[Contém spoilers]
Poucas dúvidas havia, mas este episódio voltou a prová-lo: The Walking Dead ainda tem a sua magia. Home Sweet Home, mesmo que mais parado em certos momentos, trouxe uma nostalgia e um reavivar de sentimentos e memórias que já tinham ficado semi-enterrados no passado. Se as opiniões sobre Negan já estavam quase solidificadas, a presença de Maggie veio revolucionar tudo o que se tem vindo a pensar sobre o ex-vilão até agora.
Tal como Maggie, ninguém estava à espera que o primeiro contacto direto entre a antiga líder de Hilltop e o ex-psicopata fosse assim logo nos primeiros minutos do episódio e sem qualquer tipo de aviso. Ainda que tivesse imaginado uma cena mais efusiva, percebi o objetivo da produção ao proporcionar um momento assim: nós, os espectadores, tivemos a mesma reação que Maggie e conseguimo-nos colocar exatamente na sua perspetiva dos acontecimentos. Pelo menos eu senti que o meu coração saltou uma batida quando se ouviu a voz de Negan atrás da carroça. Além dos guionistas e realizadores pela concretização técnica, Lauren Cohan e Jeffrey Dean Morgan merecem os parabéns pela interpretação irrepreensível nesta cena. A troca de olhares deixou-me toda arrepiada e com pele de galinha (não estou a exagerar!) e foi essa uma das razões que me levaram a escrever a primeira frase desta review.
O há muito aguardado regresso de Maggie soube a pouco no episódio anterior, mas creio que a decisão de acrescentar seis episódios a esta temporada tem tudo para correr bem. Nota-se que poderão ser capítulos mais parados e explicativos, de forma a preencher as falhas que possam ter ficado por explorar, mas ao que tudo indica serão cruciais para encaixar todas as peças da história. Com estes 40 minutos focados na personagem de Lauren Cohan conseguimos responder a algumas questões que, calculo, têm flutuado na mente de muitos fãs: onde esteve Maggie este tempo todo, a fazer o quê, onde estava Hershel e será que ia ficar com os seus companheiros de sempre?
Confesso que já não me lembrava de todo quem era Georgie, mas depois de uma rápida pesquisa a memória avivou-se. Era aquela senhora que apareceu ainda nos primórdios das comunidades em Alexandria e Hilltop e que tinha conhecimentos sobre como reconstruir a humanidade do ponto de vista da agricultura, arquitetura, etc. Mais tarde, Maggie foi embora com ela e só agora sabemos o que fizeram nestes cinco anos. Ao que parece puseram mãos à obra e ajudaram outras comunidades a erguer-se, mas pelo seu relato foi sempre sol de pouca dura. TWD a provar mais uma vez que o verdadeiro inimigo são os humanos e não os zombies? Já tínhamos percebido.
Serão os Reapers mais uma comunidade inimiga a combater? É neste tipo de coisa que a série peca: opta sempre pelo mesmo caminho no que diz respeito ao mote para cada temporada. Sabemos que a Commonwealth vai ser abordada a determinado ponto, provavelmente ainda nestes episódios, portanto coloca-se a questão: porquê adicionar mais um inimigo? De acordo com o que li na internet, não há um grupo que se assemelhe aos Reapers na banda desenhada, mas Angela Kang, a showrunner de TWD, referiu que o Pope será importante mais à frente. Resta saber em que aspetos e relevância. Ainda assim, admito que a cena com aquele “mercenário” foi muito bem conseguida e acho que é a primeira vez que vemos um humano explodir-se com um granada na série. Só espero que Maggie ter sido “marcada” por Pope não signifique que algo lhe vá acontecer ou ao pequeno Hershel. Acho que a série perderia imenso se fizesse uma coisa dessas a uma personagem tão querida.
Por outro lado, acaba de me passar pela mente uma hipótese: e se o quase certo confronto entre Maggie e Pope resultar na morte de outra personagem, nomeadamente Negan? Com toda a honestidade, espero que não. Pegando no que referi no início, o reaparecimento de Maggie deixou a descoberto um turbilhão de emoções que, a bem ou a mal, tinha sido processado. Como não voltar a sentir uma certa repulsa por Negan depois de ver Hershel com o boné do pai? Saber que Hershel nunca vai conhecer Glenn, que cada vez que Maggie olha para ele se lembra do marido, que a criança eventualmente vai descobrir como morreu o pai? Não, não estou a chorar… Ainda assim, sabemos que o perdão de Negan tem sido merecido e não ia gostar de o ver morto.
Sem dúvida que um dos focos destes episódios extra será a dinâmica entre estas duas personagens e, ou muito me engano, ou Judith terá um papel fulcral na mudança de perspetiva de Maggie e Hershel. Calculo também que Daryl e Carol darão uma mãozinha na defesa de Negan (ainda que nada apague o que ele fez a Glenn e todos os outros). Por falar em Daryl, a aparição de Connie deve estar para breve. Mas será que vai voltar igual ao que era antes da derrocada? Tenho um feeling de que não e que talvez se deva ao tempo que possivelmente passou com Virgil.
Home Sweet Home trouxe assim um regresso agridoce de The Walking Dead, mas não no mau sentido. Memórias, emoções e sentimentos voltaram ao presente depois de terem estado enterrados durante algum tempo e será uma viagem não só para as personagens como para os fãs e espectadores também. Que venham os restantes cinco episódios.
Beatriz Caetano