Quantas vezes, desde que são adultos, pegaram num livro de histórias infantis e pensaram para vocês mesmo “Isto não está certo”? Talvez nunca o tenham feito, mas eu já e foi precisamente isso que pensei. Os ‘bonzinhos’ matam os ‘maus’ para mostrar que o bem impera sobre o mal, mas será que é assim que o bem deve vencer o mal?
Será que as crianças captam essa parte em particular ou absorvem a parte de matar acima de qualquer outra? Não estou a tentar provar nenhuma teoria psicológica ou a tentar sobre-analisar nada. Estou sim a dizer que os livros infantis não me soam assim tão inocentes ou puros como deviam ser. Não são histórias que eu queira contar, sob a mesma perspetiva, aos meus futuros filhos, sobrinhos ou afilhados.
Bem, isso faz-me pensar automaticamente em Once Upon a Time, que o que fez foi reinventar por completo a nossa visão dos contos de fadas. A série pode ser um bocado dark para uma criança, é-o sem dúvida, mas ao menos mostra que os vilões podem ter um lado bom e que os bonzinhos têm um lado mau. Há uma certa tentativa da série de humanizar os personagens e penso que isso é bem melhor do que condená-los a um rótulo de ‘bons’ ou maus’.
O exercício que me proponho fazer já a seguir é o de – com influências da série, mas com algumas liberdades minhas de ocultar personagens e pormenores – contar a história de OUAT como gostava que as crianças a conhecessem.
Era Uma Vez uma jovem bonita e bondosa que estava muito apaixonada. O seu amado não era um príncipe, mas isso não impedia o amor que sentiam um pelo outro e que quisessem ficar juntos. No entanto, havia um problema a atrapalhar a relação dos dois e esse problema era Cora, a mãe da jovem Regina. Para casar com Daniel, Regina teria de ir contra a vontade da sua mãe, que queria que a filha casasse com um príncipe, para que mais tarde pudesse vir a ser Rainha. E Daniel trabalhava nos estábulos, portanto com ele Regina nunca teria a hipótese de subir à realeza.
Então Regina não tinha ninguém com quem falar destas suas preocupações, a não ser com a sua pequena amiga, a Branca de Neve. Para tentar ajudar Regina, a Branca foi falar com Cora para a tentar convencer que deixasse a filha casar com Daniel. Cora fingiu concordar, mas a verdade é que os seus planos não tinham mudado e para ter a certeza de que nunca haveria casamento, Cora usou a sua magia para fazer Daniel desaparecer. Regina chorou durante dias, triste pelo que tinha acontecido. Nunca se esqueceu de Daniel e ficou tão zangada que durante anos o seu coração não conseguiu perdoar Branca de Neve. Então decidiu que quando pudesse, que quando Branca se apaixonasse, ia fazer de tudo para impedir que ela ficasse com o amado.
No entanto, a Branca de Neve e o seu Príncipe Encantado, um príncipe verdadeiro, eram muito corajosos e conseguiram proteger-se durante algum tempo. Só que Regina estava a preparar uma magia para enviar o casal, e todos os seus amigos, para uma terra onde não havia magia ou finais felizes.
Passaram-se então muitos anos e agora todos viviam no tal local sem magia, incluindo Regina. Ninguém se lembrava da sua vida de antes até que apareceu uma jovem muito corajosa que mudou tudo e fez toda a gente voltar a lembrar-se do passado.
Seria de esperar que Regina e Branca quisessem vingar-se uma da outra – elas até quiseram -, mas outros problemas surgiram e elas tiveram de unir forças.
No meio de muitas aventuras, a verdade é que Branca tinha o seu Príncipe Encantado e Regina conheceu Robin e apaixonaram-se. Ele sabia algumas das coisas más que Regina tinha feito, mas sabia que no fundo ela tinha um bom coração e só precisava que alguém a ajudasse a lembrar-se de fazer o bem todos os dias.
Regina percebeu que tinha feito mal em tentar vingar-se de Branca, porque ela só a tinha tentado ajudar. Quanto a Branca, perdoou Regina e aprendeu que os segredos que nos contam devem ser bem guardados. A terra voltou a ter magia e todos os seus habitantes viveram sem guerras e lutas, percebendo que o amor e a amizade eram muito mais importantes que o resto.