Westworld – 03×02 – The Winter Line
| 25 Mar, 2020

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[Contém spoilers]

Cá estamos nós para comentar mais um episódio e, meus amigos, que episódio! Começo por vos explicar um pouco da minha rotina para escrever estas reviews. Primeiro vejo o episódio. Depois investigo, leio e vejo vídeos sobre o mesmo. Às vezes revejo cenas ou momentos chave e estudo um pouco da mitologia por detrás de cada simbolismo e só depois é que me sento em frente ao computador para escrever e vos explicar da melhor forma possível o que aconteceu. E acreditem que adoro fazer isso!

O desenrolar deste episódio começa logo pelo título. The Winter Line, ou linha de inverno, era uma série de fortificações defensivas construídas na altura da Segunda Guerra Mundial, em Itália, que serviam para proteger da entrada dos nazis. Logo aqui temos a primeira indicação do episódio. O parque de Warworld não se passa na Alemanha, mas sim em Itália! É lá que Maeve veste a pele de uma espia e encontra-se com o nosso querido Hector. Infelizmente, o mais português dos atores da série não está acordado e então Maeve usa o seu velho e eficaz truque de morrer para regressar ao centro de reparações. Lá, ela encontra Sylvester e Felix, mas eles não se lembram dela. E nisto aparece Sizemore! Lembram-se de Sizemore ser cilindrado na temporada passada? Pois eu lembro e a minha reação quando ele apareceu foi de desagrado. Adorei o desenvolvimento da personagem nas duas primeiras temporadas e pensei que trazê-lo de volta e fingir que com umas operações e uma bengala ele ficou como novo era ridículo. Foi talvez o primeiro momento em que comecei a duvidar de Westworld e a pensar “Estão a ficar preguiçosos”, mas Westworld gosta de jogar connosco e a verdade é que Sizemore é apenas um robô. Nisto tudo, Sizemore quer que Maeve volte a abrir o vale onde estão as consciências dos hosts e visitantes do parque. Mas esperem, não foi Dolores quem fez isso? Exato! É nesse momento que descobrimos que tudo aquilo que se estava a passar era uma simulação. Não, Maeve não está em Warworld. Aí as linhas pretas aparecem no ecrã como sempre acontece quando estamos numa simulação e é como se a própria imagem estivesse a falar connosco. Brutal!

Confesso que uma coisa que me incomodou neste episódio foi a forma como Bernard chegou ao parque. Então basta apanhar um pequeno barco e chegar à praia e seguir andando? Parece muito fácil para uma instalação cheia de tecnologia de ponta e que vale milhões e milhões de dólares. Talvez Bernard saiba algum caminho pouco vigiado? Talvez não haja vigilância por causa do massacre? Talvez! Mas isso não ficou claro e deixou-me um pouco a torcer o nariz. Mas bom, tivemos a confirmação de que Stubbs é mesmo um host. Recordemos que já tínhamos ficado com essa ideia no final da temporada passada quando ele deixou Dolores sair do parque, mas neste episódio ficou confirmado. Stubbs tentou matar-se, mas falhou, o que permitiu a Bernard arranjá-lo. Mas a parte de que mais gostei foi quando Stubbs confessa que ao contrário dos outros hosts ele não tem nenhuma backstory, ou seja, Ford apenas e só o construiu para proteger os hosts e uma vez que estes tinham ido embora ele já não estava lá a fazer nada. Foi meio triste saber que esta era a realidade de Stubbs e honestamente ainda me fez gostar mais da personagem.

Tivemos duas cenas que eu achei lindas! A primeira foi quando Stubbs lutou contra os guardas da Delos para proteger Bernard. Repararam que ele pegou num machado para lutar contra eles, certo? Bom, terá sido isso uma homenagem ao seu irmão Chris Hemsworth, conhecido por ser Thor? Não sei, mas aqui entre nós, foi algo que me deixou de sorriso nos lábios. E, claro, a cena de que toda a gente fala. David Benioff e D.B. Weiss aparecem numa sala juntos, com Drogon. Mas a cena é muito mais do que isso! Primeiro, sabemos que existem seis parques. Já conhecíamos Westworld desde a 1.ª temporada. Na segunda ficamos a conhecer Raj World e Shogunworld. E já neste conhecemos Warworld. Bom, antes de vermos o cameo de Game of Thrones, Bernard e Stubbs passam por uma placa que diz Medieval World, que é precisamente onde está a sala com Drogon. Ou seja, só nos falta descobrir um parque. Um ponto muito interessante e até bastante nerd é a conversa que os produtores de GoT têm um com o outro. Repararam que D.B. diz a David que têm uma proposta de alguém da Costa Rica por Drogon? E o que fica na Costa Rica? Jurassic Park! Isso mesmo! E a verdade é que tanto Westworld como Jurassic Park foram escritos por Michael Crichton. Foi apenas um pormenor, mas que encheu o meu coração nerd.

