[Contém spoilers]
Eis que passados dez anos chegamos ao início do fim. The Walking Dead começa oficialmente a caminhada da última temporada com o episódio Acheron: Part I, a primeira de duas partes que prometem muito suspense e desenvolvimentos cruciais do derradeiro arco. Este ponto de partida deu-se de forma soberba, com momentos de cortar a respiração e que deixam antever o mote para os próximos sete episódios que se seguem neste primeiro pacote que durará até meados de outubro.
Num ambiente maioritariamente sombrio, as pausas e o alívio chegaram com o novo quarteto da série que se calhar não sabíamos que precisávamos. Princess vinca uma vez mais a sua presença e relevância, demonstrando que consegue ser útil (bem mais do que muitas personagens) e engraçada ao mesmo tempo. O episódio da temporada passada, Splinter, guiado inteiramente por Paola Lázaro, deixou no ar as muitas possibilidades para a personagem e agora Acheron calcifica o caminho que Princess com toda a certeza vai percorrer.
Aquando do anúncio da entrada de Michael James Shaw no elenco, soube-se que Mercer e Princess teriam destaque nesta 11.ª temporada. Apesar de nestes minutos iniciais ainda não ter sido possível perceber como é que a interação entre ambos irá evoluir, creio que será algo de muito positivo em TWD. Um Stormtrooper implacável (será?) e uma rapariga desequilibrada. O que poderá correr mal? A fuga de Ezekiel, Eugene e Princess provavelmente será sol de pouca dura e ainda não será desta que o restante grupo será introduzido à magnífica nova personagem, mas o que está guardado para o quarteto tem tudo para ser bom em termos de argumento.
No que aos restantes focos do episódio diz respeito, a cena de abertura foi incrivelmente bem desenhada. O ambiente pesado, o silêncio, o nervoso miudinho para que tudo corresse bem deram o ponto de partida de que a última temporada de The Walking Dead precisava. Ainda que previsível, o descarrilar da situação forneceu um momento de ação que deu a aceleração certa tanto à cena como aos corações dos espectadores. Já a mistura entre uma tempestade torrencial, um túnel e um grupo de pessoas que não se dá propriamente bem transportou-nos diretamente para um daqueles bons filmes de terror. Foi, sem dúvida, o momento alto do episódio, especialmente pela tão desejada interação entre Maggie e Negan.
Como seria de esperar, os sentimentos estão ao rubro e ainda muita água vai correr. É óbvio que Negan não vai deixar Maggie à mercê dos zombies. No próximo episódio veremos o braço de Negan a puxar Maggie ou qualquer outro objeto que ajude a salvar-lhe a vida. Haverá outro confronto entre os dois, isso é certo, e ditará o futuro da sua relação, mas não se ficará por aqui. Ainda há muita tensão a sentir e a viver no que toca aos dois arqui-inimigos e a previsão do desfecho é difícil de fazer. Terminará na morte de Negan? Terminará numa tolerância mútua? As apostas estão em cima da mesa.
Com um episódio bem construído, cheio de momentos fortes e futuros imprevisíveis, The Walking Dead dá o pontapé de saída para uma temporada que se avizinha turbulenta, emocionante e marcante. A divisão em três blocos de oito episódios pode abonar bastante a favor do build-up da história final e só espero que, quando o pano cair, a série de zombies mais famosa do mundo continue a merecer o devido destaque.
Beatriz Caetano