Incorporated é a mais recente aposta do canal Syfy. Situada num ambiente futurista, a série mostra-nos um mundo completamente alterado em vários sentidos, mas principalmente no que concerne ao poder administrativo. Se hoje em dia são os governos que controlam o mundo parte a parte, em 2074 a realidade é bem mais diferente, mas não irei dar spoilers da série em si, optando apenas por mais uma vez vos deixar com sete razões para começarem a assistir a este thriller viciante e excelentemente bem produzido.
1 – Mistério
Se com a breve introdução dada acima fiz parecer que a série se focará apenas numa nova forma de poder global, peço desde já desculpa. Incorporated vai muito além disso e explora a história de Ben (Sean Teale), um génio de segurança tecnológica que é mais do que aquilo que aparenta ser. Ben vive uma vida confortável com a sua mulher, num ambiente seguro e saudável fazendo parte da corporação SPIGA, uma empresa de biotecnologia que é agora “dona” de grande parte do planeta. Enquanto os outros funcionários da empresa procuram apenas subir os escalões corporativos para assim terem mais regalias e conforto, Ben mantém um segredo bem guardado, pois na verdade ele é também Aaron, um homem com um plano digno das melhores histórias de espionagem, com objetivo de encontrar e salvar o grande amor da sua vida, Elena (Denyse Tontz).
2 – Futuro
O ano de 2074 está apenas a 57 anos de distância. Pode parecer muito, mas é só de mim ou cada vez os anos passam mais rápido? Em Incorporated assistimos a um futuro não muito diferente daquele do que muitos de nós prevemos ou idealizamos: um contraste gigantesco entre pobres e ricos caracterizado pela inexistência da classe média dos dias de hoje, um mundo inseguro e instável com o resultado das crescentes alterações climáticas que já no presente se fazem sentir e uma maior luta pelo poder e domínio global. Se atualmente temos como uma das maiores potências mundiais os Estados Unidos da América, na série veremos que esse império atravessa agora uma imensa crise. Porque quanto mais alto é o voo … maior é a queda!
3 – Zona Verde e Zona Vermelha
A discrepância vivida entre ricos e pobres é de tal maneira colossal que em Incorporated as duas classes não coabitam. Isto é: ricos vivem em zona de ricos e pobres vivem em zonas pobres. Essas zonas são chamadas Verde e Vermelha, respetivamente. É interessante ver a oposição entre estas duas áreas, que são literalmente anexas uma à outra, limitadas claramente por engenhosas barreiras tecnológicas e bem guardadas por seguranças altamente equipados. Enquanto que na zona verde há imensa segurança, provisão alimentar e conforto, na zona vermelha é cada um por si, um autêntico terceiro mundo onde a escassez de bens essenciais à sobrevivência é uma realidade. De resto, sabemos que os residentes da green zone podem “viajar” até à red zone, muitas vezes para diversão, mas o contrário não é possível de forma alguma. Pelo menos livremente…
4 – Tecnologia
A tecnologia está a evoluir a uma velocidade estonteante, chegando mesmo a ser assustador o facto de a inovação ser intervalada, hoje em dia, em horas, dias ou semanas, no mínimo. Como amante de gadgets e tudo o que à tecnologia diz respeito, este é um ponto fortíssimo da recente série. Todos os aparelhos, gadgets, touch tech, entre outros, apresentados em Incorporated são um deleite para os meus olhos e se gostas de tudo o que envolva tecnologia presente em cada momento do teu dia, em cada aspeto – por mais que simples – da tua vida, então vais ficar fã desta série, começando desde os primeiros episódios a desejar teres todas aquelas inovações para ti mesmo.
5 – Momentos de Tensão
Como qualquer thriller que se preze, Incorporated tem excelentes momentos de tensão onde chegamos mesmo a pensar que o protagonista será apanhado no decorrer de uma operação de espionagem ou que se descubra realmente quem é Ben e qual o seu propósito. Enquanto que na maioria das produções do género é possível antecipar que o protagonista ou o leque de personagens principais não sejam apanhados em flagrante, em Incorporated chegamos mesmo a duvidar se isso irá ou não acontecer. Estes momentos são aliados normalmente a questões temporais, mas não os típicos countdowns que estamos fartos de ver noutras séries (quando por exemplo está uma bomba a 10 segundos de explodir, mas no último momento o protagonista salva o dia). Destaco, até então, duas cenas particulares, ambas no 3.º episódio da série.
6 – Ben Affleck e Matt Damon
A série conta com estes dois “monstros” da indústria cinematográfica como produtores executivos. Pessoalmente sou admirador de Ben Affleck e Matt Damon e sabemos que as suas capacidades conjuntas como produtores poderão certamente transportar a série para um outro nível, diferente de tudo o que estejamos habituados a ver. Juntos, os dois artistas já venceram um Óscar pelo trabalho de escrita e realização do filme O Bom Rebelde e, individualmente, possuem mais prémios e nomeações de grande valor (destaque para o Óscar ganho pelo filme Argo, realizado por Affleck). A cereja no topo do bolo seria se ambos fizessem uma participação especial em episódios de Incorporated.
7 – Espelho para a realidade?
Na série contemplamos um mundo num estado distinto, causado maioritariamente pelas alterações climáticas e pelas consequências do aquecimento global. Com as zonas costeiras a desaparecer à medida que os anos avançavam, o problema da sobrepopulação cresceu e os recursos começaram a ficar escassos, levando a guerras e tumultos, já para não falar da crescente ocorrência de catástrofes naturais como terramotos, furações, tsunamis. E agora pergunto: com o mundo atual e presente a alertar-nos para este problema, não poderá Incorporated ser um espelho para uma realidade futura? Infelizmente vemos que, para muita gente, temas como o aquecimento global, as alterações climáticas, a desflorestação, etc., ainda são tabu e não lhes é prestada a devida atenção nem a devida tomada de medidas e ações preventivas e corretoras.
João Alves