Mindy Kaling e Lang Fisher trouxeram-nos uma comédia dramática centrada numa adolescente americana de origem indiana. A série é inspirada na própria infância e adolescência de uma das criadoras e alia momentos divertidos com cenas mais tocantes. Descobre sete razões para ver Never Have I Ever.
1 – A cultura americana em oposição à indiana
Devi Vishwakumar nasceu nos Estados Unidos, mas toda a sua família é indiana. Ela é uma adolescente tipicamente americana que vive para os rapazes, para as amigas e que não consegue evitar meter-se em sarilhos. No entanto, em casa, ela sofre as pressões da mãe para se comportar de determinada maneira, fazendo jus (ou não, não sei) à ficção, que gosta de apresentar as famílias indianas como muito exigentes em relação à sua prole. O problema é que Devi, apesar de uma excelente aluna, está sempre metida em grandes confusões. No entanto, de todos os elementos da família, ela é a que se encontra mais adaptada à cultura americana e, em consequência, mais afastada do seu lado indiano. No entanto, é giro conhecer alguns dos costumes do país, através da mãe, da prima, da avó e de outros elementos deste clã.
2 – A relação de Devi com a mãe
É certo que Devi faz imensas asneiras, que diz e faz coisas sem pensar que mereceriam que ficasse de castigo até ser maior de idade, mas a mãe, Nalini, também consegue ser demasiado rigorosa em certas alturas. As duas chocam imenso, mas acabam por ter aquela que, para mim, é a relação mais interessante da série. Devi é só impulsiva, não faz as coisas por maldade. A mãe não está a tentar ser uma ditadora, é apenas exigente. Dantes, podiam contar com Mohan para apaziguar as coisas, mas quando ele morreu inesperadamente, tudo se complicou. Mãe e filha acabam por conseguir chegar a uma fase mais pacífica da relação que é boa de ver, mas os seus dramas atingiram níveis elevados de intensidade que proporcionam bons momentos dramáticos e de tensão.
3 – A dinâmica familiar alargada
Com Devi e a mãe vive também a prima, Kamala, que está a tirar o Doutoramento. Kamala é um génio, mas é também extremamente atraente, o que parece incomodar bastante Devi no início da série. Ao início, as duas não se dão muito bem, mas é uma daquelas coisas que não tem grande razão de ser. Kamala é uma ótima prima. Aliás, pode ser minha prima quando quiser, até porque acho o sotaque dela absolutamente adorável (mas isso é algo que também se pode dizer acerca de outras personagens). Na 2.ª temporada, a família cresceu, com a vinda da avó paterna de Devi para a casa da família. A avó também é uma personagem muito engraçada e que surge um pouco como figura apaziguadora e a dinâmica familiar das quatro acaba por ser bastante gira. Já conhecemos outros familiares deste núcleo principal, mas não são tão marcantes.
4 – As cenas em aulas
Como pessoa que nem quando era adolescente tinha grande paciência para dramas adolescentes à volta de paixonetas e de boatos, a minha parte preferida da série em contexto escolar prende-se mesmo com o lado mais académico. Tenho um soft spot por histórias passadas em salas de aula e por isso gosto imenso de ver Devi e os colegas aí, com os melhores alunos sempre a picarem-se uns aos outros e a competir entre eles, ao mesmo tempo que Trent não perde uma oportunidade para estar calado (e ainda bem, porque ele tem bastante piada, mesmo sendo tão alucinado). No entanto, a melhor parte são as aulas de História de Mr. Shapiro. É certo que ele se esforça demasiado, mas é precisamente esse o seu encanto e aquelas aulas parecem muito mais interessantes do que qualquer uma que eu tenha tido no liceu. Além disso, alguns daqueles projetos parecem mesmo interessantes. Posso não ser uma nerd tão grande como Devi ou Ben, mas também tenho os meus momentos.
5 – As sessões de Devi com a terapeuta
A Dr.ª Jamie Ryan parece ser a pessoa mais capaz de meter algum juízo na cabeça de Devi. Muitas vezes falha porque aquela miúda é demasiado impulsiva, mas bem tenta. É certo que estas sessões nas séries nunca parecem nada daquilo que se espera que seja uma consulta com um terapeuta, mas ainda assim são interessantes porque nos dão a conhecer um lado mais sério e intimista de Devi.
6 – Os flashbacks
Nem sempre os flashbacks são uma boa aposta, mas neste caso são totalmente necessários. Aliás, até devia haver mais. Às vezes os personagens estão a comentar alguma coisa que aconteceu e eu penso: “quero ver como é que isso foi”. No entanto, Never Have I Ever recorre aos flashbacks para nos mostrar, sobretudo, momentos familiares felizes e enternecedores. Acho que é uma forma bonita de manter Mohan presente na vida da mulher e da filha, o que também faz com que nós, espectadores, nunca nos esqueçamos dele.
7 – Perfeita para ver em modo maratona
Os episódios têm cerca de 30 min, o que é uma duração bastante boa quando se quer ver uma série em modo maratona. Ao ser leve e divertida, Never Have I Ever faz-nos querer voltar sempre para mais, mas com os seus momentos mais tristes e complicados envolve-nos verdadeiramente na história daquelas pessoas. A combinação destes fatores é vencedora e a prova disso é que vi as duas primeiras temporadas em dois dias.
NOTA: Never Have I Ever é a escolha do colaborador do Séries da TV, Marco Piteiro, para sugestão do mês de junho de 2023!