[Contém spoilers]
Don’t Let Me Keep You vem preparar os fãs para o grande desfecho de This Is Us. Depois de sabermos como foi para todos os Pearson perder Jack, para Randall perder William e para Jack perder Marilyn… Imagina-se o que aí vem com Rebecca – o ciclo da vida que This Is Us retrata tão bem.
É verdade que as relações entre pessoas e, mais especificamente, as familiares, podem ser fáceis mas, a realidade é que muitas vezes acabam por ficar complexas pelas circunstâncias da vida. Esta série consegue sem dúvida dar atenção a essa complexidade e representar as diferentes formas de luto de uma maneira incrível. Este episódio é fundamental para fechar a história de Jack e para entendermos a personagem. Tanto ele como a mãe foram marcados terrivelmente pelo pai, marcas que foram para além de os afetar individualmente, para afetar a própria relação mãe e filho. Jack nunca conseguiu lidar com a situação, o que levou a que ele construísse uma vida paralela à da mãe e que acabasse por nem saber o que se passava na sua vida. Neste episódio conseguimos ver que enquanto Jack se esforçou imenso por ser um melhor pai e marido, também ele falhou enquanto filho. E sentimos a culpa dele. Mas também sentimos felicidade pois, de qualquer maneira, a mãe dele deu a volta à sua narrativa e acabou por ser feliz. Adicionalmente, no funeral Jack consegue perceber mais de perto o medo constante em que a sua mãe vivia de que o pai pudesse aparecer para estragar o momento. No fim, Jack percebe que o seu mecanismo foi semelhante ao da mãe e que nenhum dos dois conseguiria sobreviver sem sobressaltos de outra forma.
Gostei do episódio, mas há realmente coisas que foram um pouco ignoradas. Normalmente, This Is Us não costuma fazer destas. Então Jack liga ao pai, mas não liga nem fala de Nicky? E sabemos que Jack sabe que Nicky está vivo. Os Pearson têm um carro, como vai Rebecca ter com Jack? Dos dois detalhes, este seria o mais facilmente justificável. Ainda assim, gostava que a atenção aos pormenores estivesse lá como sempre esteve. Se o episódio lidou com uma situação bem complexa e o fez de forma sublime, não haveria mal em acrescentar a complexidade de Nicky, ainda por cima, depois de nos habituarmos e aprendermos a gostar da personagem. Quanto à questão dos carros, ainda não entendo como é que Rebecca não fez questão de o acompanhar desde o início. Percebo que nunca tenha perdido ninguém, mas não me parece que seja preciso perder alguém para saber o que se deve fazer.
Se cada luto foi diferente, este acontece pelos momentos que poderiam ter acontecido, mas não aconteceram por falta de vontade para (ou de saber como) unir os dois mundos. Acaba por ser a forma mais comum de luto que se vê pela ficção e traz sempre a mesma lição: pensar bem em quem queremos ter na nossa vida e como queremos viver essa vida em conjunto com essas pessoas. Lamechas, mas realista até certo ponto.
O primeiro episódio da 6.ª temporada estreia na FOX Life no dia 24 de fevereiro, pelas 23h10. Há novos episódios todas as quintas-feiras, no mesmo horário.
Ana Leandro