Numa altura em que os crossovers, spin-offs, spin-offs de spin-offs, companion series e afins abundam, pouco fica por surpreender no mundo das séries. Nesta crónica, quero mostrar que não há limites para crossovers entre séries, por isso, decidi escolher duas séries ao acaso, sendo que uma vi toda e outra desisti numa das temporadas iniciais. A ideia é pegar em duas séries muito diferentes e fazer com que haja enredo para um episódio em comum, por muito insano que pareça!
Segue então a probabilidade do que aconteceria num improvável crossover entre Grey’s Anatomy e True Blood, com breves passagens por House e Ghost Whisperer…
Dois anos passaram e Meredith continua devastada com a morte de Derek, mas tinha de refazer a sua vida, pois tem três filhos para criar e uma profissão que adora e que exige muito empenho e dedicação. Neste período as coisas começaram a recompor-se, sobretudo após ter recebido o prémio Harper Avery por ter curado o mau feitio crónico da sua amiga Cristina (que por sinal já abandonou a série).
Começara a namoriscar com os enfermeiros e os internos que tem sob seu comando, mantendo assim a tradição do Hospital Grey Sloan Memorial. Os suspiros pelas saudades de Derek tornaram-se mais espaçados e agora apenas aconteciam uma a duas vezes por semana, sobretudo na hora de ir passear o cão à rua em dias de chuva, ou quando não conseguia abrir um frasco de feijão em conserva. Como já percebemos, Meredith recomeçara a viver a sua vida!
Tudo nos diz que Meredith estava no caminho certo, não fosse Shonda Rhimes uma senhora muito má! E, a determinada altura, quando a primavera já se refletia nos primeiros raios de sol, Zola começa a demonstrar alguns sintomas de que algo não está bem. Após análises e inúmeros exames, Meredith não conseguiu solucionar a rara situação patológica da filha. Ainda equacionou consultar o Dr. House, mas como já estava “vacinada” contra mau feitio, optou por consultar a sua amiga de longa data Melinda Gordon (Ghost Whisperer), que, após conferenciar com os fantasmas que vagueavam pelo hospital, aconselhou-a a viajar até à cidade natal onde aparentemente viveram alguns dos antepassados de Zola: Bon Temps, no Louisiana.
Sem mais demora, Meredith e Zola reviraram o guarda-roupa à procura da roupa mais pirosa que tinham, às bolinhas e flores, fizeram a mala e puseram-se a caminho de Bon Temps, enquanto aprendiam sotaque solista com a ajuda de um CD daqueles que maus atores compram para simularem novas pronúncias.
Chegadas a Bon Temps, Meredith e Zola nem têm tempo para descansar, pois Sookie está aos gritos porque o seu irmão foi mordido por algo e encontra-se inconsciente na berma da estrada! Meredith pega no seu estetoscópio e não hesita a salvar quem está em perigo! Assim que Jason recupera os sentidos exclama: “que estetoscópio tão lindo!”. Sookie acalma-se e percebe que Zola não é normal, não fosse ela uma fada que ouve os pensamentos das pessoas.
A noite cai e Eric e Bill correm para salvar a fada, já que ambos apenas concordavam num aspeto: Sookie era boa na cama… ou no chão húmido da floresta… ou no cemitério… enfim, já perceberam! Quem chega logo atrás, porque teve de ir trocar de sapatos, foi Pam que, assim que põe os olhos em Meredith, exclama: “estas bitches não são de cá, mas são grandes aspirantes a saloias!”.
Após examinarem os ferimentos de Jason, com a ajuda de Meredith, e depois da consulta da enciclopédia de mordidas peculiares que existe na biblioteca de Bon Temps, Eric confirma o inevitável: Jason foi mordido por uma criatura que se julgava extinta, uma mulher-borboleta (se a série não tivesse ficado pela sétima temporada, ao ritmo que apareciam novas criaturas, é muito provável que Alan Ball tivesse de inventar os homens-borboleta)!
Jason dá um gritinho estridente – um dos primeiros sintomas da transformação -, e choraminga ao saber que ganhará asas coloridas e antenas cintilantes, mas controlando a sua transformação (tal como acontece com os lobisomens), poderá levar uma vida perfeitamente normal.
Agora que a situação acalmou, Eric e Bill, olhando para Meredith, exclamam em uníssono: “que estetoscópio tão lindo!”. Mas Pam interrompe-os, manda-os refrear o fetiche natural dos homens de Bon Temps por fardas médicas e interpela Meredith sobre o motivo da sua passagem pela terriola. Assim que Meredith começa a descrever o seu problema, Pam aproxima-se de Zola, sente o seu cheiro e diz: “o teu odor é parecido com o daquele cozinheiro maquilhado, chamado Lafayette” e indica-lhe o caminho a tomar. Nisto se passou toda a noite e os raios de sol já começavam a iluminar aquele pequeno pedaço de terra do Louisiana.
Lafayette ainda não se havia recomposto da morte de Jesus e via o seu espírito nas sombras, atrás das portas e dentro dos armários. Assim que Meredith bate à sua porta e ele põe os olhos em Zola, grita: “não pode ser!”. Manda-as entrar e, depois de Meredith lhe contar que foi enviada ali por Melinda, Lafayette revela uma verdade explosiva: ainda Jesus era vivo e ambos estavam numa de experimentar feitiços que encontravam na internet, não fossem eles dois bruxos poderosos. Um desses feitiços era de fertilidade e, depois de muita vodka, Jesus e Lafayette fizeram amor numa noite de lua cheia enquanto entoavam o feitiço entre os gemidos próprios do ato. Ao amanhecer, quando acordaram na clareira da floresta, onde Eric e Sookie tinham estado na noite anterior, viram uma menina pequena a correr que desapareceu… era Zola, filha dos dois, fruto do feitiço! Sim, Zola apresenta sintomas estranhos porque os seus poderes de bruxa estão a despertar!
Meredith cai e, por sorte, estava um sofá atrás de si, pede uma bebida forte para se recompor do choque. Sempre lhe disseram que Zola tinha vindo de África! Passaram várias horas e anoiteceu. Zola adormeceu no colo de Lafayette, enquanto este lhe fazia tranças com adereços brilhantes e lhe contava os momentos marcantes que vivera com Jesus, incluindo aquele em que rasgou a farda de enfermeiro do seu amado, para terem sexo na parte de trás de uma ambulância!
Meredith decidiu sair para espairecer e eis que aparece Eric que lhe propõe uma noite tórrida de sexo. Meredith olha para o relógio e diz: “ a noite toda não, mas ainda temos cinco minutos para queimar até ao fim do episódio”. Eric, com o seu sorriso travesso, responde: “só se trouxeres o estetoscópio!”. E assim termina o episódio, com Meredith e Eric numa das inúmeras clareiras da floresta de Bon Temps, completamente despidos numa cena altamente erótica… E, segundos antes dos créditos finais, Jason, completamente transformado em homem-borboleta, voa pelo céu, iluminando-o com as suas antenas cintilantes!
Fim!
Rui André Pereira