[Contém spoilers]
Mais um episódio e hoje vou fazer uma análise um pouco diferente também para não ser a mesma coisa todas as semanas. Começo por dizer que GOSTEI BASTANTE deste episódio! Não que tenha sido o melhor episódio de Westworld, mas comparado com os dois últimos admito que fiquei mais agarrado neste. Começando pelo nome, que me leva a pensar que a falta de coerência que tanto critiquei nos últimos episódios se calhar foi mesmo propositada e no final tudo fará sentido. Cá estarei para a minha redenção, amigos.
Maeve e as suas simulações
Maeve regressou dentro de uma simulação de novo no War World, que, ao que dá a entender, este mundo, vai servindo para ela testar os seus upgrades. Dissemos adeus ao nosso Hector pela segunda vez, mas o ponto mais interessante foi a conversa que Maeve teve com Dolores. Serac colocou a pérola de Martin, que tinha explodido na semana passada, na simulação de Maeve e assim elas as duas puderam conversar. Foi um diálogo bem interessante onde penso que Westworld nos tentou dizer algo sobre uma das grandes questões da temporada, que é basicamente por quem devemos torcer. Nós, espectadores, temos esta coisa intrínseca de procurar um lado sempre que há uma divergência. Geralmente optamos pelo lado do “bem”, mas a verdade, e tal como é bem debatido por Dolores, é que o lado bom depende da perspetiva. É verdade que Maeve tem aquela motivação da filha que nos deixa sempre de coração apertado, mas também é verdade que ela usa meios bem perigosos para chegar aonde quer. Tal como lhe diz Dolores, também não é correto manipular e controlar os hosts pela mente como ela faz e geralmente quem está com ela acaba por morrer, como são os casos de Hector ou Sizemore. Inclusive, Dolores confronta Hector sobre quantas vezes ele já não morreu pela causa de Maeve. A verdade é que Maeve consegue no final reconstruir o seu corpo, cada vez mais composto de novas habilidades, e, para além dela, mais três corpos estão a ser construídos para a acompanharem na luta contra Dolores. Um era Hector, cuja pérola foi destruída por Charlotte/Dolores e por isso está fora. Sabemos que as outras três pérolas são de mulheres e consegui confirmar que um dos códigos que aparece corresponde ao código de Clementine, por isso ela estará de volta. Os outros teremos de esperar para ver. Começou a vingança de Maeve.
Charlotte is on fire
Já aqui tínhamos debatido que Charlotte seria muito provavelmente a cópia que se iria virar contra Dolores. Neste episódio tivemos a confirmação. Foi bastante poético o momento em que as duas conversam ao telefone e Charlotte questiona o porquê de Dolores ter mantido a parte sentimental ligada nas cópias e Dolores basicamente responde que sem isso não valeria a pena. Bem dito, Dolores! No fundo, todos queremos sentir-nos vivos. Charlotte apenas quer proteger a família e mesmo com Serac finalmente dentro da Delos, era uma questão de tempo até ela ser descoberta. Engraçada a forma como Serac diz ter descoberto que Charlotte é Dolores. Segundo ele, a verdadeira Charlotte nunca se preocuparia tanto com o seu filho. Foi duro, mas ao mesmo tempo bonito perceber como um host se afeiçoou tanto ao conceito de família. Charlotte lá consegue fazer uma cópia das informações da Delos, mas quando se prepara para fugir com a família, kaboom, o carro explode matando o filho e o namorado dela. Charlotte, ao estilo Anakin Skywalker, sai como uma fénix das cinzas, toda queimada, e só pelo olhar percebemos que vai virar o mundo ao contrário para se vingar. (Aconselho, aliás, o making of dessa cena). No início todos pensamos que foi Serac quem mandou explodir Charlotte. Faz sentido, mas algo me diz que na realidade foi Dolores que se quis livrar dela quando percebeu que as emoções a dominaram. Outra coisa que passou a fazer mais sentido foi o facto de existirem dois corpos de Charlotte. Já tínhamos aqui falado que Dolores veio num corpo de Charlotte criado por Bernard e, mais tarde, ela criou outro corpo de Charlotte para a sua cópia, como vimos no episódio 2 desta temporada. Tendo este corpo ficado todo queimado é de imaginar que ela agora vá trocar de vestimenta. Mas claro, o importante é que começou a vingança de Charlotte/Não mais Dolores.
