[Pode conter spoilers]
Finalmente chegou o tão esperado piloto de The Wheel of Time. Para quem não sabe, esta série é baseada numa das maiores sagas de fantasia de sempre, composta por 14 livros, mais um que serve de prequela, e cada livro tem mais de mil páginas, pelo que material não faltará para inspiração a esta fantasia. Tem o potencial para ser a próximo Game of Thrones a nível de adaptação de sagas de fantasia à TV, mas sabem o melhor? Ao contrário de GoT, os livros de The Wheel of Time já estão finalizados: escritos por Robert Jordan, mas finalizados pelo Brandon Sanderson, após o autor original ter falecido.
E sobre o primeiro episódio? O primeiro episódio cumpre exatamente aquilo que esperava ver na adaptação (com algumas alterações, claro, mas isso é sempre normal e aceitável). Deixa-me a expectativa muito em alta para o que falta da série. O piloto apresentou-nos bem as personagens principais, pelo menos para a primeira fase da nossa aventura, apresentou-nos o mundo e o enredo e não podemos pedir muito mais de um piloto de 50 minutos.
Começando pelo mundo: o mundo de The Wheel of Time não tem um nome oficial, não é tipo Westeros ou Middle-earth. Tem um nome dado pelos fãs, mas que nesta fase ainda contém um grande spoiler. Prometo que na review de um dos episódios futuros revelo o nome dado pelos fãs quando for mais seguro fazê-lo. Neste mundo existe um poder chamado One Power, que apenas as mulheres conseguem controlar como deve de ser, um homem que toque na fonte de poder começa a enlouquecer. Este é um ponto interessante porque normalmente a fantasia mais antiga remetia muito a mulher para papéis mais passivos, mas Jordan cria um mundo onde a principal fonte de poder é controlada apenas por mulheres e são as Aes Sedai, as utilizadoras deste poder que controlam o mundo através da White Tower.
Ainda sobre a construção do mundo, diz-se que a roda do tempo roda e que a cada nova era as coisas começam outra vez e, por isso, não há nem inícios nem fins, mas cada era termina sempre da mesma forma – com um homem a enlouquecer e a “partir” o mundo. Há também uma luta (clássica na fantasia) entre o bem e o mal e há uma profecia que irá haver o dragão reencarnado. que é quem vai virar a balança a favor do bem, na luta entre o bem e o mal, e essa é a principal função de Moiraine. Ela procura quem poderá ser essa pessoa.
Há muito mais coisas a serem analisadas, como quem são as Aes Sedai, como funciona o One Power, os Orcs, etc., mas não quero que esta review se torne demasiado uma enciclopédia (prometo que as próximas irão ser mais focadas no episódio em si!).
Sobre as personagens, somos apresentados aos nossos principais intervenientes:
– Moiraine Sedai – Sedai não é mesmo o último nome dela, é a categoria dela, ela chama-se Damodred, mas toda a gente lhe chama por Moiraine Sedai, e Rosamund Pike faz um trabalho fenomenal a interpretar esta personagem. Sinto que vi a Moriaine que conheço dos livros, sábia, poderosa, de certa forma paciente e impaciente ao mesmo tempo, e alguém que sabe sempre mais do que diz (este último traço foi muito bem passado).
-Lan Mondragoran (Daniel Henney) – o guardião de Moiraine ainda não teve direito a muito tempo de desenvolvimento, mas quando aparece é isto que é suposto ser – alguém forte, de poucas palavras, mas com uma grande ligação a Moriaine.
– Rand al’Thor (Josha Stradowski), Mat Cauthon (Barney Harris) e Perrin Aybara (Marcus Rutherford) – os três rapazes da aldeia de Two Rivers. Todos eles são Ta’veren e podem ser um dos escolhidos. Ta’veren são pessoas que não vão apenas no caminho delineado pela roda do tempo, são pessoas que fazem a roda do tempo desenrolar diante si, moldam o destino pode-se entender assim. Todos estão muito bem caraterizados à sua maneira: o Perrin, é um homem de menos palavras, mais o tipo forte e silencioso, Mat, que foi o meu favorito dos três, é o que se mete constantemente em sarilhos, não sabe estar calado e é muito brincalhão, e Rand que é bondoso mas impaciente.
– Egwene Al’Vere (Madeleine Madden) e Nynaeve al’Meara (Zoe Robins) – Nynaeve é a Sábia da aldeia, uma mulher que gere e lidera cada aldeia e que consegue ouvir o vento e perceber quando é que vem uma tempestade, quando é que vem vento, sol, etc. Egwene, além de ser o interesse romântico de Rand desde nova, é aprendiz de Nynaeve e muito próxima desta e também é Ta’veren.
O enredo do primeiro episódio é simples: Moiraine chega à aldeia à procura do que pode ser o dragão reencarnado. Só que nesse momento a aldeia é invadida por Orcs que são servos das forças do mal e trazem muita morte e devastação à aldeia dos nossos protagonistas, obrigando-os a fugir com Moiraine. Atenção que há uma crítica que costumam fazer ao primeiro livro de The Wheel of Time (o que inspira a 1.ª temporada, Eye of the World) -é que é semelhante a nível de história a Lord of the Rings de Tolkien, por isso, caso tenham visto semelhanças, não foram os primeiros nem serão os últimos, mas acreditem que vai evoluir para algo muito próprio e nada semelhante.
A parte visual está fenomenal e temos paisagens de cortar a respiração, que ajudam a colocar-nos neste novo mundo fantástico. A parte da realização, filmagens e paisagens são cruciais numa adaptação de fantasia e, para já, isto parece muito promissor. A parte do uso do One Power ainda não consegui ter uma opinião muito formada, não é suposto ser algo com muitos efeitos visuais à volta, pelo que eles fizeram-no de uma forma semi discreta mas tem potencial.
A banda sonora que, como qualquer fã de Lord of the Rings sabe é também um elemento da mais elevada importância, cumpre o seu papel de forma exímia, exceto, na minha opinião, num único ponto, a intro não é memorável. É aceitável, mas não memorável, como toda a gente sabe trautear a melodia da intro de GoT.
Em suma, gostei muito e acho que tem potencial para ser a próxima grande série e ,com The Lord of the Rings a estrear no próximo ano, está a ser uma altura excelente para os fãs de fantasia.
E vocês o que acharam?
Acompanhem as nossas reviews regulares.
Raul Araújo