão. Resultado, passei o tempo a desejar que ela se calasse, a mandá-la calar, a tentar salvar o meu pc de ir pelos ares e a tentar ver o episódio no meio disto tudo. Isso não desculpa o facto de ter visto o episódio cinco (ou oito) vezes noutras ocasiões, mas lá que me permitiu concentrar-me muito melhor, lá isso permitiu.

Sim, porque afinal de contas não sou esquisita no que toca a ver séries! Vejo a qualquer hora do dia, no pc ou na televisão, não preciso de snacks calóricos e não me importo de me ficar por poucos episódios, mas também não digo que não a uma maratona. A única coisa de que preciso é de ver as minhas séries de eleição sozinha, para poder sofrer ou indignar-me à vontade. Sim, porque isso de ver séries sem me importar com os personagens é coisa que não acontece e nunca acontecerá.

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