Porque não gosto de policiais…
| 08 Ago, 2015

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É com grande nostalgia que recordo os fins-de-semana até há bem pouco tempo, questão de dois ou três anos, quando passava os dias frios e chuvosos em frente à tv a ver filmes e séries! Eram tardes bem passadas! Quer dizer… eram tardes bem passadas quando os filmes/séries não eram policiais, corria logo a mudar de canal. O grande problema ocorria quando não havia mais nada de jeito na televisão, ficava aborrecido porque não tinha outra opção.

Portugal tem uma grande tradição no género policial, tanto em séries como em filmes, graças aos canais generalistas, entre os quais o nosso parceiro SIC, porque elegem as séries policiais para passarem nos parcos horários reservados a este tipo de programas. Isto porque, antes de começarem as “tardes pimba” de domingo, os filmes e séries que passavam eram de géneros variados. Tínhamos duas tardes de fim-de-semana, mais as dos feriados, repletas de séries e filmes… era uma alegria! Com os horários para séries e filmes drasticamente reduzidos, os canais tiveram de começar a selecionar sabiamente os títulos que iriam passar. E quais os títulos escolhidos? Policiais!

Sempre que me perguntam quais os géneros de séries que gosto/sigo, a resposta é sempre a mesma: “vejo qualquer tipo de séries, desde que não seja policial!”. Ora bem, sabendo que as séries policiais são as mais populares em Portugal, acabo sempre por deixar os inquiridores boquiabertos e surge sempre a mesma questão (“Porquê?). Com este documento, a partir de agora, não mais terei de explicar os motivos pelos quais não gosto de policiais, limitar-me-ei a dar o link desta crónica!

Começando pelo guião: demasiado previsível! É verdade que há aquelas séries policiais que perseguem um criminoso a temporada toda, o que dá para desenvolver o enredo, fazendo que não seja sempre a mesma coisa todas as semanas… este tipo de séries até posso ver. Mas as séries policiais que apresentam um caso por semana, são tão previsíveis, que ofendem a minha inteligência de tal modo, fazendo-me sentir um Sherlock Holmes: mal começa o episódio, em cinco minutos sei como vai terminar. E, a partir do segundo episódio, entramos numa espécie de loop interminável, repetindo o episódio inicial com ligeiras variações nas falas e nos acontecimentos. Ora vejamos: o episódio começa com um crime, seja ele rapto, homicídio,… a equipa policial chega, recolhe provas, interroga familiares, amigos da vítima, potenciais suspeitos… o cerco aperta, às vezes o criminoso tenta fugir, outras vezes nem oferece resistência, disparam-se uns tiros pelo meio e até há perseguições. Nos minutos finais, um dos agentes/personagens principais narra uma espécie de moral do dia enquanto se vê o criminoso a ser algemado, ou algo semelhante!

Em segundo lugar vêm os castings: há sempre uma ou duas (às vezes mais) personagens principais que apresentam uma postura mais série, cuja experiência profissional é fantástica. Logo no círculo próximo, existem outros policiais/investigadores que além de um pouco distraídos, cometem algumas gafes e são detentores dos momentos mais cómicos da série. É verdade que há variações, mas se pegarem nas vossas séries, vão ver que os núcleos centrais têm entre quatro a oito pessoas e descobrem sempre as características acima mencionadas.

As séries policiais são, por norma, as que mais temporadas conquistam, estando vários anos no ar. A determinada altura, a escassez de ideias fazem com que os guionistas apresentem casos, semelhantes aos já explorados anteriormente, com ligeiras variações. Outra situação decorrente deste excesso de temporadas é o desgaste das personagens e, consequente, dos atores, levando a que os guionistas lhes provoquem mortes trágicas que, no fim de contas, nem causam grande emoção nos seguidores.

Noutras situações, os guionistas engendram planos complexos em que a equipa criminal enfrenta um némesis malvado e difícil de capturar. Como é possível que a polícia super equipada e com imensa experiência, que nós assistimos nos episódios anteriores, não consiga chegar àquele criminoso? E a parte frustrante é que o criminoso deixa pistas e quase é capturado, fugindo sempre à última da hora. Mas, no fim da temporada, acontece o previsível: o grande vilão é preso ou morto pelos heróis da série… ou seja, nada de novo acontece!

Mas lá está, esta é apenas a minha opinião e orgulho-me pela diversidade de gostos que existem neste mundo… pois se todos tivéssemos a mesma opinião, esta vida perdia a piada toda. Tal como gosto de ser respeitado, respeito todos aqueles que gostam de policiais, tal como eu sou mais dos géneros de ficção-científica, sobrenatural e fantasia.

E tu? Gostas de policiais? Ou, tal como eu, não lhes achas grande piada? Conta-nos tudo!

Rui André Pereira

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