Depois de me ter aventurado pelas séries do meu passado pensei que o exercício não ficaria completo se deixasse escapar a oportunidade de falar um pouco sobre os meus vícios mais recentes. Então a ideia é muito simples: peguei nas séries que mais gostei de ver desde que atingi a idade adulta (coisa que aconteceu há uns sete anos) e que de alguma forma me marcaram especialmente. A única regra é não repetir nenhuma de que já tivesse falado nas crónicas das séries da minha infância e da minha adolescência. Aqui seguem as minhas favoritas, sem nenhuma ordem em especial.
American Horror Story: Asylum
Depois de ter visto a primeira temporada com curiosidade, ver a segunda era algo evidente, mas nunca pensei que uma série deste género me pudesse deixar completamente viciada. Primeiro que tudo, Lana Winters cativou-me logo no início, no seu papel de jornalista cheia de vontade de descobrir um ‘furo’. Depois deixei-me envolver na história, senti vergonha pelo que faziam àquelas pessoas no asilo, tratando-as como lixo só porque eram doentes, homossexuais ou outras coisas que eram consideradas tabu naquela altura (e que lamentavelmente ainda são nalguns sítios). No entanto, para mim Lana – Sarah Paulson é fabulosa e continuo sem perceber porque não lhe dão um Emmy – é a verdadeira estrela da temporada, uma personagem forte que é fácil admirarmos e que não se deixou vergar mesmo quando tinha todos os motivos para isso. Também há que salientar o excelente trabalho de Evan Peters como Kit Walker (outro dos meus personagens preferidos de toda a série) e o de Zachary Quinto e James Cromwell como vilões. Ainda hoje, sempre que vejo Cromwell o homem dá-me verdadeiros arrepios. O final de temporada foi também qualquer coisa de genial. Pena tenho é que Coven não tenha nem chegado aos calcanhares de Asylum, mas diga-se que a fasquia tinha ficado extremamente elevada.
Engrenages
Se me tivessem dito que um dia ficaria completamente rendida a uma série francesa, não teria acreditado. Não tenho absolutamente nada contra a cultura francesa, mas também nunca me foi muito próxima. Descobri esta série completamente por acaso e foi uma excelente surpresa. Atrevo-me mesmo a dizer que esta é a melhor série policial que já vi (sorry, Blue Bloods). Cada temporada (com um mínimo de oito e um máximo de 12 episódios), acompanha uma investigação policial, seguida também pelo trabalho de advogados e juízes. Os casos são fortes e viciantes e tudo parece muito mais real do que nas séries americanas, em que os criminosos são muitas vezes apanhados graças a grandes recursos tecnológicos. Há personagens para todos os gostos: o insuportável e duro juiz Roban; a obstinada, mas muito humana capitã da Polícia, Laure Berthaud; sem esquecer a brilhante advogada Joséphine Karlsson – a minha preferida – que odeia a polícia e se deixa levar demasiado longe pela ambição. O único ponto fraco desta série é a primeira temporada – um pouco amadora em vários aspetos – e com um nível de qualidade muito inferior à das seguintes. No entanto, não tem menos mérito por isso. Já a recomendei a duas amigas, que também já ficaram rendidas. Outro ponto positivo: esta série é maravilhosa para desenferrujar o meu francês.
Grey’s Anatomy
Quem me conhece sabe que esta série é o meu verdadeiro guilty pleasure. Comecei a ver regularmente já a 5.ª temporada decorria, mas em pouco tempo me viciei completamente. Não sei porquê, mas sempre tive um gostinho especial por séries médicas e por dramas e Grey’s junta muito bem as duas coisas. Digam o que disserem sobre a série não ser mais do que uma espécie de novela e ter temporadas a mais, Grey’s vai ter sempre reservado um lugar muito especial no meu top de séries. Nunca sofri tanto a ver televisão como sofri com este grupo de médicos, nunca senti tanta ansiedade por um novo episódio, nunca tive tanto medo da próxima morte (felizmente a minha personagem preferida continua a escapar), nunca fui tão shipper de um casal como de Callie e Arizona e nunca me ri tanto com um drama. Também tem sido muito interessante ver estes personagens crescerem, não só como profissionais médicos, mas também como pessoas. Nenhum deles é o mesmo que era quando começámos a primeira temporada. Já vi muitas vezes cada episódio, tenho em DVD as primeiras sete temporadas (preciso que alguém me ofereça a oitava!) e sempre que dá na televisão, é nesse canal que paro. São já muitas as temporadas e os anos da série, mas não me sinto preparada para dizer adeus quando a altura chegar.
