The Walking Dead – 10×18 – Find Me
| 08 Mar, 2021

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[Contém spoilers]

Anteviam-se episódios mais parados e character driven neste pack extra da 10.ª temporada de The Walking Dead e Find Me vem comprovar precisamente isso. Para muitos espectadores pode não ser apelativo e até mesmo roçar o aborrecimento, mas são capítulos necessários e complementares à montanha-russa de acontecimentos que se deram durante as últimas duas temporadas, com informação que o público desconhecia por completo. Depois destes seis episódios, acredito que ficaremos com um panorama pormenorizado de tudo pelo que as principais personagens da série passaram e que teremos o terreno alisado para a chegada da última temporada de uma forma como nunca tivemos antes.

Find Me trouxe uma muito precisa perspetiva interior sobre Daryl. Sabíamos que o desaparecimento de Rick o tinha afetado bastante, o suficiente para que passasse cinco anos na natureza à sua procura incessantemente, mas nunca chegámos a saber o que lhe ia na alma e o que aconteceu durante esse período (só eu é que verti uma lágrima quando Daryl se referiu a Rick como seu irmão?). De forma geral, parece que não aconteceu grande coisa e, na maior parte do tempo, Daryl limitou-se a percorrer a área circundante à zona onde Rick caiu ao rio (é mesmo coisa de Daryl viver numa cabana semi-descoberta, à mercê do estado atmosférico), mas se observarmos com atenção, a personagem passou por grandes viragens que, em última instância, continuam a impactar o seu presente.

Não esperava de todo que esta viagem ao passado, interligada com o presente, fosse desaguar numa relação amorosa. Esta foi a primeira vez em dez temporadas que vimos, de facto, Daryl numa relação. Mesmo que apenas em duas ou três cenas. No que toca ao lado romântico de Daryl, nunca passámos de hints, de pequenas dicas sobre os seus interesses e potenciais relações. Tivemos Carol, Beth e Connie e com nenhuma chegou sequer à primeira base. Mas eis que aparece Leah, vinda dos confins da memória.

Para quem possa estar a questionar o porquê de toda esta storyline saída do nada, creio que o seu propósito tem a ver com a produção de The Walking Dead finalmente se decidir a colocar a relação de Daryl e Carol no lado do estritamente platónico, de uma amizade profunda, que poderia ser mais, mas que nunca o será. Isso é percetível especialmente na cena que encerra este Find Me. É com esta derradeira discussão entre os dois, num local que traz uma avalanche de emoções a Daryl, que se percebe que quaisquer hipóteses de um romance desapareceram. Daryl expôs os seus sentimentos de uma forma que não lhe é nada natural. Bem sabemos que a personagem tem sempre aquele ar enigmático e sofrido de quem carrega aos ombros o peso de tudo o que aconteceu desde muito antes do apocalipse, talvez mesmo desde que nasceu, e que partilhar experiências não é muito a sua praia (Norman Reedus é excelente a fazer este olhar). Só por aí já se vê que o seu rumo mudou ou está a mudar, mas o que realmente denota uma alteração é a acusação de Daryl das consequências que os atos de Carol trouxeram.

Mesmo quando Connie ficou soterrada, Daryl não afastou Carol, não a odiou. Aliás, disse-lhe que nunca conseguiria odiá-la. O que é bem capaz de ser verdade, mas não significa que não sofra e que não sinta o impacto das perdas. Esta conversa é o ponto final no vai e vem de insinuações entre os dois e parece-me que levará ambos em jornadas distintas de crescimento e auto-conhecimento. Será esse um dos significados do nome do episódio. “Find me” de encontrar-me, conhecer-me, saber quem sou e o que quero. Mas também um “find me” de encontra-me ou vais encontrar-me eventualmente.

Duvido que a produção da série fosse introduzir Leah neste episódio, com uma backstory e tudo, apenas para nos esquecermos do seu nome e de quem é no próximo. Para quem chega agora a estas reviews ou já não se lembra das anteriores, nunca li a banda desenhada e aquilo que acontece na série é sempre uma total surpresa (bem, nem sempre, porque muitas coisas são óbvias), mas é na internet que encontro algumas informações, como por exemplo saber que a Commonwealth tem um exército e que vai “colecionando” pessoas, designando-lhes funções com base naquilo que faziam antes do apocalipse. Bem, sabendo nós que Leah era uma soldado e que, pelo que parece, foi levada da cabana, não é preciso pesar muito sobre o assunto para chegar à conclusão que, muito provavelmente, ela vai aparecer novamente e, quiçá, do lado do inimigo. Se será na Commonwealth ou noutro grupo, aí é que já não posso apostar. Os recém-introduzidos Reapers também parecem beneficiar de equipamento militar e não nos esqueçamos da Civic Republic Militia, o grupo que levou Rick e que é a suposta estrela do spin-off World Beyond.

Seja de que forma for, as probabilidade de Daryl e Leah se reencontrarem são elevadas. Contudo, o reencontro com Connie é dado como quase certo e peço apenas para não criarem aqui uma espécie de triângulo, ou até quadrado, amoroso. Depois de tantos anos sem qualquer relação, não precisamos agora que Daryl se divida entre duas ou três mulheres. Se for para isso, então que continue acompanhado do seu fiel amigo Dog, que é, como quem diz, a verdadeira estrela deste episódio!

Find Me foi o mais introspetivo dos dois capítulos até agora exibidos. Nem todos serão tão slow paced, até porque o anterior teve cenas ritmadas e com certeza teremos alguns momentos de fazer para o coração, como voltou a ser costume na série. Se quiseres saber quem serão as estrelas do próximo episódio basta veres o trailer, mas digo já que tem alguns fatores para que não goste muito. Vê o trailer e diz o que esperas de One More nos comentários!

Beatriz Caetano

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