William ao cubo
Para mim a melhor parte do episódio foi a narrativa de William. Como aqui tinha dito, fiquei com receio que tivéssemos pouco William nesta temporada e que o episódio onde ele apareceu tivesse sido uma espécie de conclusão temporária para ele. Mas não! William volta e volta em grande. Adorei a cena onde ele está na terapia com outros pacientes. Um deles fala de como Deus os vai ajudar e aí entra o discurso sarcástico do nosso William, que até faz com que uma outra paciente comece a chorar. Brilhante! Certo é que estas conversas de grupo não estão a funcionar, então William vai para a terapia de choque. Basicamente, eles metem William numa simulação onde ele poderá enfrentar os seus medos. Toda a cena é brilhante. Primeiro, o porteiro lá do sítio é o líder dos Confederados lá da 2.ª temporada. Ou seja, basicamente tudo o que William vê o leva para o parque. Depois começa uma nova conversa de grupo. Nela temos o William atual, o William homem de preto que mata tudo e todos no parque, o William da vida real que é um homem de negócios, mas que acaba por ser um homem bom, o William novo antes de ser corrompido pelo parque e o William criança. A mediar toda esta linda conversa está James Delos, que vai fazendo comentários hilariantes sobre toda aquela situação. Basicamente isto serve para William se confrontar consigo próprio e com todas as atitudes que teve ao longo dos anos. Há partes muito interessantes nos diálogos, como o William jovem a queixar-se que foi o parque que o tornou assim e o William criança a lembrar que não e que já na altura da escola ele tinha tido problemas e espancou um colega. Ficamos também a saber que o pai de William era alcoólico e que talvez isso o tenha marcada na fase de crescimento. Um dos momentos do episódio é quando perguntam ao William real sobre se a vida deles foi sempre controlada e ele responde com uma fala que Angela lhe tinha dito anos antes, na primeira vez em que ele foi ao parque, que foi: “If you can’t tell does it matter?”. Mais um momento brilhante do ponto de vista narrativo. Como forma de exorcismo, o William real ou atual, como lhe quiserem chamar, mata os outros com uma cadeira e deixa o chapéu preto para voltar a ser o William bom. Não seria justo não fazer uma menção a Ed Harris. Meus amigos, quem não conhece o senhor Ed fica aqui a apresentação. Este homem é uma lenda viva do cinema e da televisão. Só de o ver é uma aula de representação. Quando se fala em arte, é disto que estou a falar! No final, o nosso William é abandonado, porque o caos lançado por Dolores no episódio passado deixou toda a gente maluca, e é encontrado por Bernard e Stubbs. Está lançada a vingança de William!
Bom, como devem ter percebido todas as narrativas acabam, de certa forma, com o tema vingança e não é por acaso. Estamos a dois episódios do final e está tudo louco atrás de Dolores e/ou por causa de Dolores. Sabemos que Maeve vai com tudo atrás dela e que Charlotte quer vingança porque acredito plenamente que foi ela quem explodiu o carro. Agora é William que quer redenção e sabemos que uma parte de ele achar que o parque o tornou mau foi por causa de Dolores. Hoje não vou entrar muito em teorias. Apesar de ter de mencionar uma cena em específico: mo meio do caos vimos alguém a fazer um graffiti com o símbolo do labirinto criado por Arnold. Das duas uma: ou foi um easter egg brincalhão por parte da malta da série ou então as pessoas descobriram o labirinto. Mas o labirinto de Arnold só era conhecido no parque e só os hosts chegavam a ele. Será que então estaremos mesmo dentro do Future World, o sexto e último parque?
Acabo com a informação fresquinha de que Westworld foi renovada, por isso cá estarei eu e vocês durante mais algum tempo a tentar decifrar a mente destes doidos. Até para a semana!
Carlos Real