Once Upon a Time
Aquela que já foi uma das minhas séries preferidas, quase ficou de fora desta minha lista. No entanto, em nome dos bons velhos tempos, decidi que não era muito justo deixá-la de fora. Não costumo ser fã de séries que envolvem o mundo da fantasia, mas acabaram por me convencer a dar uma oportunidade a OUAT. O facto de o paradigma dos contos de fadas ser um bocadinho desmistificado, com os vilões a terem um lado menos mau e os bonzinhos a terem um lado mais cruel, conquistou-me. Também toda a envolvência de Storybrooke (adoro cidades pequenas) e Regina contribuíram para que esta se tenha tornado uma das minhas adoradas séries. No entanto, agora com quatro temporadas terminadas, já começo a acusar a exaustão. Porquê? Demasiadas histórias paralelas, demasiados novos vilões, o facto de todos os feitiços – exceto a morte – serem possíveis de reverter… Mesmo num universo de fantasia deviam ser respeitadas algumas regras, se não para bem da minha sanidade mental, ao menos pelo bem da história. Não é muito abonatório continuar-se a ver uma série apenas porque se quer saber o que vai acontecer com uma ou duas personagens, mas é assim que me sinto em relação a OUAT. Continuo a ver porque quero saber como é que Regina vai acabar e, já agora, por Emma também. Acabei por afeiçoar-me a ela, bem como a Hook e ao seu sotaque. De resto, nas temporadas mais recentes tivemos alguns bons momentos com a história de Elsa e Anna de Frozen e com um conhecimento mais profundo de Malificent, mas sinto saudades de quando a série se centrava no núcleo principal e, sobretudo, de quando Emma fazia parte, indubitavelmente, do lado dos bons.
One Tree Hill
Esta é a única capaz de competir com Grey’s Anatomy pelo primeiro lugar das séries da minha vida, mas nunca fui capaz de decidir a quem atribuiria o pódio. Já OTH tinha terminado quando me decidi a vê-la e nunca teria sido capaz de imaginar que iria ver uma série de nove temporadas em cerca de três meses. Nunca fui muito pessoa de maratonas, mas com One Tree Hill não fui capaz de limitar-me a um episódio por dia. ‘Apaixonei-me’ logo por Brooke, também cedo me deixei conquistar por Nathan e adorei Peyton, apesar de me apetecer bater-lhe a toda a hora. Consegui identificar-me com cada uma das três personagens femininas principais, identifiquei-me com a paixão de Lucas pela escrita e torci imenso para que tudo corresse pelo melhor a estas cinco pessoas. O salto de quatro anos que a série deu não me fez qualquer espécie de confusão. Tive sim alguns problemas em adaptar-me ao novo elenco, com Quinn e Clayton, que eram um casal extremamente aborrecido. No entanto, One Tree Hill é a minha série perfeita e mesmo quando não era perfeita, conseguia conquistar-me como nenhuma outra série conseguiu. É uma série que vi com um sorriso nos lábios, mas com a qual também sofri bastante. Se não fosse assim, não teria a mesma piada. “There’s only one Tree Hill, and it’s your home”. Posso mudar-me para a Carolina do Norte?
Orange Is the New Black
De todas as séries que vejo, esta é a mais aclamada pela crítica. Além disso, OITNB é também muito querida junto do público e muito querida também para mim. Esta série não tem pudores, mas é precisamente isso que lhe dá realismo. Afinal trata-se de uma série passada numa prisão feminina: as pessoas dizem palavrões, fazem sexo, formam-se amizades, há traições, o melhor e o pior das relações humanas, mas também uma humanização daquelas pessoas. Os flashbacks são perfeitos nesse sentido, dando-nos a conhecer não apenas o que as levou até à prisão, mas também um pouco das suas vidas. Além disso, acho que é uma série que tem feito um excelente trabalho a abrir mentalidades. E é um ano à espera de uma nova temporada, portanto não há como não ficar ansiosa! A ver vamos que personalidade terá Piper na próxima; começo a achar que ela é completamente louca e não sei se digo isto no bom ou no mau sentido. Espero que a série continue a fazer-me gostar de personagens que odiei no passado.