Bernard e Stubbs querem encontrar Maeve para que esta derrote Dolores lá no mundo real. Mas quando os dois encontram o corpo dela, é de reparar que a sua pérola, a sua consciência, foi retirada à força. É aí que descobrimos que quem está com Maeve e a meteu na simulação foi Serac, o tal arquiteto do supercomputador chamado Rehoboam. Serac, interpretado pelo brilhante Vincent Cassel, quer que Maeve mate Dolores. Segundo ele, a humanidade está em risco e é preciso parar Dolores. Claro que Maeve não quer saber disso e tenta inclusive matar Serac, mas é impedida pelo próprio.

E vamos lá dissecar esta cena porque parece-me que pode ser mais importante do que pareceu no início. Reparem que nestes dois episódios o tema e a palavra mais falada foi SIMULAÇÃO! Inclusive no primeiro episódio, numa festa, há um homem junto a Dolores que lhe diz que tudo é uma simulação. Bom, eu acho que nesta temporada não vamos andar a montar timelines, mas sim a tentar perceber o que é real ou não. Reparem que quando Maeve acorda tem um quadro atrás dela com uma roda que supostamente representa a Rehoboam. Um pormenor curioso é que a roda também representa um loop. Maeve e Serac estão vestidos todos de branco. Aliás, todo o cenário é muito luminoso. Westworld jogou connosco com as cores na 1.ª temporada. Lembrem-se de William quando chega ao parque a escolher o chapéu branco e depois ficar afetado por aquele mundo e mudar para o preto. A série está a dizer-nos que Serac e Maeve são os bons da fita, ao contrário de Caleb e Dolores, que vestem de preto. Mas pode não ser bem assim. Outra coisa que me deixa intrigado é a quantidade de consciência que Serac tem na sua posse. Maeve conseguiu “acordar” dentro da simulação e roubar a sua, mas então de quem serão as outras? De lembrar que a pérola de Maeve foi arrancada à força do seu corpo como vimos com Bernard e Stubbs. Provavelmente existirá alguém dentro da Delos a trabalhar para Serac. Outro ponto interessante é que a conversa entre Maeve e Serac pode ser uma simulação. Sim! Vejam só, quando Maeve o tentar matar ele não se mostra nada surpreendido e inclusive tem um comando que a imobiliza na hora. Ou seja, acredito que Serac esteja a simular várias conversas com Maeve até que esta ceda e o ajude a salvar a humanidade. Repito que nada é o que parece e tudo pode ser simulação.

E, para terminar, que isto já vai longo, vamos à teoria de que mais gosto. E se, meus amigos, o parque que falta descobrir for, na verdade, tudo isto que estamos a ver? Para isto recordemos que Westworld, para além de baseado num livro, também vai buscar várias influências ao filme de 1973. Pois bem, esse mesmo filme teve uma continuação em 1976 chamado Futureworld. Voltemos ao início com o labirinto que Ford criou para dar consciência aos hosts. Imaginem que tudo isto não passou de um plano dele para dar início ao último parque. Lembrem-se que Sizemore disse que cada parque era mais difícil do que o outro. Ou seja, um mundo em que Deus é um supercomputador, cuja sociedade é dominada por robôs onde os seres humanos são as verdadeiras presas, um pouco à imagem do Planeta dos Macacos, seria um parque muito difícil, certamente. Talvez Dolores não esteja no mundo real, mas sim a jogar o Futureworld. Ou ela ainda não sabe ou já descobriu e por isso é que quer dominar Rehoboam para ter total controlo e domínio sobre tudo e todos como se de um Deus se tratasse. Mais uma vez, tudo é uma simulação e esse vai ser o grande tema de toda a temporada, não tenham dúvidas!

Termina por aqui esta longa review sobre Westworld. Digam o que acham nos comentários. Há muita coisa que ainda não sabemos. Onde está o William, por exemplo, é uma das grandes questões até agora. Até para a semana!

Carlos Real

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