Já há muito tempo que não começava a ver uma série precisamente na altura da estreia, mas houve algo nesta que me cativou desde que foi anunciada e agora que acabou, posso dizer que superou todas as minhas expectativas. Se já viste a série, concordarás certamente com algumas das minhas observações. Se não, espero que estas sejam as sete razões que te vão levar a carregar no play para ver Mare of Easttown.
1 – Kate Winslet
A escolha de Kate Winslet para protagonista foi logo um bom indício do potencial que Mare of Easttown podia ter. Já vi uma data de filmes com ela e outra minissérie bastante boa da HBO, Mildred Pierce, na qual Winslet também tinha o papel principal, e a verdade é que a atriz nunca desilude. No entanto, de todas as personagens por ela interpretadas, Mare Sheehan é, sem qualquer espécie de dúvida, a minha favorita. Os louvores têm que ser divididos entre Winslet e o argumentista e criador da série, Brad Ingelsby. Isto porque uma personagem bem escrita pode facilmente perder-se nas mãos de um intérprete pouco talentoso e uma excelente atriz nem sempre é capaz de compensar um guião de qualidade inferior, mas aqui temos o melhor de dois mundos. Em teoria, Mare poderia ser uma personagem de quem não é fácil gostar-se, mas Winslet empresta-lhe uma humanidade interessante que nos permite ver-lhe os vários defeitos e, ao mesmo tempo, aceitá-los.
2 – A amizade de Mare e Lori
Tenho um fraquinho por amizades no feminino e Mare of Easttown traz mais uma excelente dupla nesse sentido. A vida de Mare não é fácil a nenhum nível, tanto familiar como profissional, e Lori é aquela amiga com quem ela pode contar para tudo. Lori também passa por alguns momentos complicados e as duas apoiam-se uma na outra. A amizade dura há muitos anos, desde os tempos do liceu, e é especialmente gira porque Mare parece mais uma espécie de lobo solitário do que alguém com uma melhor amiga, mas é assim mesmo. Curiosidade: Julianne Nicholson, que dá vida a Lori, e Kate Winslet já eram boas amigas na vida real.
3 – Os pequenos momentos de humor no meio de uma série pesada
Mare of Easttown é uma série pesada. Não ao nível extremo de The Handmaid’s Tale, mas, ainda assim, pesada. Não só pelo seu tema, pela sua história, mas pelo próprio ambiente. Não há muita cor, tudo parece sombrio e deprimente, o que não é, evidentemente, por acaso. O drama, que sempre foi o meu género preferido, está no ponto, mas a série também proporciona umas pitadas de humor que são deliciosas. Mais uma vez, palmas para Kate Winslet! São coisas muito subtis no que Mare diz ou na forma como o faz, mas verdadeiras pérolas. No entanto, o momento em a personagem desata às gargalhadas depois de se ter sabido uma coisa muito curiosa em relação à sua mãe, é impagável e absolutamente contagiante! A Helen de Jean Smart, que não é inocente nesta história toda, é também responsável por uns quantos momentos engraçados.
4 – O mistério à volta dos crimes
Uma série que dedica uma temporada (mesmo que seja curta) e não um episódio a uma investigação pode aprofundar bem a sua história e é exatamente isso que se verifica aqui. Há um homicídio, mas há também uns desaparecimentos por explicar e que não se sabe se estão interligados ou se se trata de crimes completamente distintos. Toda a aura de mistério é bem mantida e há várias pistas enganadoras que nos distraem, enquanto espectadores, daquilo que aconteceu realmente, o que também é muito positivo. Até porque só no último episódio é que descobrimos o que realmente aconteceu – e mesmo aí ainda houve reviravoltas – e, ainda assim, as coisas não pareceram precipitadas ou a acontecerem demasiado depressa. Os episódios são longos, com cerca de 1 hora de duração, o que também contribui para que a história seja bem contada, sem prejuízo da atenção de quem está a ver, porque garanto que é tempo que passa num instante.
5 – A dinâmica familiar complicada de Mare
O ex-marido de Mare vive, como ela diz, nas traseiras do quintal. Em casa de Mare, vivem o neto, a filha e a mãe, uma senhora algo cómica e uma das personagens mais interessantes da série. A família lida com a morte do filho mais velho de Mare, algo que ainda está muito presente e que é muito doloroso, dadas as circunstâncias. Drew, o neto, também é alvo de preocupações no seio da família, situação que ainda se complica mais por causa da sua mãe, a namorada do falecido filho de Mare. Tudo isto são questões geradoras de bom drama e que acrescentam camadas à série, fazendo-nos preocupar com os personagens.
6 – A ansiedade de esperar todas as semanas por um episódio novo
Com a Netflix e afins, já estava a habituar-me bastante a ter uma temporada completa disponível para ver de enfiada e já se tinha passado algum tempo desde a última vez em que vivi aquela ansiedade de aguardar, semana após semana, por um episódio novo. É uma sensação boa, que acho que faz parte da experiência de quem vê e gosta de séries, e acaba por significar uma forma mais regrada de tempo de ecrã. Sinto que consigo desfrutar melhor de uma série quando assim é, porque há tempo para digerir as coisas.
7 – O final
Que mais se pode pedir de uma grande série? Um grande final! E foi precisamente isso que Mare of Easttown proporcionou aos fãs: mais de uma hora de emoções fortes que agarram ao ecrã, de tal forma que uma pessoa nem se atreve a pestanejar, para não perder nada. No entanto, toda a série é muito equilibrada e aquela sensação de arrebatamento, que só se costuma ter num final de temporada, esteve presente em vários outros episódios. No entanto, um bom final é sempre especial!