Prison Break
Ainda há pouco anunciaram o regresso de Prison Break à televisão e não sei se fique contente ou receosa. Há sempre perigo em pegar em algo que ficou encerrado e trazê-lo de novo à vida (e não estou a fazer piadas por causa do prometido regresso de Wentworth Miller, cujo personagem está morto!). Esta é daquelas séries viciantes que não se conseguem parar de ver e eu sempre gostei de uma boa história de ação. Não há dúvidas de que a primeira temporada (e até mesmo a segunda) foram superiores às outras, mas não houve nenhuma altura em que tivesse perdido a ansiedade pelo episódio seguinte. Vi a série de enfiada, já vários anos depois de ter terminado, numa reposição da televisão, depois de não ter conseguido apanhar tudo na primeira vez que foi transmitida. De tudo na série, aquilo de que menos gostava era de Scofield, personagem que eu considerava aborrecido, mas não há dúvidas de que o homem era um génio.
Private Practice
Já aqui faltava a minha outra série médica querida. Não sei se o mesmo aconteceu com os outros fãs de Grey’s, mas para mim era imperativo acompanhar Private Practice, não fosse a Addison uma das minhas personagens preferidas. Ao contrário daquilo que me acontecia em Grey’s, aqui não era muito afeiçoada ao elenco, uma vez que não gostava de metade deles. Já é conhecida a minha antipatia por Naomi, Sam, Pete, mas também por Violet, durante a maior parte da série. No entanto, aqui os casos médicos eram mais interessantes, menos técnicos e mais focados na pessoa. Houve alturas em que esta série superou em muito a qualidade da que lhe deu origem. Private Practice terminou no momento certo, quando as histórias dos personagens estavam a chegar ao fim, sem prolongamentos desnecessários para fazer render. Esta é daquelas séries cujas repetições na televisão vejo sempre que posso e já são mais que muitas as vezes em que vi cada episódio. Destaque para alguns momentos dramáticos como a violação de Charlotte, a luta de Amelia contra o vício e a sua posterior gravidez e, claro, os problemas de Addison com a sua complicada família.
The Fosters
Confesso que foi daquelas séries que experimentei ver pela simples curiosidade de ver o que dali ia sair, mas não tinha grandes expectativas. As minhas baixas expectativas saíram frustradas, porque rapidamente me apaixonei por esta adorável família. The Fosters é uma série muito humana, exemplar a explorar as qualidades e defeitos dos seus personagens, e que marca ainda mais pontos pela abordagem de temas sensíveis como o racismo, a homossexualidade na adolescência, o abandono e a adoção. Tudo isto aliado à dinâmica familiar e do próprio casal principal, dá origem a uma das minhas séries preferidas da atualidade e uma das que me é mais querida. Além disso, tem a dose certa de drama adolescente parvo (que, é como quem diz, não tem muito). Há ainda uns quantos personagens secundários com quem é fácil simpatizar, como Mike, o ex-marido de Stef; Wyatt, o ex-namorado de Callie, e Robert, o pai biológico também de Callie.
The L-Word
Esta foi a primeira maratona que fiz na vida. Já há vários anos que sentia vontade de ver esta série embora, na verdade, não soubesse muito sobre ela. Assim sendo, numa altura em que várias das minhas séries estavam em hiato, decidi iniciar The L-Word. O primeiro episódio foi suficientemente satisfatório para querer ver o segundo e, em menos de nada, dei por mim a ver vários episódios seguidos, sempre ansiosa por saber o que iria acontecer. Para quem, como eu, gosta de séries com muito drama à mistura, esta é perfeita. Se há coisa que estas mulheres sabiam, era como serem dramáticas. No entanto, tenho limites em relação ao quanto gosto dos meus dramas. Tudo o que for ser como a Jenny é dramatismo a mais. Achava a personagem completamente insuportável e também não achava Shane muito melhor (ainda tenho entalado o que ela fez à Carmen!). Bette e Helena foram as minhas favoritas numa série que teve menos episódios do que os que eu gostaria. Já que estamos numa maré de ‘ressuscitar’ séries já terminadas, não podiam fazer o mesmo com esta? Seria muito interessante perceber o que aconteceu realmente a Jenny. Quem é que a matou? Eu sei que disse que a odiava, mas não fui eu. Quanto às personagens, não ponho as mãos no fogo por nenhuma, mas adorava saber quem foi.
Quanto às vossas séries preferidas, querem contar quais são? .
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