Westworld é uma pérola da televisão e prova-o vezes e vezes sem conta. Este Trompe L’Oeil acaba de maneira magistral, com um plot twist já esperado, mas nem por isso deixámos de ficar embevecidos com a riqueza que emana de todos os poros desta série.

Fizemos uma pausa de William e Dolores a semana passada, mas o (pseudo?) casalinho voltou a mostrar os ares de sua graça esta semana, fugidos dos Confederados e de Logan. Pergunto-me como é que o futuro cunhado encarou a traição de William. Terá ficado orgulhoso por ele começar a mostrar cada vez mais garra e a ser mais implacável? Ele bem que deu a entender que aquela viagem era uma espécie de teste, visto William estar prestes a entrar na família. O parque realmente é muito mais do que um simples destino de férias. Um destino de férias que não está ao alcance de todos, é certo, mas faz muito mais do que entreter. O William que vimos entrar em Westworld no segundo episódio não é o mesmo William de agora. Basta recordar-nos da matança que ele fez há dois episódios atrás.

Muitos teorizam que William é o Homem de Negro e que existem várias linhas temporais na série. Honestamente, Westworld tem tanta consideração aos pormenores que até um simples sinal é importante. William tem um sinal bastante visível no lado esquerdo do rosto e o Homem de Negro não. Não digo que não seria interessante e não resta dúvidaa de que há uma razão importante para ainda não nos ter sido revelada a identidade do vilão(?), mas não me parece que seja William.

A história de Maeve acaba por se cruzar de forma fantástica com a dos esquemas de Theresa, Charlotte e Delos. Jonathan Nolan e a sua equipa nunca nos deixam esquecer que, apesar de as histórias do parque serem diferentes das dos bastidores, tudo se entrelinha e se completa.

Maeve é a primeira a perceber por completo que a vida é uma completa mentira e quis testar Clementine para perceber se ela também acordava. Depois de perder a amiga e a filha, Maeve decide escapar do parque com a ajuda dos rapazes da limpeza. Isto vai mexer muito com a história! Mesmo na altura em que nos encaminhamos para a season finale.

Agora, o plot twist final! Ford parece estar a dormir, mas no final quem se ri da cara de toda a gente é ele. As pistas foram subtis, mas tudo se encaminhava para aqui. As hipóteses de haver anfitriões infiltrados eram altas. Os anfitriões são seres perfeitos e Ford é claramente um génio (do mal, talvez?)… Costuma dizer-se que o diabo é esperto porque é velho. O criador do Westworld come Theresas ao pequeno almoço. Sabia as intenções de Theresa e que os tinha traído e planeava enviar todas as informações do parque para a Direção para despedirem Ford sem correrem o risco de perderem os dados.

Como tal, Ford ordena que Bernard a assassine. Não sabia se havia de ficar descansada por o parque continuar seguro ou horrorizada pela megalomania de Robert Ford. Ele considera-se realmente um deus naquele mundo e não acha ninguém bom o suficiente para criar as histórias do parque. A não ser alguém criado por si próprio.

Mas é impossível uma pessoa não se deixar fascinar pelas palavras e pela maneira como a mente dele funciona. Anthony Hopkins caminha a passos cada vez mais largos para uma nomeação a um prémio Emmy. Na cena final com Jeffrey Wright e Sidse Babett Knudsen, Hopkins roubou as atenções. O que é dizer muito, visto Knudsen e Wright serem fantásticos.

Maria Sofia Santos