Westworld é daquelas séries que quanto mais vês menos entendes e este Zhuangzi, como seria de esperar, é mais um episódio cheio de descobertas. Aliás, a palavra que define este episódio é sem sobra de dúvidas acordar, uma vez que começamos a ver várias personagens a “acordar” para a realidade.
Sabemos então que Dolores – ou Hale – (na série chamam-lhe Hale; então para não haver confusões, também vou mudar outra vez para Hale) criou este mundo falso onde os humanos são controlados por ela através das moscas que vimos no episódio passado e os hosts podem visitar o parque e fazerem o que querem com eles. No caso, ela inverteu o jogo; agora os humanos são os “animais” do circo, por assim dizer. Acho, aliás, esta ideia muito bem conseguida, já que expressa, e bem, o ódio e a vingança que Hale sente pelos humanos depois do que lhe fizeram na temporada anterior.
Descobrimos que existem vários humanos a acordar, isto é, começam a perceber que estão a ser controlados. Um desses sinais é quando veem a torre que controla tudo, a tal torre de que o mendigo falava. No caso, ele também estava a acordar e, para Hale, isso não pode acontecer. Então, ela ordena que sejam assassinados de imediato. O problema é que alguns hosts que ela envia para cometer os assassinatos também estão a acordar e a tornarem-se outliers, como é o caso da mulher que ela manda para matar o mendigo. Hale é clara nas instruções: eles não podem comunicar com os humanos, mas alguns hosts estão a ir contra essa ordem. Um dos pontos mais interessantes foi ver William a quebrar essa regra. Ele está agora a questionar a sua existência e, para mim, a conversa dele com o verdadeiro William foi um dos pontos altos do episódio. Uma das teorias que gostava de ver é que, agora que sabemos que o verdadeiro William está preso e o host William está em dúvida sobre a sua própria existência, gostava de ver os dois trocarem de lugar e o verdadeiro William causar o caos junto de Hale. E deixa-me aproveitar para realçar as interpretações de Ed Harris e, em especial, de Tessa Thompson. Estes dois fazem de cada cena juntos uma verdadeira lição de representação.
Quanto a Christina, este foi o episódio em que ela descobriu tudo o que está a acontecer. Sinceramente, não há muito a dizer sobre o plot dela. Foi aquilo de que estávamos à espera. Teddy mostrou-lhe que aquele mundo não é real e que as histórias que ela escreve são as histórias dos humanos do parque. Aqui entram duas questões: sabemos que Hale está de olho em Christina e finge narrativamente ser uma ex-colega de faculdade, mas terá Hale criado Christina igual a Dolores e com os poderes que ela tem como forma de homenagear o seu nascimento ou existirá outro plano para Christina? No fundo, Teddy diz-lhe que ela criou aquilo. Será uma metáfora ou existirá uma Dolores escondida na personalidade e na vida de Christina? Outra teoria interessante é perceber se Teddy será mesmo Teddy. Já se passaram muitos anos e ele pode mesmo ter saído do sublime ou então pode ser que Teddy seja uma cópia da Dolores que está a tentar acordar Christina ou, quem sabe, poderá ser Maeve depois de resgatada por Bernard num corpo diferente. Ainda assim, pelos trailers da temporada e dos episódios, teremos Maeve e Hale frente a frente e Maeve está com o seu corpo normal; por isso, talvez não seja isso que venha a acontecer, mas em Westworld nunca se sabe!
No geral, foi um bom episódio! Gosto da ideia de debater o papel de Deus que Westworld sempre colocou na sua trama e neste episódios temos dois exemplos, quer de Hale, quer de Christina, de que o poder absoluto pode corromper com facilidade. A ideia de Deus ser um guionista de todas as histórias também é interessante e põe-nos a pensar que se calhar o acaso não existe e que tudo está escrito e previsto, mas então onde está a nossa liberdade? Bem, são perguntas interessantes, mas que ficam para depois. Entretanto, acho que vamos todos voltar a questionar a natureza da nossa realidade.
Até para a semana!