The Walking Dead – 10×19 – One More
| 17 Mar, 2021

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[Contém spoilers]

Dos três episódios extra já exibidos desta 10.ª temporada de The Walking Dead, One More revela-se o mais fraco. Não em termos de realização ou interpretação, mas sim de argumento. De todas as personagens relevantes neste momento no universo, Gabriel e Aaron não são as escolhas óbvias para encaixar nesta categoria, mas eis que a série proporciona um episódio exclusivamente focado no par, onde muito pouco aconteceu e quase nada foi acrescentado ao plot geral e futuro. Pelo menos que possa parecer à primeira vista.

De uma perspetiva pessoal, este episódio tinha tudo para não ser apelativo. Gabriel é uma das personagens de que menos gosto na série e que mais desnecessária é para a história. Quanto a Aaron, na altura em que os Whisperers apareceram, passou de uma personagem secundária pouco relevante para um quase líder. No entanto, desde então que o seu protagonismo se reduziu novamente a só mais um elemento das comunidades, o que é uma pena, porque me parece ser uma personagem que ainda tem algumas coisas para dar. Desta forma, ainda que vinda de um ponto de vista muito parcial, One More foi precisamente aquilo que pensei que fosse.

Confesso que até gostei dos pequenos pormenores que foram aparecendo ao longo do episódio, como o timer que lhes permite saber se há walkers no meio das ervas e os vários esqueletos que encontraram e que relembram que muitos não chegaram aos dias de hoje no apocalipse. Mas, no geral, não é muito interessante ver Gabriel e Aaron a andar por aí a matar zombies, à procura de provisões e a falhar constantemente na sua missão de levar comida e outras coisas úteis para Alexandria.

Era óbvio que algo aconteceria no episódio e que levaria a narrativa por outro caminho. Essa ponte é criada pelo jantar que ambos arranjam (e que não questionaram nem por um segundo. Não acharam estranho estar um javali ali? C’mon, guys) e pelo álcool que decidiram beber (a sério que se vão embebedar num sítio que não conhecem?). Estes ingredientes tinham tudo para resultar numa receita muito má, no sentido em que algo de mau lhes aconteceria. Mas tinha também o potencial de elevar finalmente o episódio e redimi-lo. Tenho a dizer que, para mim, nada disso aconteceu.

Achei a personagem interpretada por Robert Patrick, o icónico T-1000 do franchise cinematográfico Terminator, muito bem caracterizada e interpretada, encaixando que nem uma luva na aura do ator. E se o seu desempenho como lunático Mays esteve on point, a pequena storyline que se desenvolveu em torno do jogo da roleta russa caiu no ridículo. É sempre engraçado como estas coisas inusitadas acontecem tão facilmente. Num piscar de olhos, Gabriel e Aaron estão frente a frente amarrados e têm de jogar à roleta russa porque um psicótico os está a obrigar. Ainda para mais, ambas as interpretações de Seth Gilliam e Ross Marquand nesta cena deixaram muito a desejar. Não deu para sentir qualquer receio de que o desfecho poderia ser outro que não aquele que aconteceu. Já se sabia à partida que ambos iriam sobreviver.

Aquilo que de facto foi uma surpresa em One More foi a descoberta de que afinal o irmão de Mays estava vivo e a ser torturado há largos anos. Props à produção pela caracterização de Robert Patrick tanto na versão Mays como na do seu irmão gémeo e pelos corpos da mulher e filha deste. Esta revelação final é o que se destaca de positivo num episódio óbvio e sem grandes revelações. Nem Gabriel matar Mays com o braço-espigão de Aaron suscitou grandes emoções.

Mas para nem tudo ser uma opinião negativa, vamos lá ao que potencialmente pode advir deste episódio. Já se tinha percebido que Gabriel mudou bastante a sua perspetiva, especialmente depois de matar sem dó nem piedade (e bem) Dante, o assassino de Siddiq. O seu discurso derrotista com Aaron acompanhado de copos de whisky sobre as pessoas más não serem a exceção à regra, mas sim a norma, e logo depois o assassinato a sangue frio de um tresloucado que tinha concordado em ir com eles para Alexandria e tornar-se numa pessoa melhor, mostram que Gabriel poderá ter destaque no que quer que venha aí com a próxima temporada e a chegada da Commonwealth. Já com Aaron talvez esteja a acontecer o contrário. A sua ingenuidade, a crença em que o seu propósito é ajudar outras pessoas neste mundo acabado, talvez o encaminhem para o seu fim na série. Honestamente, espero que não.

Estamos a três episódios do verdadeiro final da 10.ª temporada de The Walking Dead. One More não foi espetacular, mas o próximo capítulo, intitulado Splinter, parece ter muitas cartas para dar. Vamos finalmente saber o que acontece a algumas personagens e avançar numa storyline que ditará o rumo da 11.ª e última temporada da série.

Beatriz Caetano

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