Ora bem, sei que venho tocar num ponto sensível e já estou à espera que me atirem fruta na praça pública. Sim, eu estou a escrever uma crónica a defender a Laurel Lance de Arrow. Ela foi sempre um dos motivos pelos quais hesitei ver a série porque via o ódio que os fãs tinham à personagem nas redes sociais e tive medo de me juntar a eles e adoro a Katie Cassidy.
Contudo, neste verão lá me decidi em ver e, honestamente, cheguei ao fim da segunda temporada sem perceber porque é que ela é uma personagem tão desprezada pelos fãs. Ódio pelo Joffrey Baratheon de Game of Thrones eu percebo. Até entendo e concordo plenamente o ódio pela Barbara Kean de Gotham, que deve ser das personagens mais irritantes e inúteis da televisão americana da atualidade.
Sou a primeira a admitir que Laurel está longe de ser a personagem perfeita. Não é, definitivamente. Sinceramente, havia alturas em que me apetecia dar-lhe com uma cadeira naquela cara esquelética. Já vimos personagens que se refugiavam no álcool e nas drogas em milhares de séries. É muito batido, um cliché.
Eu aponto a culpa da falta de popularidade da personagem aos produtores, que geriram mal a personagem. Mas colocando isto de parte, vamos lá analisar o motivo pelo qual Laurel até alguma razão para agir da maneira que agiu.
Todos sabemos que Oliver sofreu muito na ilha e que a sua personalidade deu quase uma volta de 180º durante aqueles cinco anos de inferno em Lian Yu (e não só). Vemos nos flashbacks a sua jornada. Sara também passou por muito tanto no cargueiro como em Nanda Parbat. Eles já cresceram e chegaram a Starling City em modo herói. Laurel também sofreu. Muito. Nem imagino como não se terá sentido quando descobriu que o namorado e a irmã morreram numa viagem em que estavam a traí-la. Nós gostávamos do Oliver e por isso irritava-nos a maneira como ela a tratava. Gostávamos da Sara e por também nos chateava o quão (desculpem o termo) cabra Laurel era para a irmã. Ela teve todos os motivos para os odiar. Todinhos. Eu tinha sentimentos contraditórios porque, por um lado, percebia-a, mas por outro, vi pelo que eles passaram e achava injusto aquele desprezo. Laurel não sabia que Oliver era o Arrow e não sabia que a irmã fazia parte da Liga dos Assassinos. Não sabia nada e essa ignorância era irritante.
Digam-me lá que ela não se tornou numa rapariga muito mais agradável desde que soube que o Oliver era o justiceiro da cidade? Começou a acalmar e a juntar-se, aos poucos, à Arrow Team. Estava com um certo receio que ela voltasse às origens aquando a morte da Sara mas felizmente ela dirigiu a raiva para o lado certo.
Sinceramente, estou a gostar imenso da sua evolução enquanto Black Canary. Ela não é praticamente invencível como a Sara, o Oliver e o Roy. Ela é uma super-heroína em fase de crescimento. Para quem diz que ela está a evoluir demasiado depressa, não se esqueçam que ela sempre se soube defender bem (visto ser filha de um polícia) e teve aulas com o Ted Grant (um treinador de super-heróis, que também foi mentor de um certo senhor vestido de morcego que vive na cidade de Gotham…). Espero que Oliver assuma o seu treino a partir de agora (romances à parte, o Green Arrow e a Black Canary lutam muitas vezes juntos na banda desenhada). Na verdade, a única coisa negativa que lhe aponto foi ter escondido do pai que Sara estava morta.
Com isto, quero dizer que, por muito que ela não seja a Black Canary que muitos desejávamos (isto pode mudar, mas por agora não é) acho que merece o benefício da dúvida e que os fãs não continuem de costas voltadas para ela por pura teimosia. Katie Cassidy pode não ser nenhuma Meryl Streep, mas vê-se que se está a dar o litro pela sua personagem e a defendê-la com unhas e dentes.
Que venha mais Dinah Laurel Lance. Que venha mais Black Canary. Que venha mais Arrow Team.