Eu considero que não poderia ser, nem me sentiria, uma verdadeira fã de Grey’s Anatomy se não odiasse um pouco (ok, bastante) Shonda Rhimes. Ela pode ser a criadora de uma das séries que me é mais querida, mas tem sido também a destruidora de muito do que existe de bom naquela série.
Se durante muito tempo tive sentimentos duplos em relação a Rhimes, agora limito-me a considerar que ela tem vindo a dar cabo da minha série em muitos sentidos. Com alguns “crimes”, uns mais, outros menos graves, muita coisa tem mudado na série e não num bom sentido.
É claro que algumas das decisões polémicas da showrunner tiveram a ver com a decisão de alguns actores de saírem da série, mas há maneiras e maneiras de fazer isso acontecer. Além disso, muitos dos actos de Shonda são pura maldade.
Os próximos três itens são aqueles que considero os crimes mais graves e imperdoáveis de Shonda:
1. A amputação da Arizona: é sem dúvida alguma o acontecimento de GA que mais me marcou. Foi algo que marcou tanto a Arizona, a Callie e a relação das duas. Mais do que uma mudança física em Arizona, foi uma questão emocional, psicológica, que me custou imenso a assistir.
2. A morte do Mark: o Sloan sempre foi um dos meus preferidos, uma personagem engraçada, fácil de gostar. GA perdeu um bom homem com a morte dele, a Sofia perdeu o pai e a Callie perdeu o melhor amigo, precisamente na altura em que mais teria precisado dele. Além disso, o episódio à volta da preparação da morte dele, para lhe desligarem as máquinas, foi muito triste.
3. A traição da Arizona à Callie: não se pode dissociar completamente o tema da traição do da amputação, mas a verdade é que também não são o mesmo. No entanto, este é um dos casos em que mais me apetece bater em Shonda Rhimes. Eu penso que mais nenhum showrunner teria posto a Arizona a trair, não naquela fase da história, pelo menos, uma vez que não fez o menor sentido. Foi tão ‘fora’ da personagem, tão vindo do nada! De tal modo que o final da temporada era para ter sido feliz para Callie e Arizona (a própria Shonda tinha descansado os fãs do casal), mas depois houve uma mudança de planos. Ora, uma temporada não pode ser construída num determinado sentido para de repente um novo desastre emocional aparecer sabe-se lá de onde. Mais um desastre a acrescentar à grande lista da Callie -.-
Depois há ainda muitas outras questões que me incomodaram, embora com menos intensidade. São elas:
– A morte do Henry, o marido da Teddy: o que mais uma vez prova que Rhimes não consegue ver nenhum casal feliz, além de Meredith e Derek, claro.
– A morte da Lexie: a personagem começava a parecer um bocado “perdida” na série, mas a forma como ela morreu, nos minutos iniciais do episódio do final da temporada 8, pareceu tão a despachar que foi miserável.
– A morte do Dr. Thomas: o médico velhote e o único amigo da Cristina no Minnesota pode ter estado por muito poucos episódios na série, mas fiquei bastante triste com a morte dele.
– O acidente de carro que quase matou a Callie: tudo o que envolva a Callie a atravessar o pára-brisas do carro e a lutar pela vida dá cabo de mim. A morte dela ter-me-ia retirado a principal motivação para ver GA. Sofri tanto no raio do episódio musical!!!
– A actual “inimizade” entre Meredith e Cristina: ok, Sandra Oh vai deixar a série, mas Shonda Rhimes quer mesmo retirar uma das melhores personagens e actrizes da série destruindo a relação de Cristina e Meredith? Havia outras opções! Com a relação com Owen fracassada definitivamente, bastava Cristina deixar Seattle por uma oferta de trabalho em qualquer lado.
Pronto, são estes os principais pontos que me fazem ter vontade de bater em Shonda. Agora de forma mais genérica, revolta-me que quando as histórias começam a estabilizar, a showrunner “anime” as coisas com um qualquer desastre. Foi o que aconteceu com o tiroteio e com a queda do avião.
Ora bem, isto dá a entender que Shonda acredita tão pouco na própria série que tem de tomar estas medidas para a tornar “interessante”, mas não torna. Não que as séries devam ser previsíveis e que nunca deva acontecer nada de mal, mas simplesmente há vezes em que é demais. Não gosto da sensação de estar a ver um episódio sempre com medo da próxima desgraça.
E vá, não há muita coisa que seja sagrada para mim no mundo das séries, mas o casamento de Callie e Arizona era-o e a amizade de Meredith e Cristina também. Duvido é que alguma das relações volte a ser o que era, mas vou torcer por isso, sobretudo no que a Callie e Arizona diz respeito.
Diana Sampaio.