Confesso que a Netflix se tem tornado o meu meio principal de visualização de séries, mas tenho o hábito de ter a televisão ligada a fazer barulho de fundo enquanto estou no computador e tive a sorte de me deparar com o anúncio da estreia de Gold Digger na RTP2 e que originou estas sete razões para ver a série. O trailer de apresentação fez-me ter bastante vontade de ver a série e por isso, nesse domingo de desconfinamento, lá estava eu sintonizada. A minissérie, que em português tem como título O Oportunista, é um thriller dramático centrado na relação entre uma mulher abastada de 60 anos e um homem cerca de 25 anos mais novo, que todos pensam estar a aproveitar-se de Julia.
Fica então com sete razões para ver Gold Digger.
[Livre de spoilers]
1 – História que agarra ao ecrã desde o início
Tal como o trailer já me tinha agarrado ao ecrã, o primeiro episódio e todos os que se lhe seguiram tiveram a capacidade de fazer o mesmo. Toda a série é cativante, mas os dois primeiros episódios, em especial, são qualquer coisa de muito viciante mesmo. Dei sempre por mim a querer mais – algo que é raro acontecer-me em séries com episódios de quase uma hora de duração – e o tempo passava a voar enquanto via a série. Posso dizer que Gold Digger começa a sua história pelo fim, dando-nos um vislumbre de acontecimentos futuros, mas o interesse da série deve-se a muito mais do que querermos perceber o que aconteceu até chegarmos até ali. Toda a viagem é muito interessante, mas o melhor é colocar os cintos de segurança, porque a estrada tem algumas curvas e um piso irregular.
2 – A relação entre Julia e Benjamin
A questão da diferença de idades entre Julia (Julia Ormond) e Benjamin (Ben Barnes) é uma parte muito importante da trama de Gold Digger. Primeiro, pela própria insegurança de Julia na sua relação, derivada de um medo de que Benjamin não seja aquilo que parece, mas muito por causa daqueles que estão à sua volta. Não gostava nada de ter estado na pele de Benjamin quando conheceu os filhos de Julia, em especial os rapazes. Delia também não adorou a situação, mas ao longo de toda a série foi a única que mostrou um verdadeiro esforço por aceitar que se a mãe estava feliz com Benjamin, devia estar também feliz por ela. Entre os homens da vida de Julia a tensão foi uma constante, principalmente se adicionarmos o seu ex-marido, Ted, à equação. Não percebo o porquê de alguém que seja ex em qualquer coisa da nossa vida se intrometer! Ok, Julia é bastante mais velha do que Benjamin, mas dei muitas vezes (quase sempre, aliás) por mim a defender que não tínhamos realmente motivos para acreditar que ele era um oportunista. Torci pela relação dos dois, porque a verdade é que achei que ficavam bem juntos. Houve alguns momentos em que as atitudes de Benjamin me deixaram um pouco de pé atrás, mas ele estava sempre a ser atacado pela família da namorada e não é fácil uma pessoa ter de lidar com tamanhos entraves a uma relação. Não se tratou apenas de preconceito, penso que os filhos, Leo e Patrick, mas também o ex-marido de Julia tiveram dificuldades em vê-la como algo mais do que a figura de mãe e de esposa que eles conheciam. Ali estava ela numa relação apaixonada quando as vidas amorosas de nenhum deles era perfeita, nem nada que se parecesse. No entanto, apesar de para todos os outros isso parecer uma coisa má, acho que um dos lados bons da relação com Benjamin era precisamente o facto de Julia poder ser simplesmente ela própria.
3 – Bom equilíbrio entre drama e thriller
Bem, uma junção entre dois dos meus géneros favoritos, drama e thriller, só podia resultar bem! A série é incontornavelmente um drama, mas há também ali uns quantos elementos dignos de um thriller. Senti especialmente isso no segundo episódio, que foi um dos meus favoritos. A forma como a narrativa foi construída deixou-me num estado completo de tensão e ansiedade para descobrir o que ia acontecer. No entanto, não me deixei manipular por aquilo em que queriam fazer-nos acreditar. Não é muito frequente eu conseguir deixar-me envolver tanto por uma série que comecei a ver há tão pouco tempo, ainda para mais sendo apenas seis episódios, mas Gold Digger surtiu um efeito qualquer especial em mim. Confesso que estava longe de imaginar que iria gostar tanto desta série!
4 – Os misteriosos flashbacks
Há séries que usam e abusam de flashbacks e que ainda por cima o fazem mal, porque estes pouco ou nada acrescentam à história presente, mas aqui adicionaram interesse e mistério à trama. Mais do que isso, trouxeram excelentes momentos dramáticos ao presente, quando a família de Julia lida com os acontecimentos de um passado que a matriarca pensava que os seus filhos mais velhos não recordavam. Aquele dia longínquo que remonta há mais de 20 anos persegue-os a todos, ainda hoje, e ajuda a explicar a forma como as suas relações e eles próprios foram afetados por isso.
5 – Paisagens fabulosas
As paisagens não serão certamente um motivo determinante para alguém ver ou não uma série, mas quando há outras razões, vale também a pena apontar esta. A localidade onde fica a casa de Julia tem aquele fabuloso encanto pitoresco. Provavelmente é o tipo de sítio em que uma pessoa que está habituada a viver na cidade morreria de tédio ao fim de uma semana, mas que parece ideal para umas férias ou para quem procure sossego. Para além de Londres, as filmagens decorreram em Widecombe-in-the-Moor e Dartmoor, em Devon.
6 – Poucos episódios
Para quem procura algo para ver com poucos episódios porque não tem muito tempo livre ou para quem não quer assumir um compromisso a longo prazo com mais uma série, Gold Digger é ideal! Pessoalmente sou fã assumida de minisséries e esta tornou-se um verdadeiro vício. Aguardei ansiosamente pela chegada dos domingos para ver mais um episódio.
7 – Selo de qualidade da BBC e da RTP2
Se costumam estar atentos às séries transmitidas na RTP2, esta é mais uma que vale a pena ver. Além do selo de qualidade do canal português, Gold Digger é uma série da BBC, que também já nos habituou a inúmeras produções de qualidade. A série esteve à distância de um clique, na RTP Play, mas à medida que as semanas foram avançando, os episódios foram sendo retirados da biblioteca do site, consoante os mais recentes eram disponibilizados. E assim terminam as sete razões para ver Gold Digger.
Diana Sampaio