Estamos de volta à série mais promissora do ano com muitas emoções novas, mistérios repletos de aventura por desvendar e personagens que se estreiam ao mais alto nível na aposta mais ousada da HBO desde Game of Thrones.
Enquanto o piloto nos colocava no centro de uma temática absolutamente fascinante de simulações temporais, recuperando um estilo mais sério do que o Groundhog Day, o segundo capítulo torna-se uma verdadeira montanha-russa de acontecimentos. Westworld é, tal como Jurassic Park, um parque temático onde os clientes (cuja carteira deve ser bastante abastada) se podem divertir a fazer parte de uma narrativa do Velho Oeste e levar uma vida mundana como nunca antes visto. Através desta tecnologia inovadora, os personagens robóticos de Westworld embrenham-se, eles próprios, em aventuras traçadas para os seus “mestres” ou “convidados”, como são assim chamados na série. A ciborgue Dolores (Evan Rachel Wood) e a prostituta Maeve (Thandie Newton) começam a apresentar algumas anomalias no funcionamento que podem colocar em risco a narrativa em que estão inseridas, ao passo que o misterioso Homem de Negro (um Ed Harris assombroso) continua a sua busca por respostas de um estranho labirinto que deverá conduzir a algo ainda mais curioso (e ainda desconhecido) e, para isso, procura pelo fora da lei Lawrence (Clifton Collins Jr.) para o ajudar. No mundo “real”, a equipa do parque temático enfrenta novos desafios, assim que procura enriquecer o seu já visualmente rico mundo com novas narrativas, mas agradar ao chefe Robert Ford (Anthony Hopkins) não é uma tarefa fácil. Ficamos a conhecer também William (Jimmi Simpson) e Logan (Ben Barnes), dois visitantes (e clientes) que se alistam a conhecer Westworld.
Fazer reviews de Westworld vai tornar-se um desafio gigantesco a partir de agora e peço desculpa antecipadamente se me escapar algo que considerem importante referir porque, como devem imaginar, não é fácil criar uma sinopse sem revelar algum momento-chave do episódio ou mesmo tentar esquivar-me de anunciar um grande spoiler, que é algo que evito sempre fazer.
No entanto, devo dizer… ou melhor… anunciar a todos os fãs mais recentes de Westworld que aquele medo inicial da narrativa cíclica terminou. “Chestnut” é um dos mais viscerais exercícios de televisão a que tive o prazer de assistir em pouco tempo. As personagens são tão carismáticas e misteriosas que mal podemos esperar para saber o que lhes acontece. A banda sonora e as sequências de ação são do mais soberbo possível e a criatividade argumentativa parece não ter limites assim que pequenas arestas vão sendo limadas, ao mesmo tempo que novos vértices vão sendo criados para dar um incentivo para a continuidade episódica. É impossível não nos sentirmos intimidados pela personagem de Ed Harris e curiosos para saber o que o futuro lhe reserva; o mesmo se pode dizer do Robert Ford de Anthony Hopkins, que nos desperta ainda mais curiosidade. No entanto, os verdadeiros heróis no final do dia são mesmo Thandie Newton e Ben Barnes que trazem duas performances absolutamente vibrantes e cujo enquadramento narrativo é extremamente cativante.
Westworld continua a apalpar terreno para ser um dos melhores exercícios de televisão do ano e este episódio em particular é o que torna a televisão tão magnífica: a capacidade de nos prender ao ecrã e nos pôr quase literalmente a chorar por mais, com uma produção exímia e atores do mais alto nível.
Jorge Lestre