Escrever sobre cada episódio de Westworld, neste caso Années Folles, é um desafio complicado. Essencialmente, isto acontece por duas razões. A primeira é que é sempre complicado entender o que está a acontecer. É algo que já vem desde a 1.ª temporada e que faz parte da magia da série, mas isso leva-me à segunda conclusão. Sempre que estou a ver um episódio, estou a desconfiar de tudo o que se passa. A mais simples imagem pode ser uma pista e por muito interessante que isso seja, torna cada episódio num puzzle difícil de montar.
Mas vamos lá a este Années Folles de Westworld, expressão que significa Anos Loucos e que está associada à década de 1920 em França. Finalmente tivemos o regresso de Bernard, que acordou da sua passagem pelo sublime após muitos anos. E aqui vou já começar as teorias. Apesar de termos tido um salto temporal da 3.ª para a 4.ª temporada, não acredito que Bernard tenha estado só entre sete a oito anos no sublime. Na minha opinião, passaram-se uns 20 anos e Bernard acorda num mundo onde Dolores/Charlotte já domina a civilização ou então num onde existe uma guerra aberta entre os anfitriões e os humanos. Para além de nunca termos uma referência sobre o ano em que eles estão, existe também o momento em que Bernard e Stubbs encontram uma personagem cujo nome ainda não sabemos e ela parece pertencer a um grupo de rebeldes que estão a lutar contra os anfitriões. Para além de ter anfitriões a persegui-la, sabemos que ela e o seu grupo têm um vasto conhecimento sobre os anfitriões. Atiro já a minha teoria de que esta personagem sem nome é a filha de Caleb e que estamos no futuro, onde existe um domínio dos anfitriões sobre os humanos. Sabemos também que Bernard viu todas as variáveis possíveis sobre o que vai acontecer e que em todas elas morre. À moda de Dr. Strange, ele sabe o que pode dar certo para salvar o mundo, por isso não me admirava se estivéssemos a ver uma realidade onde Dolores vai conseguir, juntamente com Will, dominar os humanos e, numa outra linha temporal, estamos a ver Bernard, Stubbs e os rebeldes a tentar salvar o mundo do domínio das máquinas.
Gostei bastante de ver o parque dos anos 20. Claramente, o parque é uma clara e preguiçosa cópia do de Westworld, mas achei muito engraçado ver os paralelos que foram criados. Por um lado, a crítica às histórias, que são todas iguais; por outra, a forma como Maeve vai contando a Caleb o que acontece e ela realça que a sua interpretação era melhor. Achei que foram momentos de bom humor e bem encaixados. De resto, o parque tem uma nova atração que é o ataque de Dolores. Os convidados podem vivenciar o que aconteceu, mas descobrimos a forma como Dolores está a controlar pessoas. Ela usa moscas para entrarem no corpo dos humanos – possivelmente no cérebro – e assim consegue controlar as suas ações. Achei uma forma interessante de explicar o envolvimento das moscas, que sempre fizeram parte do canon de Westworld. A cena em que a filha de Caleb – neste caso sendo ela um anfitrião – o ataca deixa-me com algumas questões:
E é isto, com Années Folles, Westworld continua a deixar-nos com várias questões sobre as mais pequenas coisas. Não tivemos o núcleo de Christina neste episódio, mas, mesmo assim, consigo fazer uma avaliação satisfatória. É difícil voltar a ter aqueles episódios da 1.ª temporada, mas consigo avaliar o pouco desta quarta como um upgrade em relação à terceira. Esta temporada ainda não me deixa colado ao ecrã, mas já me deixa mais entusiasmado para o que aí vem. E não seria justo não falar da banda sonora de Ramin Djawadi, com versões ao piano da música dos Metallica, Enter Sandman, e de Bad Guy da Billie Eilish. Simplesmente genial!
Nota: Quando me refiro a Dolores refiro-me à personagem interpretada pela atriz Tessa Thompson, uma vez que, neste momento, é a única Dolores em cena. Até ver, a personagem da atriz Evan Rachel Wood é Christina, para todos os efeitos. Fica o esclarecimento para que isto não fique ainda mais confuso do que já é!