7 Razões Para Ver… AJ and the Queen
| 22 Abr, 2020

Publicidade

Depois de ter visto Trinkets, segui para uma nova maratona – talvez não tenha sido bem uma maratona, porque levei alguns dias – na Netflix com AJ and the Queen. Quando a série foi anunciada fiquei curiosa em espreitar porque a história parecia-me um bocadinho diferente do que anda por aí e deu-me a sensação de que seria mesmo o meu género. De acordo com o que costumo fazer, não vi a série assim que estreou, por causa da minha lista de espera, mas quando foi anunciado o cancelamento achei que era boa altura para ligar a televisão e carregar no play.

[Pode conter spoilers]

1 – A série passa-se na estrada: Não sei explicar bem porquê, mas sempre gostei de histórias passadas na estrada. Acho que tem um pouco a ver com o imaginário americano típico das séries e dos filmes em que andar pela estrada é uma espécie de símbolo de liberdade e de aventuras, onde é inevitável parar num diner para comer panquecas, tarte ou hambúrgueres com batatas fritas. Em AJ and the Queen, a estrada não corresponde propriamente a isso, está mais relacionada com o fugirmos às coisas más que deixamos para trás quando rumamos a outro sítio. As paragens são muitas, o que é bom, porque dá para ver um bocadinho de vários sítios, sem esquecer a passagem por diners e muitas peripécias pelo meio, incluindo umas perseguições. Uma boa parte da ação da série passa-se na autocaravana de Robert e tenho de confessar que também há qualquer coisa de apelativa para mim nestes veículos.

2 – A relação de AJ e Robert: Era sabido que a relação entre os personagens que dão nome à série seria uma parte central da narrativa, mas isso nem sempre é sinónimo de química entre os atores ou se traduz em bons momentos televisivos. Neste caso, as coisas não poderiam ter funcionado melhor. A miúda e Robert, que ganha a vida como drag queen, são uma dupla improvável, mas o tempo encarrega-se de os aproximar. Ela é uma criança que está praticamente sozinha no mundo e ele também está a passar por uma fase muito complicada na vida. Certamente nenhum dos dois imaginava a amizade e o amor que cresceria entre eles, entre espetáculos de drag, fugas e conversas à mesa de refeições. AJ e Robert foram um para o outro aquilo de que cada um deles precisava naquela altura e ficou certamente uma amizade que nunca esquecerão.

3 – A pequena AJ: Ao início nem sempre é fácil gostar de AJ. A sua língua é extremamente afiada, a sua personalidade é um bocadinho bruta, mas não demora muito a que a menina conquiste totalmente. Aos dez anos, ela já passou por coisas que nenhuma criança devia viver, portanto não podemos culpá-la por não ser a criança mais doce de sempre. Aprendeu a desenvicilhar-se sozinha porque nunca teve alguém com quem pudesse realmente contar, mas Robert mostrou-lhe que há pessoas em quem vale a pena confiar e que podemos permitir-nos amar e que nos amem. Apesar de todas as dificuldades que a vida lhe reservou, AJ é engraçada e mostra ser muito sábia para alguém tão novinha, com uma capacidade incrível de dar a volta às situações, mas o melhor de tudo é que tem um coração de ouro onde não há lugar para preconceitos.

4 – A dupla divertida de vilões, Hector e Lady Danger: Lembram-se de Jessie e James de Pokémon? Bem, Lady Danger e Hector fazem-me lembrar deles. O que é que estas duplas têm em comum? O facto de serem vilões bem divertidos e que queremos que falhem nos seus objetivos porque estão a tentar prejudicar os personagens principais, mas que, ao mesmo tempo, adoramos ver no ecrã. Os dois têm traços de personalidade bem engraçados e dão-se um bocado mal, o que acrescenta ainda mais piada à sua relação. Ela só come fast food e faz de conta que é a Lorraine Bracco porque lhe roubou os cartões de crédito e ele fica temperamental porque deixou de conseguir ter uma alimentação saudável enquanto perseguem Robert e até cozinha peitos de frango em ferros de engomar para escapar aos fritos. Não sei como é que conseguiram não se matar um ao outro, mas quase me mataram de riso!

5 – Os flashbacks de AJ com a mãe: Eu nunca gostei muito de personagens perfeitas. Os defeitos tornam-nas mais realistas e tornam o sentimento de empatia mais fácil, mas costumo ter problemas com personagens que abandonam os filhos. Brianna tem um problema de toxicodependência que a faz ser negligente nos cuidados à filha. No entanto, é difícil odiar esta jovem mulher porque ela parece ser boa pessoa, na essência, e há provas de que ama AJ e de que foi boa mãe, em certos momentos. Só que uma criança precisa da mãe – ou do pai – sempre e não só de vez em quando. É aí que Brianna falha à filha, mas sabemos que ela precisa desesperadamente de ajuda para lidar com o seu problema com as drogas. Os flashbacks entre estas duas personagens são absolutamente ternos e ajudam-nos a torcer para que mãe e filha possam encontrar o seu caminho de volta uma para a outra. Além disso, é bom ver um momento da vida de AJ em que ela parecia verdadeiramente feliz.

6 – Mensagem de aceitação e amor próprio: Uma coisa que considero muito importante nas séries é que transmitam alguma espécie de ensinamento. Não num sentido académico, mas humano. Ora, AJ and the Queen é capaz de nos ensinar muita coisa. Com uma narrativa bastante ligada ao mundo dos espetáculos de drag queens, impõe-se abordar que só porque um homem se veste de mulher isso não tem nada a ver com o género com que se identifica. Tal como Robert disse em conversa a AJ, ele não quer ser uma rapariga. No entanto, a mensagem mais importante é a de aceitação e amor próprio. Acho que as duas personagens percorrem um longo caminho nesse sentido. AJ não é alguém que não merece amor só porque se viu temporariamente sozinha no mundo. Por outro lado, Robert não é uma queen tonta só porque foi enganado por alguém que ele pensava que o amava. Nenhuma destas coisas define os personagens, até porque se trata de coisas que lhes aconteceram e não que fizeram a eles mesmos. E, a sério, vamos ultrapassar a questão da diferença! Cada um tem o direito de ser aquilo que é ou que quer ser e as crianças parecem entender isso muito melhor do que muitos adultos. Quanto àqueles idiotas a manifestarem-se contra as drag queens, get a life, people!

7 – A série foi cancelada, mas tem um final: Se estou a desfrutar de uma série, assim que lá chegar logo me preocupo com o facto de ter ou não um final apropriado. Para mim, o final de AJ and the Queen é mais do que satisfatório. Pelo menos, eu terminei de ver sem me sentir frustrada por ter ficado algo muito em aberto. A história está contada, basicamente. Podia ter espaço para mais, mas não fica propriamente a meio. Mais, ao longo da temporada fez-me uma certa confusão que Robert andasse a atravessar estados com uma criança com quem não tem qualquer relação de parentesco e ninguém – quer os seus amigos, quer pessoas com quem se cruzaram, salvo uma ou outra exceção que foi ultrapassada – tenha feito grande coisa a respeito disso. É claro que sabemos que não havia ali nenhuma situação estranha ou inapropriada, mas legalmente tem muito que se lhe diga. Este final não se esquece disso.

Diana Sampaio

Publicidade

Populares

estreias calendário posters grid dezembro

what if s3 marvel

Recomendamos