[Contém spoilers]
This Is Us regressou esta semana com Four Fathers, mas não deslumbrou. Nem todos os episódios podem ser emocionantes como o último, mas todos trazem algo de interessante e necessário. O terceiro episódio da última temporada aborda o que significa ser pai para os nossos protagonistas (Jack, Randall, Kevin e Toby).
De alguma forma, só Randall tem acesso a uma família dita “ideal”, onde tanto a mãe como o pai têm tempo para educar e ver as suas filhas crescer. Assim, os problemas de Randall e Beth vêm nesse sentido. São chamados a agir perante a mentira de Deja. Para mim, acabou por ser algo que não tem muito desenvolvimento, nem é muito interessante de se ver. Afinal de contas, eles já demonstraram o poder que têm enquanto pais várias vezes.
Já Toby e Kevin encontram-se em situações parecidas à de Jack, trabalham muito e perdem grande parte do dia a dia dos seus filhos, desde pequenas birras a maiores evoluções, pelo que se sentem culpados e com necessidade de os compensar pela ausência: ou com prendas ou com atividades diferentes e marcantes, de preferência. Obviamente, é interessante ver esta problemática retratada no ecrã, mas, em termos de gosto pessoal, não me encheu as medidas.
Primeiro, considero que é, sim, bom ver e normalizar como o patriarcado dos anos 80 acabou por afetar Jack e tantos outros pais. No entanto, para com os pais atuais não tenho tanto essa visão. No caso de Kevin e Toby acabaram por ser escolhas, sendo a de Toby a mais “egoísta” de todas. Num mundo ideal não deveríamos ter de escolher entre o desenvolvimento profissional pessoal e viver com os nossos filhos. Ainda assim, o protagonista teve de escolher e assim o fez. Tudo porque não poderia ser Kate a controlar as finanças de casa. E pergunto-me, e se fosse Toby a ficar com as crianças e Kate à distância? Pois, acho que o casal nem equacionou isso. A situação como está tem de ser colmatada de alguma forma, pelo que Toby, depois de falar com Kevin, decide que quer comprar um grelhador para reunir a família e amigos em jantaradas para que possam construir memórias juntos. Damos um saltinho ao futuro e sabemos não só que alguém se descuidou com a cabeça de Jack, como também foi isso que levou à separação de Toby e Kate – estamos cada vez mais perto!
Já Kevin é uma situação delicada e fora do convencional. Porque trabalha ele e Madison não? Porque tem sido ele a ceder em tudo? Todos os trabalhos que ele tem aceite são em prol dos seus filhos e não dele mesmo. E parece que mesmo assim não há retorno. Ainda assim, algo a retirar deste episódio é que, mesmo com as ausências de Jack, Kevin e mesmo os outros Pearson veem-no como um pai bastante presente e que fez tudo pela família.
Claro que temos a perspetiva das mães que, realmente, veem os grandes momentos dos miúdos, mas também acompanham birras e vómitos. Que perdem horas de sono a treinar os horários destas crianças, para depois os pais chegarem e quererem romper com os mesmos para se sentirem realizados e presentes, não sendo eles a adaptarem-se aos filhos, mas o contrário.
Por fim, Jack sempre quis ser diferente do seu pai, pois só recebeu carinho da mãe, e o episódio acaba com a morte da mesma, pelo que podemos esperar um próximo episódio mais focado no passado, em Jack e na sua mãe, o que suspeito trará muitas lágrimas, mas também permitirá dar mais atenção à personagem da mãe, visto que ficou sempre nas sombras do pai.
Na minha opinião, este acabou por ser um episódio lento e filler, para fazer um balanço entre episódios com grandes desenvolvimentos e grandes descargas de emoção.
O primeiro episódio da 6.ª temporada estreia na FOX Life no dia 24 de fevereiro, pelas 23h10. Há novos episódios todas as quintas-feiras, no mesmo horário.
Ana Leandro